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Críticas

Cineplayers

O Star Trek de J.J. Abrams homenageia o passado e conquista novos fãs.

8,0

J.J. Abrams  é o nerd mais trabalhador de Hollywood. Ganhou visibilidade produzindo e escrevendo séries de tv como Alias e, principalmente, Lost, já havia namorado a tela grande como roteirista em diversos projetos e acabou estreando na direção de longas direto com o terceiro filme da franquia Missão Impossível. Ainda atua como produtor e roteirista dos mais diversos projetos com apelo ao mundo nerd, como o curioso cruzamento de Godzilla com pseudo reality show Cloverfield, e da série sobre conspirações bio-terroristas Fringe. Quando ele anunciou que iria encabeçar o projeto de revitalização de outro seriado, a franquia Star Trek, fãs ficaram apreensivos, mas acredito que poucos nomes seriam mais apropriados.

O novo Star Trek tenta prender o espectador logo na introdução, com o intenso e um tanto melodramático nascimento de James T. Kirk (Chris Pine) e sua subsequente rebeldia juvenil, enquanto Spock (Zachary Quinto) também em sua infância, sofre com suas raízes mestiças em contraponto às tradições de seu povo Vulcano. Seguimos os dois icônicos personagens passando pelo alistamento na Federação e sua primeira missão na nave USS Enterprise, ao interceptar um criminoso Romulano chamado Nero (Eric Bana). O roteiro não é exatamente um primor, mas apesar de alguns furos e da reciclagem de temas já abordados antes, a direção de Abrams injeta energia e mantém o espectador entretido ao longo de suas duas horas. Não é necessário conhecer a série ou filmes antigos, é um novo começo.

Se a trama não é exatamente brilhante, o centro do filme está nas caracterizações e também o seu ponto mais forte: todo o elenco tenta emular alguma coisa dos atores originais, mas injetando algumas características próprias, e é divertido de assistir para quem os conhece. Pine como Kirk é o típico galã, mas se sai bem com a responsabilidade de carregar o filme; seu Kirk é impulsivo e irônico, criando o contraponto com o frio e calculado Spock, em cuja interpretação Quinto parece estar se divertindo bastante e rouba cenas, um tanto marcado por seu vilão Sylar na série Heroes, o ator encabeça outra franquia com um personagem ainda mais marcante, mas ele se sai bem e o estrelato me parece inevitável mesmo que não consiga se destacar em papéis "sérios". O resto da equipe tem participações pequenas e o destaque ficou com o "Magro" McCoy do Karl Urban, o neurótico médico de bordo acaba fazendo um par cômico ideal com Kirk e o ator mostra que possui um pouco mais de versatilidade fora dos típicos papeis de ação que faz, Uhura (Zoe Saldana), Sulu (John Cho), Chekov (Anton Yelchin) e Scotty (Simon Pegg) não têm muito tempo para desenvolvimento, mas provêem o suporte e alívio cômico, já Eric Bana como o vilão Nero é mera desculpa para criar um conflito na trama, um desperdício de um bom ator. Talvez por ser um capítulo de apresentação acabe por não satisfazer totalmente, mas sempre se pode melhorar esses aspecto nas continuações.

Abrams e seus roteiristas não apenas celebram o material, eles também sabem como traduzi-lo ao público de hoje e nota-se que a maior preocupação aqui é justamente essa, com um elenco jovem e atraente, efeitos especiais de ponta, muita ação e humor. Parece haver tambem o desejo em apagar a impressão de monotonia e baixo orçamento dos últimos filmes da série, de transformá-la num grande espetáculo nos moldes Space Opera, só que no universo criado por Gene Roddenberry, para alegria do público ou desespero dos trekkers.

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