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Críticas

Cineplayers

Animação sem graça e batida. Só se salva a qualidade dos visuais.

3,0

Como a moda é lançar animações em 3D com animais, a Disney não perdeu tempo e chegou ao mercado com este Selvagem. Na realidade, não há nada de selvagem aqui, pois o filme é absolutamente medíocre e dispensável. Espécie de versão piorada de Madagascar, fala sobre um grupo de animais de um zoológico nova-iorquino que deve resgatar um filhote de leão fugido. Sim, eles vão parar em um barco e depois em uma ilha. Mas evitemos entrar no mérito do plágio, até porque a Disney negaria a todo custo tal acusação (de qualquer forma, sabemos que ele não prima pela originalidade).

Mesmo deixando comparações de lado, Selvagem tem uma história muito ruim, com argumentos fraquíssimos e velhas morais da história mais do que batidas. Até uma espécie de tentativa de se homenagear O Rei Leão é falha, visto que ficou tão mal-encaixada no enredo que torna-se detestável. Aliás, o filme é basicamente uma sequência de cenas que tentam ser engraçadinhas, mas as piadas são quase todas mal-encaixadas ou simplesmente sem graça ou então são óbvias demais, fazendo com que a animação seja recomendada, no máximo, para crianças muito novas, que poderão se encantar com o visual colorido do longa.

Mas o maior pecado do filme não é nem sua falta de originalidade ou falta de graça. Afinal isso já vinha acontecendo há muito na Disney e ainda assim seus filmes não eram totais bombas (vide Irmão Urso, animação clichê e sem graça da empresa que conquistou muitos fãs). O problema maior é a falta de carisma de todos os seus personagens, que comportam-se de forma estranha e possuem um aspecto até mesmo amedontrador, como o coala, que possui um rosto de uma criatura de filme de terror (só para deixar registrado, os coalas reais não têm essa aparência). Não há grandes momentos para nenhum deles pelo simples fato de o roteiro não criar uma situação que seja sequer perto de poder ser considerada emocionante. Os momentos de "tensão" pelos quais os personagens passam na ilha são rápidos demais e possuem muito pouco suporte emocional. Por que se importar, por exemplo, quando um dos personagens fica à beira da morte em um precipício, se suas ações até aquele momento haviam sido totalmente aborrecidas?

Se há um ponto positivo no filme todo este é a sua capacidade técnica de criar visuais lindíssimos, seja na cidade ou na ilha. As cores são vibrantes, os personagens são ricos em detalhes e extremamente realistas, ainda que não percam a sensação de serem animados. É uma pena que sou obrigado a destacar novamente como melhor aspecto de uma animação a parte técnica, como ocorreu recentemente com o lançamento da Dreamworks, Os Sem Floresta. Mas se por um lado os visuais são ótimos, a trilha sonora é simplesmente medíocre. Ao contrário de outras animações da Disney (mesmo as também medíocres), que geralmente possuíam uma ou duas canções belíssimas em seu repertório.

Enfim, as piadas boas são escassas; a ação do clímax do filme é simplesmente monótona; os personagens são horríveis; a trilha sonora não é destaque. De bom fica somente a qualidade da animação, esta sim de primeira. Mas não é o suficiente para salvar mais um filme de uma empresa que, em termos de animações, está absolutamente sem idéias novas e deveria reconsiderar todo o seu quadro de roteiristas. Pode ter certeza, há animações recentes muito mais interessantes para qualquer um, tanto crianças quanto adultos, nas locadoras.

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