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Críticas

Cineplayers

Seguindo uma cartilha antiga e simples, o filme diverte sem ofender a inteligência.

7,0

Na década de 80 foi uma era de produções que, sem muita pretensão, acabaram por seduzir seu público com ótimo entretenimento, tornando-se cultuadas até hoje. Quem não se lembra de Ferris Bueller e seu Curtindo a Vida Adoidado? Ou Gremlins, Quero Ser Grande, Os Goonies e tantas outras? Este é outro grande exemplar deste tipo de filme que, guardadas as devidas proporções, são mais lembrados hoje que filmes da época considerados “importantes”, como A Escolha de Sofia ou Entre Dois Amores – que por sinal envelheceram muito mal e não resistem a uma revisão atual.

Joel Schumacher na época estava começando – este foi apenas seu quarto trabalho, mas por incrível que pareça é um dos seus melhores. Depois ele foi naufragar em projetos alegóricos, como em Batman & Robin ou em projetos pretensiosamente sérios, como O Custo da Coragem, que acabaram por jogar sua credibilidade na lama. Mas Schumacher realizou aqui um excelente trabalho de direção, o que tornou o filme uma referência para o gênero daquela época, juntamente com o divertidíssimo A Hora do Espanto.

A ação se passa na cidade de Santa Carla – apresentada como a “capital mundial do crime” – o que já dá a idéia do que está por vir. Sam (Corey Haim, que tinha grande potencial e acabou sua carreira com as drogas) e Mike (o incrivelmente bonito Jason Patric) são dois adolescentes que acabam de se mudar para a cidade com a mãe recém-divorciada (Dianne Wiest). Logo Mike acaba se envolvendo com uma gangue de motoqueiros que acabam se revelando vampiros – liderados por David (Kiefer Sutherland), enquanto Sam acaba fazendo amigos que o alertam sobre a cidade estar dominada pelos seres da noite, autodenominando-se “guerreiros da verdade, justiça e do estilo de vida americano” – com certeza, a melhor tirada do filme, que inclusive revela uma outra faceta do roteiro: a crítica à sociedade moderna americana e seus jovens presos à marginalidade.

Inteligentemente, Schumacher aproveita o poder da sugestão ao criar o clima de suspense necessário à trama, com muita utilização de efeitos sonoros e criando metáforas visuais para conduzir sua história, como o ritual de vampirização de Mike, em que nada é mostrado explicitamente – ele apenas se joga de uma ponte férrea. O diretor consegue algumas ótimas sacadas visuais, como quando Sam, na banheira, olha perplexo para a porta – o seu cachorro tinha acabado de salvar sua vida impedindo o irmão de atacá-lo!

Obviamente o filme não deixa de ter suas falhas, a mais grave delas é a história de amor entre Mike e a vampira Star (Jami Gertz), que acaba não sendo desenvolvida e se torna irrelevante, mesmo sendo esta estória o estopim do conflito. Outra questão mal abordada pelo filme é o pouco aproveitamento da dupla Corey Feldman e Jamison Newlander (os irmãos Frog na trama), que poderiam render muito mais, inclusive explorando a paixão deles pelos quadrinhos – com certeza, uma das fontes de inspiração para o filme. E há a constatação que Dianne Wiest, mesmo adequada para o papel por causa do seu físico frágil, é atriz de uma personagem só – ela vem se repetindo em toda sua carreira, sendo filme de terror ou sendo filme de Woody Allen – pelo quais ela já, inclusive, ganhou dois Oscar de coadjuvante!

Mas nenhum desses problemas tira o grande mérito do filme que é divertir sem ofender. Se os filmes atuais seguissem essa cartilha básica e tão antiga, provavelmente não se tornariam grandes e enfadonhos desastres, como o recente Van Helsing - O Caçador de Monstros, que aborda basicamente o mesmo tema. E viva os anos 80!

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 26 de Novembro de 2013 - 16:56

Clássico incontestável. As seqüências são pavorosas, mas este é cult e divertido ao até dizer chega. Como pode alguém que dirigiu os fantásticos Um Dia De Fúria, Garotos Perdidos e Tempo De Matar e os muito bons 8mm, Por Um Fio e Linha Mortal, possa ter feito atrocidades como Batman Forever, Batman & Robin, Número 23, Reféns e O Fantasma Da Ópera? Schumacher deveria ser objeto de estudo....

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