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Críticas

Cineplayers

Um filme horripilante, que não acerta em nada que faz e ainda por cima é vendido como grande filme.

2,0

Quando Brad Bird, diretor de Os Incríveis, foi questionado sobre a semelhança entre os poderes de seus personagens com os de O Quarteto Fantástico, da Marvel, sua resposta foi curta e grossa: "esperem o filme deles saírem e me digam qual é o melhor". Bom, mesmo que isso não seja uma desculpa para plágio, o tempo passou e todos os temores, infelizmente, se concretizaram. O Quarteto Fantástico não é apenas uma bomba, mas também um dos piores filmes de heróis de todos os tempos. Um produto fraco, sem consistência, com inúmeros problemas em todas as áreas, que é desesperadamente vendido como um dos grandes filmes de verão pela 20th Century Fox.

É fácil entender o porquê de, financeiramente, o filme ir bem. O público está cada vez menos exigente, e uma fórmula básica parece ter sido encontrada pelos produtores para agradar em cheio esse tipo de público. O primeiro ponto é a comédia, que faz as pessoas rirem com situações teoricamente cotidianas dos personagens. Imagine o Coisa tentando evitar que um suicida pule de uma ponte, o Homem Tocha participando de uma corrida no gelo, a Mulher Invisível sendo reconhecida na rua... Enfim, tudo é muito estranho, piorado ainda mais pelos imbecis diálogos da produção.

Fica difícil de acreditar que, por anos e mais anos, esse projeto buscava o roteiro ideal para ser rodado, já que a história e situações deste O Quarteto Fantástico são simplesmente as mais absurdas e desinteressantes possíveis, respectivamente. O que dizer, por exemplo, da premissa inicial? Reed Richards (Ioan Gruffudd) é um cientista que sempre teve sua mente a frente de seu tempo, buscando projetos ousados junto de seu fiel companheiro, Ben Grimm (Michael Chiklis, que mais tarde se tornaria O Coisa). Falido, Reeds busca o financiamento para sua nova pesquisa de Victor Von Doom (Julian McMahon), um importante empresário que tem um caso de amor com Susan Storm (Jessica Alba), ex de Reed.

O projeto consta no estudo do DNA humano, já que Reeds acredita que uma tempestade espacial seja a resposta para muitas das inúmeras perguntas da humanidade. Porém, ela chega mais cedo e acaba afetando o código genético de todos os presentes na nave espacial, concedendo-lhes super poderes. Para completar a novela mexicana, deixando-a com a cara mais polida para um filme americano, há o babaca que acha tudo "cool" e "radical", Johnny Storm (Chris Evans), expulso da NASA por causa de seu mau comportamento.

O mais incrível é que tenham aprovado um roteiro com tantas falhas, furos, explicações insatisfatórias... Por exemplo: Reeds, buscando a cura da nova aparência de seu amigo (O Coisa, que quer voltar ao normal), resolve construir uma máquina capaz de recriar tal tempestade em laboratório. Bom, paremos para pensar: se ele sabia o que havia na tempestade, por que não a recriou antes? Que base ele tinha para recriá-la no laboratório? Como ele sabia de que ela era composta? E o pior, por que se arriscar no espaço se ele sabia como fazê-la? Por que o Coisa precisava de mais energia para reverter seu estado, mas para voltar a ser o Coisa ele conseguiu sozinho? E o pior, por que se manter como o Coisa no final do filme se agora ele poderia voltar ao normal quando quisesse?

Mas os absurdos não param por aí. Não sei se na HQ é assim, mas a desculpa para o Dr. Doom estar dentro da nave do acidente foi absolutamente ridícula. Absurdo também que não houvesse uma equipe maior a bordo. Que roteiro é esse que apresenta uma personagem, a 'futura esposa' de Johnny, e depois simplesmente a ignora por toda a produção? Que roteiro é esse que, do nada, faz aparecer a ex esposa do Coisa, só para poder fazer uma cena sentimental com a aliança? Outro exemplo de absurdo: na seqüência da ponte, todos pedem para que Susan fique invisível para passar pelos guardas. Ok, é isso que ela faz e passa. Porém, logo na tomada seguinte, ela está com os outros dois personagens além da linha dos guardas e um deles solta a pérola: "Bom trabalho". Ué, ela passou, tudo bem, mas e os outros dois? Lembrando que eles não foram vistos... Não vou me concentrar nesses problemas de roteiro porque senão esta análise não terá mais fim.

Sobre os atores, parece que tentaram juntar os rostos mais bonitos dos testes, depois que os nomes importantes da produção pularam fora. Ioan como o Sr. Fantástico é um dos piores protagonistas de todos os tempos, um verdadeiro bundão que só usa seus poderes de maneira eficiente umas duas vezes ao longo de toda a produção. Jessica Alba é linda, é verdade, mas seus dotes físicos nada podem contra as imbecilidades que a rodeiam. O máximo que ela faz é estimular os jovens a irem pro banheiro, mas até nisso Sin City - A Cidade do Pecado faz melhor. Chris Evan faz o papel do babaca, muito bem, porque o seu personagem parece até um símbolo da geração que o rodeia - fica por vocês considerar isto um elogio ou não.

Michael Chiklis é um dos poucos que se salvam, como O Coisa, pois seu personagem convence tanto no estado normal quanto a linda maquiagem que o altera por completo. Ela é convincente e não impede os recursos que Chiklis tem para criar suas expressões. E aí que voltamos ao fundo do poço ao falar sobre Julie McMahon, que parece mais garoto propaganda de siderúrgica do que vilão macabro que ameaça o mundo, fora seu plágio descarado de Homem-Aranha.

Já que está tudo errado, as cenas de ação poderiam sustentar toda a emoção do filme, correto? Sim, correto, porém não é isso que elas fazem. Confusas, mal dirigidas pelo quase estreante e sem talento Tim Story, mal aproveitam os poderes e recursos que seus personagens oferecem - algo que o próprio Os Incríveis faz de maneira muito mais eficiente. Os efeitos não são tão ruins assim, pois não deixam que seus personagens se destaquem dos cenários, mas não trazem nada de novo também.

Depois de subestimar tanto a inteligência do público, pare e pense sobre tudo. Você verá que o filme é muito menos do que aparenta ser. À primeira vista, pode parecer divertido, mas os erros são imperdoáveis. Será que O Quarteto Fantástico merece mesmo toda essa publicidade ou isso tudo é só para tentar fazer o filme melhor? Figurinhas, bonecos e demais apetrechos não fazem um bom filme. Antes era o contrário, elas vinham quando um filme era bom. Agora eles tentam melhorar as bombas que são lançadas ao montes por aí com esses extras. Infelizmente, as coisas se inverteram.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 04 de Dezembro de 2013 - 17:59

O Quarteto Fantástico já é intragável como HQ, no cinema então.....

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