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Críticas

Cineplayers

Uma obra-prima do sub-gênero tribunal. Um dos grandes acertos de Billy Wilder.

10,0

Um estilo de filme e história que sempre me fascinou foi o de tribunal, onde o advogado tem que usar de recursos muitas vezes simples, mas inteligentes, para livrar (ou condenar) alguém. Esse tipo de argumento também serviu para alguns autores fazerem grandes livros a partir de importantes fatos reais que conhecemos. Muitos bons diretores já nos trouxeram grandes filmes com esse tema. Bons exemplos são 12 Homens e Uma Sentença, onde o personagem vivido por Henry Fonda é um jurado que tem de convencer os outros onze de que uma pessoa é inocente, sendo que somente ele está convicto disso.

Outra boa história e que nos traz um personagem carismático, interpretado com maestria por Gregory Peck, é O Sol é Para Todos, de Robert Mulligan, onde o personagem de Peck se vê obrigado a defender um negro da acusação de assassinato em uma sociedade totalmente preconceituosa. O filme em questão aqui é Testemunha de Acusação. Obra baseada em um conto de Agatha Christie e levada às telas pelo ótimo diretor Billy Wilder (do também excelente Crepúsculo dos Deuses). Nessa película ele demonstra uma direção afinada, ajudada pelos personagens muito bem escritos e interpretados e um suspense digno de poder fazer o filme ser chamado clássico.

A história original é na verdade somente um pequeno conto da escritora Agatha Christie, que já é famosa por ter vários de seus livros filmados. E esse, na minha opinião, é o melhor de todos eles. Ele nos conta a história do advogado que, recém chegado do hospital após passar vários dias internado, recebe uma visita especial, e acaba se vendo envolvido novamente em um caso de tribunal, mesmo sendo contrariado pelos médicos e pela sua enfermeira e acompanhante, brilhantemente interpretada pela atriz Elsa Lanchester, que não desgruda de seu pé.

Esse advogado, interpretado por Charles Laughton (de O Grande Motim), é Sir Wilfrid Roberts, um dos mais afamados criminalistas da cidade. Todos os "casos perdidos" são enviados para ele, que tem a fama de transformá-los em "casos vencidos". Após um certo tempo no hospital, estando de volta ao consultório e sendo aconselhado pelos médicos a somente pegar casos leves, ele se depara com um caso que não poderá deixar de pegar: um homem (Tyrone Power), que é acusado de ter assassinado uma viúva para obter dela suas riquezas, entra em sua sala e pede que ele lhe ajude. Wilfrid não aceita pegar o caso de primeira, entregando-o para o seu parceiro, o advogado Brogan-Moore (John Williams). Após conhecer a bela e misteriosa Christine Helm Vole (que nos é trazida com brilhante interpretação pela competente atriz Marlene Dietrich), finalmente ele resolve assumir o caso, tomando o lugar de Brogan-Moore para ajudar a moça a livrar o seu marido.

A partir desse ponto prefiro não mais comentar o que vem a acontecer no desenrolar da trama, pois brilhantemente somos presenteados com muitas reviravoltas (às quais algumas foram adicionadas à história original de Christie) e diálogos fervorosos, deixando o espectador grudado na cadeira ou no sofá, torcendo para que se descubra logo a verdade. Confesso que não desconfiava do desfecho em nenhum momento do filme e acho que você, leitor, também não conseguirá adivinhar.

Na maior parte do filme o que se pode ver é uma batalha de gigantes, tanto dos personagens Wilfrid e Christine, quanto dos atores Charles Laughton e Marlene Dietrich, para fazer com que cada parte saia vencedora. Ainda destacaria nesse filme duas cenas clássicas (tirando a seqüência final, é claro): o teste que Wilfrid faz com seus clientes usando o monóculo, para ver se o que falam é a mais pura verdade; e o jeito com que ele descobre se as cartas que possui em mãos são realmente de Christine. Por isso e pela bela obra, aconselho a vocês leitores e aos que adoram um belo espetáculo cinematográfico, que assistam a esse filme, garanto que não se arrependerão.

Comentários (4)

Renata Correia Nunes | quarta-feira, 07 de Agosto de 2013 - 16:01

Eu já sabia o fim nos primeiros 5 min de filme. Todas as estórias da Agatha Christie são muito previsíveis, é só pensar no final mais tosco possível e arrumar uma desculpa esfarrapada para essa "tamanha revelação". Mulher sem criatividade.

Paula Lucatelli | terça-feira, 31 de Dezembro de 2013 - 14:44

Realmente, afirmar que as histórias de Agatha Christie são previsíveis é uma estupidez tremenda!
A má caracterização de Marlene Dietrich torna uma parte do grande final prejudicada, mas nada que envolva a \"Dama da Morte\" como culpada. Grande filme nota 8.5.

Alan Nina | quarta-feira, 01 de Janeiro de 2020 - 00:24

Considerar Ágatha Christie sem criatividade é porque a pessoa é um semideus que caiu aqui na Terra, só pode.

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