Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

O pior da série até então.

4,0

Jason não parava. Após ter sido mais do que assassinado no “último capítulo” da série em 1984, apenas um ano depois lá estava a figura do serial killer atormentando os jovens novamente. Este “Um Novo Começo” é considerado pelos fãs o mais fraco da série (ignorando “Jason vai para o Inferno”, pois aquele filme deve ser analisado sob uma ótica “especial”, de tão ruim que é), e admito que desta vez concordo com tal opinião generalizada. Por vários motivos que colocarei aqui, e deixando de lado o óbvio cansaço em ver as mesmas cenas de sempre, de fato o capítulo V seria o mais irrelevante da série até então (e provavelmente de toda série até pelo menos o oitavo filme).

Começando pelos personagens: eles foram os mais irritantes de todos os Sexta-Feira 13 até aquele momento. Quem viu os outros filmes sabe o quão irritante podem ser esses jovens quando estão atrás de sexo – arrogantes, metidos, baderneiros, chatos... O capítulo V, que passa-se em uma instituição para pessoas que possuem algum tipo de distúrbio mental (como nosso protagonista Tommy – já chegarei nele), tem uma coleção de jovens totalmente desagradáveis. Encabeça a lista uma garota (punk?), que entra muda e sai quase calada, cuja principal cena é fazer uma dança robótica – felizmente logo ela terá sofrido uma morte dolorosa nas mãos do assassino. Os outros personagens não são muito melhores do que isso. Na realidade o roteiro sequer se preocupa em tornar qualquer um deles interessante, mostrando-os como simples montes de carne destinados a serem abatidos por Jason. Mais ou menos como vinha ocorrendo desde o início da série, só que em um nível muito mais banal aqui.

O filme traz (na realidade tenta trazer) uma abordagem mais psicológica em relação aos anteriores (aproveitando o gancho do final do capítulo IV). Tommy, agora mais crescido, possui sérios problemas de comportamento, causados pelo trauma de ter enfrentado (e supostamente matado) Jason no final do filme anterior. Aqui, ele não chega a ser um personagem realmente complexo (quem contou diz que ele fala apenas 24 palavras o filme inteiro), mas percebe-se o tempo todo que seu temperamento é instável, o que pelo menos adiciona um pouco de tensão às cenas em que ele participa.

“Um Novo Começo” tem um final bastante dúbio: ou você o considera uma bobagem sem tamanho (o mais provável) ou algo deveras interessante. Aqui não é o lugar para falar dele (mesmo porque o filme já tem 23 anos de vida e a maioria das pessoas que estiverem lendo isso aqui já terão visto o filme), mas quem conhece a série sabe que o sexto capítulo simplesmente ignora as possibilidades psicológicas de Tommy, colocando-o no papel de simples vítima novamente.

Com relação à quantidade de tensão proporcionada pelo filme, a melhor cena acaba mesmo sendo a introdução, que conta com uma participação especial de Corey Feldman. A cena mostra uma espécie de ressurreição de Jason, quando este é desenterrado por dois jovens debilóides. O diretor acertou na mão ao proporcionar um clima tenso – é como se estivéssemos acompanhando os acontecimentos às escondidas atrás dos arbustos, juntos de Tommy. Feldman limitou-se a participar dessa cena, pois sua agenda de trabalho conflitava com as gravações de Os Goonies (filme que acabaria lhe trazendo a fama). O restante do filme, portanto, apresentou outro ator como o personagem (John Shepherd).

Não há muito mais o que pode ser dito com relação a este capítulo V. É muito fraco em termos de clima e tensão (principalmente se você assistir a vários filmes da série com intervalo de tempo pequeno entre um filme e outro), e a tentativa de trazer um final surpreendente, se não é horrível como acham muitos fãs, é no máximo irrelevante (que diferença faz?). O número absurdo de clichês continua (temporal no final da noite, perseguição na floresta, Jason jogando vítima pela janela, sexo, mocinha desengonçada fugindo do assassino, etc.), só que desta vez não há imaginação alguma nem mesmo nas mortes.

Comentários (0)

Faça login para comentar.