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Críticas

Cineplayers

Os cães são as grandes estrelas dessa aventura lotada de emoção e pequenas grandes cenas.

7,0

O mesmo diretor de Vivos, aventura dramática sobre a história real dos sobreviventes dos Andes, retorna à direção para trazer mais um filme cheio de emoção e superação. Dessa vez, porém, não são os humanos o ponto central da teia dramática, e sim oito cães da neve. O que poderia ser mais uma história bobinha sobre animais da Disney (alguém se lembra do recente Neve pra Cachorro, com Cuba Gooding Jr.? Pois é...) acabou por se tornar mais um conto forte (novamente baseado em fatos reais) e emocionante, como poucos filmes recentes conseguiram ser.

O filme se passa 90% em cenários brancos, e o drama começa quando um grupo de oito cães deve ser deixado para trás na evacuação de uma base para cientistas na Antártica antes da chegada de uma grande tempestade de neve. O grande amigo dos animais é Jerry (Paul Walker em um papel que pode lhe trazer pelo menos algum respeito como ator), que teve sua vida salva pelos cães logo antes de ver-se obrigado a abandoná-los. Agora em segurança, a agonia passa a tomar conta dele quando não consegue financiamento para retornar e buscar os cães, que ficaram por conta própria em um ambiente totalmente inóspito e sob condições climáticas horríveis.

Enquanto isso o tempo passa. Dias, semanas e meses. Para a equipe da Antártica, os cães são dados como mortos. Mas o espectador sabe que não é bem assim. Acompanhamos o drama de Jerry ao mesmo tempo que vemos como os animais conseguem se virar sozinhos, aprendendo a viverem por si mesmos. Embora o filme seja um pouquinho maior do que o que seria o adequado, com o propósito de se criar suspense para o reencontro de Jerry e dos cães, o tempo é bem utilizado. Como são muitas as cenas dos cães sozinhos no gelo, o filme adquire ares de documentário em muitos momentos, o que é, no mínimo, algo interessante.

Por ser um filme da Disney, temi em muitos momentos que a aventura adquirisse ares inocentes demais. Em determinada cena, pensei que os animais começariam a falar entre si. Há sim algumas cenas exageradas, pois o roteiro coloca algumas situações desafiadoras aos animais: a sobrevivência deles não é em momento algum um ato simples. Algumas perdas acontecerão no meio do caminho, e pode ter certeza: os animais têm carisma o suficiente para fazer os espectadores se emocionarem quando isso acontecer. Há até um certo grau de violência que surpreende por ser um filme voltado também às crianças, mostrando como a natureza pode ser cruel.

Outro ponto positivo é o visual: com cenas deslumbrantes de gelo, Resgate Abaixo de Zero (nome que não faz jus ao filme, fazendo ele ser diminuído ao nível de uma comédia boba) tem momentos de tirar o fôlego. Assustador é pensar que tal beleza pode ser tão perigosa, como é bem destacado pelo filme: um passo em falso e a vida pode se esvair sob a água congelante. Frank Marshall acertou ao conseguir manter um bom nível de tensão durante todo o filme, embora pareça ser óbvio que no final tudo dará certo, os desafios apresentados e a forma como eles acontecem não nos dão a certeza disso, ao contrário da grande maioria das aventuras no cinema, onde tudo parece fácil e banal.

Resgate Abaixo de Zero tem alguns pequenos problemas, principalmente referente ao ritmo e quase banalização do drama em alguns momentos em prol de cenas “bonitinhas” com os cães, mas são pequenos escorregões que não estragam esse filme feito para toda a família. Uma aventura bonita, cheia de emoção, onde os humanos são apenas coadjuvantes de ótimos atores animais. Um filme muito mais do que recomendado!

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