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Críticas

Cineplayers

Saiba o que achamos sobre as entrevistas reunidas no DVD lançado pela MTV.

8,0

A MTV decidiu reunir três das maiores entrevistas de Renato Russo, já mito quando realizadas, em um DVD e lançar quando completaram-se dez anos da morte do cantor / pensador (em 2006). Claro que todos os fãs (e que não são poucos) vão comprar, mas a pergunta que não quer calar é: vale a pena, não sendo fanático por Legião Urbana e Renato Russo, investir em Renato Russo Entrevistas MTV? A resposta é sim, principalmente se você for fã de música. É impressionante ver como Renato Russo conhecia sobre música, das mais undergrounds (fanático mesmo, de comprar vinis e CD's de bandas que provavelmente nunca ouviríamos falar) às mais pops.

Em Passado, Presente e Futuro, entrevista realizada em Maio de 94, no apartamento (mais precisamente no quarto) de Renato, fazemos uma viagem no tempo desde quando ele começou no Aborto Elétrico, em Brasília, até um pouco depois de Músicas Para Acampamentos, passando por toda a construção da Legião Urbana, todas as influências, toda a cultura musical, até como lidar com a fama e como o dinheiro influencia a vida dos artistas. É a entrevista mais longa e, para os fãs, será a melhor experiência que o DVD poderá oferecer.

Já em MTV no Ar, gravado em 30 de Março de 94, vemos um Renato menos nostálgico, às vésperas de lançar seu primeiro CD solo, uma coletânea de músicas famosas internacionais paralelo ao trabalho com a Legião Urbana. Só que o CD serve, na verdade, como pano de fundo para uma conversa sobre homossexualidade (fala sobre um último namorado que teve), direitos humanos e a falta de punho dos políticos sobre tais questões.

A Entrevista, gravado em 26 de Março de 93, novamente no apartamento de Renato (dessa vez na sala e com Zeca Camargo), encontramos um Renato mais desleixado, ainda com problemas com bebidas (nas entrevistas anteriores ele estava "limpo", como o próprio se definiu; inclusive parecia ainda meio sobre efeito de álcool, já que havia dado uma festa com amigos que durou até pouco antes de Zeca Camargo chegar), enfim, um Renato mais íntimo e indefeso, falando abertamente de amor e amizade. Vale como curiosidade, nível de revista de fofocas (Zeca Camargo deixou Renato falar e a conversa andou para lados menos "importantes").

O DVD tem algumas preciosidades, como por exemplo Renato Russo comentar sobre como sua arte é capitalista (quando todos achavam que ele era socialista), explicar algumas de suas canções (algo que ele não gosta de fazer, mas é interessante de se ver Pais e Filhos, por exemplo, sendo visto por olhos pessimistas, como uma música sobre suicídio ao invés de amor), contando detalhes da Legião Urbana, ver Renato falando que Kurt Cobain não iria durar muito (antes de sua morte), mas também temos alguns momentos desinteressantes, principalmente nas duas entrevistas menores (que, no DVD, são consideradas como "extras", mas é óbvio que não são, uma vez que a própria sinopse do longa traz "3 entrevistas" como o esqueleto do DVD), por deixarem a arte um pouco de lado e entrarem mais no lado frágil de Renato.

Há um problema de organização, de fato, talvez porque as entrevistas estão todas na íntegra, mas como elas estão fora de ordem cronológica (para criar uma linha de raciocínio), deveria haver uma identificação de datas e tal, porque Renato chega a se contradizer entre uma entrevista e outra (principalmente sobre álcool). É estranho vermos ele falando que está bem por não beber mais em uma entrevista e, logo depois, o vermos falando que tem estado muito embriagado. Inclusive, as datas que coloquei mais acima, são encontradas nos créditos dos DVDs apenas (espero até que elas sirvam para o leitor que procure tais informações).

Para aqueles que curtem Renato Russo (e para os preguiçosos que têm preguiça de ler sobre), é uma reunião de curiosidades e cheia de momentos interessantes. Para aqueles que curtem música, é bom ver que Renato e Legião Urbana entendiam do assunto e o modo como eles tratavam / eram tratados pela indústria. Para quem não curte Legião, o bom é ficar longe mesmo, pois pelas palavras do próprio Renato, "ninguém é obrigado a comprar um CD se não quiser ouvir uma música". E nem comprar o DVD.

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