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Críticas

Cineplayers

Documentário mostra um dos horrores da Guerra do Iraque.

7,0

Cada vez mais a comédia de erros chamada Guerra do Iraque vai sendo destrinchada, criando ainda mais arranhões na imagem do grande império dos Estados Unidos da América, a terra da liberdade e da democracia, e na de seu grande comandante, senhor George Bush filho que, para felicidade geral das misses, está deixando finalmente o poder. O mundo também agradece.

Em Procedimento Operacional Padrão, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Berlim este ano, o documentarista Errol Morris – também premiadíssimo em seu documentário anterior, Sob a Névoa da Guerra – reacende um dos casos mais chocantes do conflito, o abuso de prisioneiros iraquianos por parte dos soldados ianques na prisão de Abu Ghraib, registrados em fotografias. O episódio ganhou as manchetes do mundo todo quando as imagens vazaram, apresentando pela enésima vez o quão vil e sádico pode ser a espécie humana.

Através de depoimentos dos próprios envolvidos, da leitura de cartas e de uma dispensável ficcionalização dos fatos – além da apresentação das próprias fotografias e de um par de gravações em vídeo -, Morris não busca apontar o dedo para os condenados – o mais perverso dos soldados ganhou pena de dez anos de jaula; infelizmente o exército não o permitiu dar depoimento -, mas colocar em xeque o que é ou não moralmente aceitável em uma guerra.

Pirâmide de corpos nus, homens encoleirados e molestados sexualmente e outra aberrações mais foram utilizadas com o propósito da diversão daqueles entediados jovens de 20 e poucos anos. Jovens estes que alguns anos depois aparecem em frente às câmeras de Morris tentando de alguma forma se justificar ou explicar o inexplicável. E se não bastasse o horror dos próprios fatos, um outro choque toma conta do expectador, que se pergunta quem são estes imbecis que aparecem na tela, sem qualquer tipo de argumento de defesa. Uma das paspalhas chega a dizer que fez tudo por amor! E quando os estadunidenses são chamados de “povo branco idiota” – salve, salve Michael Moore! – eles ficam indignados. E ainda tem gente que acha que Barack Obama vai fazer milagre.

E sem que o filme aborde isso, a gente tem de se perguntar qual o real papel da Organização das Nações Unidas. E da Declaração dos Direitos Universais. Não precisa ser não-americano para chegar a uma conclusão ululante, certo?

E uma frase proferida por um dos entrevistados de Morris, sobre as formas de interrogatório utilizadas em Abu Ghraib, ilustram perfeitamente o que se sucedeu no Iraque: “Ninguém conseguiu algo realmente inteligente por lá”.

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