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Críticas

Cineplayers

Lírio Ferreira dá continuidade à decepção da Premiere Brasil 2014.

5,0

Abrir um filme que se propõe colorido sem as suas cores remete a uma questão básica de cara: como levar cor às imagens? Existem formas diversas de trabalhar essa questão, até bem básica no cinema. Das formas mais criativas as mais populares, o filme Sangue Azul consegue ir pelo pior caminho, fazendo a transição da forma feia. Ou melhor, mal realizada mesmo, feita nas coxas. Já decepcionando aos 5 minutos de projeção, o novo longa metragem de Lírio Ferreira cumpre mais do que promete, enfiando excessos de personagens, conflitos e situações, mais do que o filme pode dar conta. Nessa brincadeira, quem se dana no resultado final é a credibilidade de Lírio.

Há alguns anos ele vem entregando uma obra coesa e de qualidade, fincando filmes que sempre são relevantes. Apenas na sua quinta produção, Lírio ganhou diversos prêmios com o anterior, o documentário O Homem que Engarrafava Nuvens. O filme antes da aportar na nossa Premiere Brasil marcou presença em Paulinia em julho, festival esse que não designou nenhuma distinção ao filme; vamos ver se a sorte deles vira agora. Pelo visto precisamos começar a acender uma vela porque já chegamos na metade da competição e somente um filme merece algum prêmio, e não é o caso desse Sangue.

O filme mostra uma trupe circense chegando a uma ilha do Nordeste, exatamente a ilha de onde saiu o maior nome do espetáculo hoje, o homem bala Zolan. Reencontrando a família e um antigo amor, o cara se envolve com todos e todas na ânsia de consegui retomar a conexão perdida com o lugar, com o seu passado e com as tormentas que precisará enfrentar. Seu coração vai entrar em confronto com seus desejos, infinitos.

O filme plasticamente é muito bonito, explorando o paraíso onde foi rodado e sua praia espetacular. Cenas subaquáticas envolvendo os personagens de Daniel de Oliveira e Caroline Abras foram filmadas com elegância e destreza, sendo outro chamariz. Mas o roteiro não acompanha a beleza plástica do projeto, empilhando personagens desfocados interpretados por gente do nível de Milhem Cortaz, Matheus Nachtegaele e Sandra Corveloni; o nome do meio do filme parece ser ponta solta, e o filme tem diversas. Lá pelo final o filme volta a flertar com a densidade e fecha com chave de ouro. Pena que Lírio parece ter deixado sua função em primeiro plano, o que não foi o caso do roteirista.

Visto no Festival do Rio 2014

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