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Críticas

Cineplayers

Uma animação sem as principais características que transformaram os outros filmes da Disney em clássicos.

4,0

É chato dizer isso, mas a Disney não é mais a mesma. Não é porque eu cresci e meu gosto está diferenciado não, já que adorei os recentes Caminho para El Dorado, Shrek e Fuga das Galinhas, exatamente da concorrência. O problema com a Disney é que ela precisa de uma renovação o mais urgente possível. Suas histórias estão chatas, com personagens sem carisma e nulos em termos de ser marcantes, os efeitos estão começando a serem usados em demasia e os resultados em bilheterias tem acusado que o buraco é muito mais embaixo. Não é que Planeta do Tesouro seja tão horrível assim, mas para um filme com um orçamento de mais de 100 milhões de dólares render apenas um pouco mais de 30 é porque alguma coisa está errada.

O filme até começa bem, com o jovem Jim Hawkings (dublado por Joseph Gordon-Levitt) fazendo diversas manobras arriscadas em sua prancha voadora por uma área proibida, até ser pego pelos policiais e ser levado de volta para a estalagem onde mora com sua mãe. Durante tais manobras o personagem consegue cativar o público, pois são cenas bem rápidas e que conseguem entreter a maioria, mas logo depois entramos em um mar de mesmice que já foi vista e revista por diversos filmes, só que agora em desenho. Quando um ET cai perto de sua casa com um mapa que aparentemente leva ao escondido Planeta do Tesouro, que parece ser a solução para todos os problemas financeiros de Jim e sua mãe, a aventura começa.

Só que ela é chata, apela para efeitos especiais (que nem estão tão bonitos assim) e há somente um musical durante todo o filme (aqui no Brasil bem dublado pela banda Jota Quest). Essa falta de musicais pesou no quesito de carisma dos personagens, já que até uma fera e um corcunda conseguiram virar heróis cantando. A música completa o sentimento, e aqui ficou um espaço bem vazio. Os personagens não são engraçados, marcantes então, estão a pelo menos uma galáxia de distância disso. A Disney fez todo um estrondo antes do lançamento do filme por causa do personagem Capitão Long Silver, dizendo ser o único personagem 5D da história. Ele realmente consegue se destacar um pouco dos demais, mas nem como vilão consegue deixar seu nome na história.

O Morph, um personagem que, como seu próprio nome diz, fica mudando de formas a toda hora, consegue divertir um pouco o público, mas não conseguiu levar sozinho o humor característico dos maiores sucessos da Disney (e, atualmente, da concorrência). O Doutor que embarcou na missão junto com Jim e a Capitã Amélia (dublada por Emma Thompson) então, dois personagens inexpressivos, chatos e que poderiam ser facilmente substituídos por outros na trama. O robô B.E.N. então entrou de gaiato na história, quase no final, e mesmo assim era completamente dispensável. Além de ser chato para caramba, numa tentativa dos criadores de inventarem outra figura engraçada para a aventura. Isso sem falar que a mãe de Jim some por todo o filme e reaparece no final, um desperdício com a personagem, que poderia ser uma imagem feminina forte na trama.

O que agrava ainda mais tudo isso é saber que os responsáveis por tudo são os já consagrados Ron Clements e John Musker, que criaram nada mais nada menos que Aladdin (um dos meus filmes preferidos da Disney) e A Pequena Sereia. “Planeta do Tesouro”, aliás, havia sido apresentado pela primeira vez aos executivos da empresa em 1985, o mesmo ano que saiu o longa da sereia. Uma curiosidade interessante sobre os dois diretores é que eles tem presença no filme! Quando Jim chega ao espaçoporto, há dois personagens carregando uma escada. São justamente as caricaturas dos diretores, que decidiram fazer uma pontinha no filme, mesmo que bem escondidos.

Para quem não sabe, a história de “Planeta do Tesouro” foi baseada em um livro de Robert Louis Stevenson chamado “A Ilha do Tesouro”. Stevenson, aliás, foi homenageado ao longo do filme, com um navio chamado R.L.S. Legacy, mas isso é apenas uma curiosidade à parte. O longa foi todo adaptado para um ambiente futurista para ser contado da maneira que os diretores queriam. O problema é que há pouco tempo a Disney já havia feito um filme sobre um garoto que buscava um reino perdido, e o assunto voltou a tona com este filme, isso sem contar o concorrente Caminho para El Dorado. Atlantis: O Reino Perdido é melhor, mas também não chega a ser bom, enquanto El Dorado é maravilhoso. Planeta do Tesouro cansa depois de um certo tempo, o ar de fascínio pelo mundo dá lugar a uma história chata, com poucas reviravoltas e bem previsível.

Se você achou que eu estava exagerando quando falei que a Disney precisa de uma renovação urgente, aqui vai uma prova de que não era besteira nenhuma: essa é a segunda vez que ela adapta o livro para as telas. A primeira foi com um filme homônimo lançado em 1950, sem ser animação. O que é isso? Acabou a imaginação do pessoal? Isso parece ser verdade quando vemos tantos filmes chatos (como Lilo & Stitch) ou indiferentes (como Atlantis) vindo da Disney. É, no mínimo, estranho.

Agora que eu percebi que falei muito mal do filme, as pessoas devem estar até assustadas. Para os fãs de desenho animado como eu, a melhor pedida é ficar realmente em casa e esperar que o filme saia em DVD para ser melhor aproveitado, mas para os pais mais casuais é um bom programa para se levar as crianças, claro, se você não ligar para o filme. Planeta do Tesouro não só decepciona, mas também faz pensar nos ares futuros do destino da Disney e se devo ou não gastar meu precioso dinheiro assistindo à próxima animação da empresa.

Comentários (1)

David Nascimento | sábado, 25 de Abril de 2015 - 17:12

Carisma os personagens até tem. Acho que faltou o aprofundamento da história deles. O Morph, por ex, é muito bom. Sem falar naquele robô engraçado que parece a mistura do c3po com jar jar binks.

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