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Críticas

Cineplayers

Um divertidíssimo filme de assalto, com cenas muito bem elaboradas. Superior à sua refilmagem.

7,0

Assim como em minha recente crítica ao filme O Destino de Poseidon, destaco aqui que este é um trabalho bem superior à sua refilmagem (conhecida aqui no Brasil como Um Golpe de Mestre), mesmo tendo 30 anos a mais de existência. O filme é muito mais bonito, divertido, e seus personagens são muito mais interessantes. E – pasmem! – o filme é incrivelmente mais excitante. Uma perseguição com Mini Coopers no ato final é de tirar o fôlego, devido à perícia de seus motoristas, que fazem os policiais de palhaços inúmeras vezes consecutivas. Isso sim pode ser chamado de entretenimento da melhor qualidade.

Antes de morrer, um famoso bandido deixa planejado um assalto incrivelmente ousado nas ruas de Turim, na Itália, algo para fazer o pessoal de Onze Homens e um Segredo ter inveja. Quem aceita o desafio é Charlie Croker, vivido por um Michael Caine no auge da carreira e dono de um carisma que poucos atores hoje em dia possuem. Ele conta com a ajuda de uma equipe especializada em vários assuntos (até mesmo informática, em plenos anos 1960, veja só). Seu maior desafio não será a polícia, e sim a Máfia italiana, que por orgulho tentará impedir o golpe a qualquer custo.
 
O filme possui uma gama grande de personagens carismáticos, o que faz com que, além das divertidas cenas de ação do assalto, tudo o que envolve o acontecimento seja no mínimo interessante de se acompanhar. Mesmo que obviamente o destaque seja o charmoso e exigente Croker, os outros envolvidos com o golpe – que aqui fogem um pouquinho de serem estereótipos pré-caracterizados – possuem também certo carisma. O filme é recheado de humor irônico, que traz uma sensação leve e despretensiosa a toda a operação, ou seja, apesar do plano ser realizar o maior assalto da Europa de todos os tempos, todos estão lá se divertindo com o que gostam de fazer, e esse sentimento é passado de forma deliciosa ao espectador, que recebe assim um filme fluente que em nenhum momento consegue ser aborrecido.

Isso tudo não contando o quase antológico final, que deixa uma situação (a qual, como sempre, eu não estragaria contando-a a você) incrivelmente em aberto, e há todo tipo de teoria circulando em fóruns de discussão sobre o filme em relação ao que pode ter acontecido nesse final. Além dele, há um número razoável de outras pequenas grandes cenas, e somente parte do filme pode ser considerada fútil ou dispensável. Tudo isso graças ao roteiro bem construído, mesmo que pareça ter sido montado ao redor do assalto, e não o contrário.

A técnica encontrada em Um Golpe à Italiana é muito boa, mas poderia ter sido mais caprichada, agregando maior valor ao filme e tornando-o, aí sim, uma obra-prima. Empreender uma montagem mais ousada daria ao filme um toque de magnífico refinamento, por exemplo. Há alguns momentos, claro, bem inspirados, mas estes são originados pelo roteiro que obriga a técnica a ser apurada, principalmente nas cenas-chave do longa-metragem. Apesar disso, a fotografia dos Alpes encanta pela sua grandiosidade, como geralmente acontece em todos os filmes que lá se passam, afinal, em minha opinião, é a região mais bonita do planeta.
 
Finalmente, pode-se concluir que antigamente os filmes eram mais charmosos e possuíam mais personalidade. Hoje, mesmo com milhões em orçamento e tecnologia que limita à capacidade criativa a visão de um filme, o velho clichê pode ser mais uma vez utilizado: não se fazem mais filmes como antigamente. Pelo menos de forma geral. Dispense a refilmagem (que não é de todo má, é apenas ordinária no todo) e corra atrás desse quase brilhante filme dos anos 1960. Ele tem mais conteúdo, é mais bem interpretado e, principalmente, tem muito mais classe, que é a sua principal moeda de venda.

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