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Críticas

Cineplayers

Mesmo que não tenha sido prevista uma trilogia, o terceiro filme da franquia chega aos cinemas.

4,0

Vamos ser francos: uma pessoa que vai ao cinema assistir à segunda seqüência do relativo sucesso Premonição está esperando o quê? Mortes, engenhosas mortes, nada de diálogos inspirados, atores competentes ou direção inteligente, certo? Se a resposta for sim, esta pessoa tem grandes chances de se divertir, mesmo que as mortes sejam mais atamancadas que as dos dois primeiros. Agora, se a resposta for negativa, é bom passar bem, mas bem longe desse filme.

Se no primeiro filme o estopim da trama era um acidente de avião e, no segundo, um acidente rodoviário, neste é uma montanha-russa que desencadeia a ação. Sem Devon Sawa e Ali Larter, devidamente exterminados pela Dona Morte nos anteriores, é a desconhecida Mary Elizabeth Winstead quem vai confrontá-la dessa vez. Seguindo novamente o esquema narrativo dos anteriores, ela tem a premonição, salva alguns amigos, para depois ocorrer o acidente. Mas como todo mundo sabe, Dona Morte nunca é ludibriada e vai atrás dos sobreviventes.

O que mais impressiona nessa franquia é que a cada exemplar as mortes vão ficando gradativamente mais explícitas e chocantes. Portanto, espere tripas expostas, corpos mutilados e sangue, muito sangue. Afinal, não é importante quem, e sim como determinado personagem vai morrer. Infelizmente, o maquinismo que tanto funcionava nos anteriores aqui é meio capenga. O roteiro até tenta disfarçar isso instigando o espectador a tirar conclusões errôneas, como sugerir que um personagem vá morrer, quando na verdade algum outro próximo é quem bate as botas. Mas fica bastante claro que as idéias não foram tão férteis dessa vez.

Por isso mesmo algumas cenas soam mais cômicas que assustadoras. Uma destas, envolvendo cabines de bronzeamento (não estou contando nada de mais, afinal logo no início desta já se adivinha o desfecho), parece saída diretamente de um filme trash qualquer. Ao som de uma música cuja tradução seria ‘Montanha-Russa do Amor’, patricinhas nuas e siliconadas são fritadas literalmente.

Para uma pessoa com um mínimo de intelecto, o mais difícil de agüentar – tirando as mortes, claro, para quem tem estômago fraco - é ouvir as verdadeiras pérolas que os personagens vão soltando ao longo da projeção. Ainda no início a personagem principal solta um ‘É frio e assustador’ sobre seus pressentimentos (claro que emoldurado por ventos estranhos, folhas voando e velas se apagando), culminando com um ‘Eu não morrerei!’ proferido por um personagem que é limado logo depois. O ator que o interpreta, um tal de Texas Battle (!), não seria aceito nem no elenco de ‘Malhação’, definitivamente. Mas nenhuma frase supera o que um dos protagonistas diz ao se dar conta da situação: ‘É bom fazer algo pelos amigos’.

Tentando trapacear os espectadores assim como os personagens em relação a morte, o roteiro escrito por Glen Morgan (do bizarro A Vingança de Willard) e pelo criador da série James Wong (que dirigiu este e o primeiro da série) não se furta de soltar informações desencontradas – aliás, nada mais sem nexo que a (falta de) lógica no encadeamento das mortes. Sem nexo também a relação dessas com as tais fotos digitais que a protagonista descobre ser uma espécie de pista sobre como os fatos se sucederão, ou os letreiros do parque formando avisos.

Esse filme, na verdade, não forma um conjunto homogêneo com os anteriores. Duvido muito que a intenção original dos criadores fosse criar uma trilogia (ou mais continuações, mesmo que esse não deixe ganchos para um posterior), até porque ninguém esperava que o primeiro fosse fazer algum sucesso. Mesmo assim, um dos personagens faz a conexão com os anteriores, que se tornou uma saída para os roteiristas deixarem a par os protagonistas do que está para acontecer – mesmo que os espectadores já saibam disso.

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