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Críticas

Cineplayers

Comédia romântica inglesa sobre a hipocrisia e o vazio do jornalismo de celebridades.

6,0

Sidney Young (Simon Pegg) é um jornalista inglês que dirige uma revista chamada Post Modern Review cuja linha editorial ignora coisas como puxa-saquismo a celebridades e rasgação de seda em troca de favores. Crítica e irônica, a revista, assim como seu editor, não gozam de boa reputação comercial. No entanto, um dia ele é convidado a integrar a equipe de uma das mais famosas revistas de comportamento / moda / celebridades de Nova Iorque, a Sharps, dirigida por Clayton Harding (Jeff Bridges), que não para tanto é também o ídolo do jornalista inglês em ascensão. Não pelo trabalho na Sharps, mas por seu passado de crítico mordaz, título que Sidney persegue com obstinação.

Nessa transição, ele precisará se adaptar ao funcionamento do business jornalístico que vigora do outro lado do Atlântico, e também ao fato de que seu humor inglês é incompatível com a sensibilidade da maioria das celebridades que entrevista. Entre uma confusão e outra, Sidney se aproxima de Alison Olsen (Kirsten Dunst) que trabalha na mesa ao seu lado, é compenetrada, e nas horas vagas rabisca um romance num caderno surrado que leva pra todo lado. Se você conseguir esquecer o clichê da primeira cena entre os dois – aquela em que inevitavelmente os dois caras de gênios diferentes se conhecem e se odeiam, para logo depois tornarem-se amigos – tudo bem.

O fato é que a paixão citada no título do filme não é Alisson e sim Sophie Maes (Megan Fox), jovem atriz em ascensão que acaba de estrelar uma versão sobre a vida de Madre Teresa de Calcutá. Tão linda quanto fútil, Sophie terá na RP, Eleanor Johnson (Gillian Anderson), o apoio para concorrer a prêmios por sua atuação e estampar a capa das revistas mais badaladas. E é neste impasse entre tornar-se um profissional e conquistar Sophie ou continuar sustentando atitudes e birras juvenis que Sidney precisará fazer uma escolha.

Baseado no livro How To Lose Friends And Alienate People (também o título original do longa-metragem), do jornalista inglês Toby Young, algumas situações do filme envolvem personagens conhecidos no entretenimento norte-americano. Toby trabalhou na revista Vanity Fair e percorreu o mesmo caminho de seu personagem. Só não afirmo se o final de ambos foi semelhante.

Fazendo diversas referências ao filme A Doce Vida, que não por acaso trata também de um jornalista descobrindo o mundo das celebridades, Fellini é citado com reverência e é através da trilha sonora do filme italiano que Sidney e Alison se aproximarão, assim como é usando na cena final, com a exibição do clássico em um parque novaiorquino. Outro filme referenciado é O Grande Lebowski, dos Irmãos Coen, filme que traz Jeff Bridges como protagonista, fato que rende uma boa piada inserida no roteiro, já que o personagem-jornalista é bastante afiado nisso.

Ridicularizando algumas práticas da indústria do entretenimento, como a aposta simplista no rostinho bonito da vez ou a produção de mistério e glamour a respeito de figuras nem um pouco interessantes que se tornam celebridades e, portanto, referências de última hora, Um Louco Apaixonado consegue arrancar boas risadas de quem já perdeu a paciência com revistas, programas de TV e site de fofocas. Apesar de ter um ritmo semelhante a muitas das comédias açucaradas estreladas por outro ator inglês, Hugh Grant, o carisma de Simon Pegg, Jeff Bridges e Kirsten Dunst conseguem transformar o filme naquilo que ele deveria ser: uma comédia romântica e de erros com a grosseria do humor inglês.

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