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Críticas

Cineplayers

Terror que foge ao convencionalismo do gênero possui sustos aos montes e estética inteligente.

7,0

(Cobertura do Festival do Rio 2008)

A experiência proposta por um filme de terror convencionalmente se mantém a mesma: um roteiro descerebrado que conduz personagens pouco desenvolvidos através de um fiasco de trama, que cria um problema a não se resolver até o final da película, deixando arestas para possíveis seqüências, ou que se resolve, de forma a deixar os espectadores com a leveza habitual requerida pelos mesmos através do desejado final feliz. Não que isso impossibilite novas seqüências... Tudo depende da rentabilidade do projeto.

REC, juntamente com poucas produções do cinema do gênero (e porque não, do filme de gênero), foge a regra sugerida acima em diversos aspectos. Os personagens são personas plausíveis, a trama é simples, porém coesa, e o final é condizente com o todo. Se arriscando além da proposta do filme de terror, o roteiro escrito a seis mãos adentra um território perigoso ao empregar outros dois elementos em sua narrativa: a câmera na mão durante todo o projeto, ao estilo documental (vide A Bruxa de Blair, ao qual REC é constantemente comparado, e o recente Cloverfield - Monstro) e um subgênero que tem como mestre George A. Romero.
 
Angela Vidal é repórter do programa “Enquanto você dorme” (sabiamente um personagem a questiona, em um dos únicos momentos cômicos do filme: “Mas então, ninguém vê?”) e, junto com seu cameraman, irá passar a noite em um grupamento de bombeiros para mostrar suas rotina. Após uma chamada que acusa uma senhora de gritar histericamente, Angela e seu câmera vão com dois bombeiros até o prédio indicado, onde posteriormente transcorrerá toda a ação da película.
 
Ganhando espectadores por sua interessante campanha publicitária, com um vídeo que mostrava apenas a reação da platéia ao assistir o filme, com o slogan instigador “Experimenta el miedo”, e através do boca-a-boca, REC é um projeto muito interessante. Sua direção é inteligente e ágil, criando dependente de uma única câmera uma sucessão de seqüências bem elaboradas e intensas, apoiadas a um elenco de primeira escala.
 
Outro ponto positivo de REC é sua edição de som excepcional, colaborando em demasia para o sucesso da película. Se seu roteiro peca em alguns momentos, também por não explorar um pouco mais o que propõe ao final da projeção, isso pouco atrapalha a intenção do filme. E por falar em seu final, é difícil se conter com tamanha impressão que o mesmo transmite em uma seqüência estarrecedora.
 
No geral, REC é um dos únicos filmes que posso classificar como perturbador. Por mais que a mão teime em tapar parcialmente o rosto, os olhos não conseguem ficar alheios à tela nem por um fragmento de segundo. Provavelmente isso mude com a seqüência americana, que logo será lançada sobre o título Quarentena. Claro, REC, como título, pede um mínimo de interpretação e, como filme, atenção nas legendas... Fato que a indústria cinematográfica americana, assim como grande parcela de seu público, simplesmente abomina.

Comentários (1)

Matheus Duarte | quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014 - 16:01

Filme incrível. [2]

Um dos filmes de terror que mais me deixaram com medo.

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