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Críticas

Cineplayers

Smith volta a dirigir uma comédia de costumes e ajudado pelo carisma de Seth Rogen e Elisabeth Banks, conta a história de um amor embalado pela filmagem de um filme pornô.

6,0

Alguma polêmica em torno do titulo original, mais precisamente a respeito da palavra pornô presente nele, descaracteriza ou desmantela um pouco do espírito desse filme que pode muito bem ser rotulado como uma comédia romântica sobre um relacionamento que se torna real durante as filmagens de um filme adulto.

Em Pagando Bem, Que Mal Tem?, Kevin Smith é o responsável por direção e roteiro, e olhando rapidamente sua filmografia, parece que este éum dos poucos filmes autorais produzidos por ele depois da série O Balconista, que fez sua reputação internacional, assim como tornou conhecidos os já folclóricos personagens Silent Bob (interpretado pelo próprio diretor) e Jay (Jason Mewes).

Ao ver o protagonista Zack interpretado por Seth Rogen, é difícil não pensar em estarmos diante de mais um filme da trupe de Judd Apatow. E talvez Apatow tenha alguma coisa de Kevin Smith, mas isso é pura especulação. Voltando ao filme, vemos a dupla de amigos Zack e Miri (Elizabeth Banks) num momento ruim de suas vidas, dividindo uma casa caquética com pouco conforto. Amigos desde o colégio, os dois convivem há tempo suficiente para conhecerem bastante um ao outro, e alimentados por vidas sem muitas novidades, vivem uma relação sem muitas questões e problemas, além das contas atrasadas.

Ruminando a velha história dos fracassados que tinham apelidos pouco legais durante a escola, eles são convidados paras as comemorações da formatura da turma e precisam enfrentar os fantasmas da adolescência. E mesmo estando na pior, confirmam que pelo menos não tomaram o caminho comum da velhice e do casamento, quando descobrem que um colega assumiu sua homossexualidade e ainda por cima tornou-se um ator pornô de renome no meio.

Empolgado com a idéia, Zack tenta então convencer Miri sobre fazerem um filme pornô simplesmente pra pagar as dívidas e voltar a ter água e luz em casa, e esse mote fílmico pode ser menos bobo do que parece: sugerindo nas entrelinhas que fazer cinema pode ser algo menos glamuroso do que se costuma pensar, ao mesmo tempo que lúdico e divertido. Ainda que não se tenha as melhores condições técnicas, Zack e Miri partem nessa labuta de formigas para conseguirem seu objetivo.

Entre conseguir dinheiro, um produtor, atores e até um título, o casal vai mostrando de maneira despretensiosa quais os caminhos e descaminhos pra quem quer fazer um filme sobre qualquer tema, fora da indústria. Claro, um filme que tratasse apenas disso talvez fosse chato demais, então que a tensão sexual que quase não percebemos entre os amigos na primeira parte do filme se transforma num problema e na tônica em sua segunda parte quando os dois decidem manter a idéia original de atuarem juntos no tal filme pornô.

Além dos contratempos de ordem técnica e da já sabida falta de recursos, Zack e Miri ainda terão que lidar com o afloramento da paixão que eles reprimiam, e - sem querer ver apenas o lado bom das coisas - a historinha dos dois se descobrindo apaixonados é bem simpática e parece também desconectada da prática corrente de se colocar um casal de atores fisicamente bonitos para interpretarem pessoas comuns: eles podem ser facilmente reconhecíveis como gente que circula por aí todos os dias, e aqui vale ressaltar o bom trabalho de produção e figurino que soube explorar esse aspecto de objetos e roupas comuns para reforçar a idéia.

Mesmo com um final feliz nada surpreendente, é fácil se agradar ao ver Zack e Miri fazendo seu pornô, não só pelo carisma de Banks e Rogen, mas pelo elenco de apoio e até pela trilha sonora, que explora bem o uso de uma banda como Blondie, ainda que escorregando em alguns lugares comuns. Não espere nenhuma revolução cinematográfica e vá aberto a assistir uma história de amor menos melosa do que o convencional, mas ainda assim sendo uma história de amor.

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