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Planeta dos Macacos: O Confronto

(Dawn of the Planet of the Apes, 2014)
7,3
Média
382 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um grande exemplar da ficção-científica.

9,0

Filmes de ficção-científica têm o desafio natural de fazer o público embarcar em algo que possui elementos fora do cotidiano. Não é à toa que muitas vezes eles são envoltos em inúmeros efeitos especiais, novas técnicas apresentadas a cada ano, maquiagem elaborada, figurinos inventivos e afins. Um dos grandes problemas do gênero é exatamente a atenção exagerada a esses aspectos, em detrimento de uma boa história, um bom roteiro. Os melhores filmes do gênero conseguem combinar o universo criado onde as premissas são “compradas” pelo espectador com bom entretenimento, ou personagens bem construídos, algumas vezes com críticas sociais que servem pra nossa própria sociedade. Os clássicos do gênero combinam todos esses elementos, e por isso que desde já Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, 2014) deve entrar nessa categoria.
 
Continuação de Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes, 2011), e prequel de uma série que se iniciou em 1968, aqui continuamos acompanhando Caesar, o símio criado por Will Rodman (James Franco) no filme anterior, que se refugiou nas montanhas próximas a San Francisco em conjunto com um grupo de macacos inteligentes e onde vivem em sociedade, isolados dos homens. Já os humanos foram praticamente dizimados pelo vírus criado em laboratório no filme anterior, e os poucos que sobraram não estão muito bem, e nos 15 anos que se passaram desde então, seus suprimentos estão cada vez mais escassos. Um grupo de sobreviventes enfim se encontra com o grupo dos símios quando tentam alcançar uma barragem que pode lhes proporcionar energia novamente, mas para ter acesso a ela, eles precisam convencer Ceasar a confiar nos homens novamente e com isso evitar uma guerra.
 
Assim como no filme anterior, o grande destaque está exatamente no mundo animal. Caesar, Koba e sua sociedade são infinitamente mais interessantes que os humanos que permeiam a história. Aqui vale um adendo para falar no quanto os efeitos especiais são incríveis, a evolução em poucos anos na qualidade dos macacos, em número muito maior, e com muito mais tempo de tela do que em A Origem, é impressionante. E embora o trabalho dos atores que permitem a captação dos movimentos seja incrível, que seja dado o devido valor também aos criadores dos efeitos. É muito difícil em um filme como esse especificar onde termina a genialidade de um artista e começa a do outro, por isso nem entro no mérito de se Andy Serkis merece um Oscar ou não... Mas posso dizer que o trabalho em grupo criou um dos melhores personagens de filmes de ficção-científica de todos os tempos, então espero que todos comemorem e fiquem satisfeitos com isso. Um dos grandes méritos do filme, aliás, é saber onde apostar suas fichas. Seja no roteiro, ou nos efeitos. Mesmo as explosões, e cenas de ações costumeiras, que aqui também recheiam o filme (as vezes até desnecessariamente) são bem menos impressionantes do que momentos mais intimistas.
 
Mas verdade seja dita, embora personagens humanos sejam menos interessantes, James Franco e seu pai John Lithgold no filme anterior, buscando a cura pro Alzheimer, e mesmo Jason Clarke e Keri Russell neste, divididos entre o que resta da humanidade e a sociedade dos macacos, tentando evitar a eminente guerra, já são muito superiores ao personagem de Charlton Heston em 68. E o troféu Personagem Desnecessário, que pertencia a Freida Pinto no filme anterior, nessa vai para Gary Oldman. Embora o roteiro já tenha questões interessantes o suficiente, e reviravoltas, e personagens bem trabalhados, há uma necessidade quase infantil dos roteiristas em colocar seu personagem, uma espécie de antagonista ao Ceaser do lado dos homens. Todas as suas cenas poderiam ser substituídas com Malcolm, personagem de Jason Clarke, como o líder dos humanos, e seu dilema entre salvá-los em detrimentos dos “apes” como a força motivadora da história seria muito mais forte. Goldman é um bom ator, mas seu personagem só enfraquece a história. Seus momentos em cena são o que tornam o filme mais próximo de um blockbuster, uma espécie de homogeneização. É mais fácil ter alguém pra odiar em ambos os lados.
 
Durante o verão americano, muito se é dito sobre a qualidade dos filmes, sobre a idiotização do público, pelo excesso de franquias, falta de material original... mas a verdade é que nas mãos de diretores inteligentes, essa armadilha pode ser evitada. É o caso de Bryan Singer com os X-Men, J. J. Abrams com Star Trek, Nolan com os filmes do Batman e agora Matt Reeves com o Planeta dos Macacos. Séries ruins só existem com diretores preguiçosos, vide o que Tim Burton fez com os símios em 2001. E tudo começa quando os efeitos estão ali para ajudar a contar uma história, e o roteiro não é uma desculpa para despejar CGI. Nas mãos certas, talvez até Transformers pudesse ser bom.

Comentários (9)

Luiz F. Vila Nova | quinta-feira, 31 de Julho de 2014 - 11:03

Embora não concorde com a parte que se refere a Burton, uma crítica consciente e eficaz, que aponta as qualidades de defeitos da produção da forma mais justa possível.

Carol L. | sexta-feira, 01 de Agosto de 2014 - 15:20

Tem vezes que os críticos implicam com um certo filme desnecessariamente, vide Nine, outras vezes endeusam um filme ruim sem ele ter esse cacife todo. Planeta dos Macacos o Confronto certamente pertence à segunda categoria. Juro que não consigo entender a aprovaçao da maioria dos críticos.

Renato Coelho | terça-feira, 30 de Dezembro de 2014 - 21:02

O filme do Tim Burton é muito bom por sinal.

Victor Henrique Schmidt Timm | sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2015 - 11:00

"A origem" é um baita filme. Criou uma baita expectativa sobre este aqui, mas me decepcionei. Bastante fraco.

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