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Críticas

Cineplayers

E Joel Schumacher alcança, novamente, o fundo do poço.

3,0

Sejamos realistas: é  impossível esperar originalidade de cada filme lançado no circuito cinematográfico; mais difícil ainda é aguardar esse atributo de uma obra de Joel Schumacher. Primeiro, porque trabalhos originais não surgem com tanta facilidade no mercado, seja pelo comodismo do público em relação ao que há de mais habitual ou pelo “bloqueio criativo” de alguns diretores e roteiristas em seus projetos; segundo, porque, vindo de uma longa carreira de mais baixos que altos - que não necessita de uma retrospectiva para ser lembrada -, Schumacher é o tipo de cineasta que se preocupa com qualquer coisa, menos em ser original. No caso de Reféns (Trespass, 2011), a pretensão da vez é construir um thriller claustrofóbico, filmado quase que inteiramente no interior de uma mansão, com reviravoltas e alto grau de tensão. Contudo, como não foge à regra de quase toda a filmografia de seu diretor, deu errado.

A todo instante, o que parece é que Schumacher tem plena consciência das falhas que comete, e, mais adentro, do equívoco que é seu próprio filme. Com isso, ele apela a todo instante para, digamos assim, “momentos extremos”, em que a situação parece que vai despencar sobre os protagonistas (no caso aqui, sobre uma família completamente estereotipada, e sem qualquer conflito dramático profundo), quando na verdade é apenas um alarme falso para construir tensão. O problema nisso tudo está na inaptidão do diretor em confeccionar uma atmosfera apreensiva, dependendo exclusivamente desse joguinho medíocre de “vai-não-vai” para estabelecer o mínimo de caos psicológico. Entretanto, aqui todos colaboram para transformar aquele episódio de horror num fiasco sem proporções; das atuações inexpressivas (Nicolas Cage está ordinário novamente; e Nicole Kidman surpreende com sua canastrice) ao roteiro precário, parece haver um consenso para arruinar qualquer qualidade presente na trama. E se foi esse o objetivo, alcançaram.

O principal equívoco de Reféns está em suas escolhas. São elas que catalisam o desmoronamento da narrativa, pois as alternativas às quais Schumacher e o roteirista estreante Karl Gajdusek recorrem denunciam uma gravíssima e comprometedora falta de tato. Entre as más opções está, especialmente, as reviravoltas da trama, dignas de uma novela televisiva (envolvendo desde possíveis traições, amores doentios, a outros tantos), que, além de claramente despropositadas, utilizam o perigoso artifício do flashback. Quando bem executado, ele somente enriquece a narrativa, no entanto, o diretor o adiciona naquele meio de maneira arbitrária e até mesmo pueril, em tentativas obviamente frustradas de tapar o sol com a peneira. O que ele não percebe é que, entre outras coisas, o filme em si é um grande rombo; um buraco formado por um elenco sem qualquer inspiração (dos atores protagonistas aos coadjuvantes), um roteiro desengonçado e uma direção trôpega.

O fato é que toda essa brincadeira de verdades e mentiras construída pelo diretor logo cansa, à medida que o menosprezo pelos elementos mais promissores vai ficando ainda mais evidente. Em maior exemplo disso, o próprio enredo que, mesmo corriqueiro e propenso a clichês, já resultou grandes filmes dentro de seu subgênero. Dessa vez, porém, a paz de uma família que é destruída por um grupo de bandidos motivados a assaltar sua residência serve somente como uma lona para esse circo ministrado por Joel Schumacher, que afunda ainda mais no abismo de mediocridade que montou para sua própria carreira. Não há muito mais o que comentar, exceto, novamente, a constatação de que é Reféns é mais outro erro, afinal de contas. Muito embora, devido às inúmeras falhas cometidas pelo cineasta em questão, creio que todos já esperavam por isso.

Comentários (13)

Rodrigo Barbosa | terça-feira, 15 de Novembro de 2011 - 09:39

O que mais me impressionou nesse aqui foi como até a Nicole Kidman conseguiu ser contagiada com a "ruindade" do roteiro, da direção e do Cage e conseguiu realizar um dos piores trabalhos de sua vida! E aliás, Cage ... Vai ser ruim lá na terra do teu pai, vai!

Victor Ramos | quarta-feira, 16 de Novembro de 2011 - 02:17

Cage parece que pisou em rastro de corno... só pode...

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