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Críticas

Cineplayers

Melhor que o quinto capítulo, mas a série já não era mais a mesma da sua primeira metade.

5,0

Muitas pessoas dizem que a série Sexta-Feira 13 deveria ter parado no capítulo IV, quando ela ainda se levava à sério o suficiente para proporcionar um bom grau de divertimento e tensão dentro de seu gênero. O fraco capítulo V parece comprovar tal opinião. Seria o capítulo VI o afogamento total da série ou um respiro de alívio para Jason? Escolho a segunda opção, ainda que “Jason Vive” (subtítulo do longa-metragem) tenha tantos problemas quantas qualidades e que, no final das contas, realmente fique abaixo dos quatro primeiros filmes da série. Sem muita originalidade, o filme começa quase igual ao anterior, só que agora não é um sonho: Tommy e um colega seu desenterram Jason do cemitério e, através de poderes adquiridos por descargas elétricas (!?), o assassino volta à vida.

A principal característica do filme, em relação à série, é o fato de Jason começar a mostrar, definitivamente, status de super-herói, daquele tipo que parece ter o corpo fechado. Jason resiste facilmente a tiros, pancadas fortíssimas, afogamentos e acidentes rodoviários, deixando para trás qualquer traço humano que restava-lhe e virando um monstro em forma humana. A origem de seus poderes nunca foi explicada (ou seria a energia proveniente dos raios?), e creio que os fãs nunca se incomodaram. Neste capítulo, também, a série descamba para o humor. Prova disso é toda uma desnecessária sequência com um jogo de paintball no primeiro ato do filme, que não tem relação nenhuma com o restante da história. Este, sem dúvida, é um dos momentos mais constrangedores de toda a série até então. A tentativa de adicionar humor negro funciona como uma tentativa de trazer um elemento novo à série, mas tira qualquer clima de tensão, principalmente porque, de forma geral, as piadas são muito mal escritas.

Porém nem tudo é ruim: o filme marca o retorno de Jason a Crystal Lake, e isso é muito bem-vindo, lembrando os dois primeiros filmes da série. O lago está lá do jeito que foi deixado, e as cabanas parecem serem as mesmas. A inclusão de crianças no acampamento trouxe um elemento extra que havia sido rapidamente explorado no capítulo IV, justamente com o personagem de Tommy, aqui novamente o protagonista da história, que possui sua história continuada dentro da “saga” (porém novamente temos outro ator o interpretando). Com relação às crianças, podemos observar o comportamento de Jason frente a elas, mas o roteiro passa longe de ameaçá-las, e no final o serial killer acaba não matando nenhum infante, como seria o esperado.

As mortes do filme estão mais caprichadas do que no capítulo anterior, embora bastante caricatas (o chefe da polícia, por exemplo, que é dobrado ao meio como uma cama de hospital). Algumas ações de Jason são claramente forçadas para garantir maior dramaticidade, o que não deixa de ser uma manipulação barata por parte do roteiro: para quê Jason enche o quarto de uma vítima de sangue? Esse mesmo tipo de ódio não ocorreu quando ele ignorou, à sua frente, a mocinha perto do final do filme, deixando-a com vida. Há também alguns erros de continuidade que evidenciam a falta de cuidado no acabamento do filme, algo que voltaria a ocorrer muito daí para frente: em uma cena o dia está raiando, para logo em seguida ser noite novamente; a roupa de Jason é muito nova e limpa para quem saiu do caixão praticamente em estado de putrefação. Enfim, detalhes que, somados, mostram que os produtores queriam ganhar dinheiro mais do que proporcionar uma história um pouco coerente.

Agora, se o filme tem mais humor do que deveria e a imortalidade de Jason tira bastante da força dramática do personagem (sim, mesmo ele tem força dramática, e ela foi melhor explorada no capítulo II, onde ainda havia conexão com a morte de sua mãe), pelo menos o ato final, tirando os exageros narrativos, é muito bom, tenso e divertido. A trilha sonora é um dos elementos responsáveis por isso, já que foi muito bem empregada e retumba de forma positiva os momentos de suspense. No geral, “Jason Vive” é um bom filme da série e, se fosse levado um pouco mais à sério, teria sido um bom filme por si só, e não somente dentro da dinastia do personagem.

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