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Críticas

Cineplayers

Um filme que tem algumas tiradas inteligentes, mas que, fora isso, é basicamente um desperdício de tempo.

4,0

Às vezes acabamos por perguntar a nós mesmos: “Até que ponto uma série que fez relativo sucesso em seus primeiros anos consegue se manter fiel e engraçada ao passar do tempo – e das seqüências – sem que a mesma não se torne exageradamente desgastada e naturalmente obsoleta?” Caso estejamos analisando “Todo Mundo em Pânico” a resposta não poderia ser mais pessimista. A série que, convenhamos, nunca primou pela qualidade, encontra-se descendo a ladeira rumo ao louvado fundo do poço numa viagem sem escalas e/ou interrupções desde sua segunda produção.

Portanto, é “Todo Mundo em Pânico 4” um grande desapontamento? Não, afinal de contas, não acredito que alguém pudesse nutrir qualquer tipo de boas expectativas em relação a esse filme. Não duvido que daqui a quatro semanas o filme de David Zucker atinja algum sucesso comercial que resultará no anúncio da produção de um quinto filme da série. Bem diferente dos primeiros filmes que procuravam se situar em algum gênero mais popularmente em exposição na determinada época – como por exemplo as comédias pastelonas teens como “American Pie” ou os filmes de horror adolescentes como “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” – o quarto episodio da série atira pra todos os lados como um político que faz acusações. Dramas, suspense, terror, comédias e vida real. Nada escapa. Mas isso não é o menor sinal de vestígio de qualidade, como podemos conferir ademais.

Scary Movie 4 concentra-se em quatro filmes principais sem os quais qualquer tentativa de assistir a produção resultará em duas horas de puro desperdiço de tempo e dinheiro resultando num tédio fora do comum; são eles: ‘Guerra dos Mundos’, ‘Jogos Mortais’, ‘A Vila’ e ‘Menina de Ouro’. Não vou nem me dar o trabalho de colocar a sinopse do filme aqui porque praticamente ninguém entra na sala de cinema esperando ver qualquer espécie de história bem elaborada, tudo que “desejaríamos” ver eram situações semi-engraçadas parodiando alguns dos filmes mais comentados do ano passado, mas, infelizmente, quando isso acontece, a fórmula prova-se pra lá de desgastada e somos flodados por uma série de frases idiotas no melhor estilo Cindy: “Não se preocupe, eu já levei boladas na cara antes”, após ser acertada por um objeto na cabeça.

David Zucker ainda teve uma chance de salvar o filme, mas ela foi descartada. A chance era justamente a de dar o personagem principal a ninguém menos que Charlie Sheen, que faz uma ponta no início do filme e seria, em minha humilde opinião, a melhor pessoa do elenco a interpretar Tom Ryan e o próprio Tom Cruise. Sheen conseguiria ser canastrão e cara-de-pau suficiente para fazer com que o papel não ficasse com aquela sensação de que já vimos isso antes (em três outros filmes).

Ironicamente falando, os únicos momentos em que o filme consegue ser verdadeiramente engraçado – ou muito próximo disso – é quando ele não retrata de paródias a outros filmes, mas sim ao próprio modo de viver dos norte-americanos e algumas peculiaridades de seu universo que muita gente ficará boiando completamente. Algumas tiradas inteligentes como a postura do presidente, outras mais sutis como o modo como os rappers se vestem e a exposição pública de algumas figurinhas marcadas da sociedade americana, como Tom Cruise e Michael Jackson, salvam o filme do desastre total, mas ainda assim não é o suficiente.

Creio que poucos brasileiros entenderão o verdadeiro significado da última cena do filme que por sua vez é uma das mais engraçadas, em que Craig Bierko, numa clara sátira aberta a figura de Tom Cruise, refaz o episódio em que o ator foi convidado ao célebre programa “The Opra Winfrey Show”, um dos programas de auditório mais assistido dos Estados Unidos há mais de 30 anos, e protagonizou um dos momentos mais clássico da história do programa em que Cruise absolutamente fica fora de si ao falar de seu novo amor, Katie Holmes. Infelizmente, “The Opra Winfrey Show” é somente transmitido no Brasil pelo canal GNT o que seleciona absurdamente o público que viu de fato tal espetáculo e foi capaz de entender algo.

Concluindo, não recomendo “Todo Mundo em Pânico 4” a ninguém, puro e simplesmente porque é um filme ruim e ponto final. As sátiras já não são tão fortes, os diálogos já soam mais do que batidos e cenas de riso forçado é o que mais tem no mercado por aí. Então... Pra que mais um “Todo Mundo em Pânico”? Eu também não sei.

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