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Críticas

Cineplayers

Mais um nome promissor da nova geração de horror posto à prova - e mais uma baixa.

2,0

Nada melhor que diretores novatos querendo aparecer. Mesmo que saia bobagem (como de costume), o entusiasmo e a vontade incensurável de enfiar as idéias colecionadas por anos, todas em um mesmo filme, fazem do cinema do iniciante um cinema por essência pessoal, e ainda que amarrado pelo choque de convenções que a pirralhada encontra quando pega pela primeira vez uma câmera na mão, sempre se encontra lá no fundo um resto da paixão e do romantismo cultivados de quando o diretor crescido era apenas um insignificante cinéfilo.

Adam Green é um jovem diretor americano que ganhou certa notoriedade em festivais de horror nos últimos anos a partir do divertido Terror no Pântano, um filme de quem curte filmes, de quem passou a vida querendo fazer seu próprio slasher oitentista depois de arrasar acervos de locadoras durante a adolescência. Mas Green é ambicioso. Ao invés de seguir pelo trash, deu meia-volta e foi de encontro ao suspense psicológico, do outro lado do espectro, com Círculo do Pânico.

Do primeiro ao segundo filme, detrás do aparente abismo que os separa, vão aparecendo mais claramente os fundamentos do cinema de Green, e por isso Pânico na Neve é tão importante. A simplicidade do argumento e da produção derruba máscaras e mostra o cinema do diretor em estado nuclear para que, enfim, possamos chegar a uma conclusão muito rápida: Adam Green não vai a lugar algum.

Primeiro, é a seriedade em oposição ao bom-humor deixado para trás em Terror no Pântano e que, como efeito da falta de mão firme, involuntariamente, termina sendo tão engraçado quanto. Emma Bell, em especial, é hilária mesmo nos momentos de pior degradação física e psicológica da sua personagem.

Green não demonstra muito talento para lidar com problemas que ele mesmo arranja para si, como sustentar um filme inteiro com os personagens presos num teleférico suspenso do chão. Rapidamente se esgotam as possibilidades de planos e enquadramentos e Pânico na Neve entra numa composição em círculo que se repete a cada 2 ou 3 minutos, um ciclo limitado e previsível, como dar dezenas de voltas num trem fantasma, decorando rapidamente cada truque, curva e movimento pelos trilhos. Não há muitas formas de se distinguir, por exemplo, que momento do filme pertence aos 75 ou aos 25 minutos.

É só um o assunto ideal para que o diretor possa mostrar o que, afinal, ele sabe fazer com uma câmera: o nada. Como Argento em Suspiria, obra-prima com um fiapo ridículo de trama. É sobre o vazio que o autor vai inventar e descobrir um ângulo completamente inusitado, um plano que fale por si, uma seqüência sem a muleta do conteúdo que precisa necessariamente de uma mente criativa e um olho sensível para funcionar.

Adam Green armou este cenário para si mesmo, apostou alto, e descobriu que apesar do entusiasmo e da pretensão em fazer filme de gente grande, não passa de um diretor normal como qualquer outro (o que não o impede de fazer bons filmes de vez em quando, como o próprio Terror no Pântano). Termina que Pânico na Neve é um nada como argumento somado, infelizmente, a um nada na sua forma.

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