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Críticas

Cineplayers

A xenofobia discutida em clichês.

5,0

É fato que a paranóia e a intolerância dos Estados Unidos aumentaram muito depois dos atentados ao World Trade Center e, com isso, a entrada de estrangeiros no país ficou cada vez mais complicada. Episódios de violência por parte da polícia de imigração ficaram conhecidos e pessoas sem motivo aparente foram proibidas de entrar em território estadunidense.

Essa é a premissa básica do filme Olhos Azuis, de José Joffily, que se inspirou em relatos de mal-sucedidas tentativas de migração para os Estados Unidos e no documentário Blue Eyed, de Bertram Verhaag, onde a terapeuta Jane Elliot cria um microcosmo de nossa sociedade e identifica instrumentos de dominação depois de incentivar a inversão de papéis.

Falado basicamente em inglês, com um elenco internacional e muitas imagens do sertão brasileiro, o longa-metragem narra uma jornada em busca de perdão. O personagem principal é Marshall, um oficial de imigração aposentado que tenta reverter o mal causado a um brasileiro que tentara voltar à sua casa.

Com boas intenções ao discutir a xenofobia, principalmente causada pela ignorância, e o peso da culpa, o filme não consegue ser maior do que todos os seus defeitos e vira uma experiência passageira e facilmente esquecível.

Deslizes como uma brasileira que fala inglês perfeito e desconhece palavras básicas, o médico do interior que nunca viu o paciente antes e, sem aparelhagem necessária, determina a gravidade de uma doença, e outros problemas chamam mais atenção do que deveriam.

Os clichês, presentes em todo o filme, não só determinam as personagens, tornando-as mais rasas do que poderiam ser, como antecipam acontecimentos, dando um inconfundível toque de enlatado estadunidense.

Por outro lado, o filme conta com a dedicação total do elenco, com destaque para a atuação de Irandhir Santos, como o discriminado Nonato, e a participação especial de Everaldo Pontes, em um dos momentos visuais mais bonitos.

Além disso, por sua dinâmica e pela reserva com os estadunidenses em questões de direitos humanos e afins, é facilmente assimilado pelo público e deve levar bastante gente às salas de exibição.

A questão é: isso não estimula o troco da discriminação, criando novos exemplos de generalização e estimulando uma prevenção?

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