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Críticas

Cineplayers

Mais um horror que abusa da violência, mas esquece da diversão.

4,0

Uma pacata família atravessa os Estados Unidos de carro, quando param em um posto de gasolina no meio do deserto da Califórnia e recebem a indicação de um atalho.  Obviamente, o caminho indicado não leva a lugar algum senão à mesa dos monstros da vez, que aqui são pessoas que viviam em uma área de experiências atômicas do governo ianque e se recusaram a sair quando esta, potencialmente perigosa, foi evacuada. Refugiaram-se em cavernas e seus descendentes nasceram com deformidades físicas - e, de alguma forma, psicológicas, pois se transformaram em assassinos sádicos e sedentos por sangue humano – ou pelo sangue de qualquer outro animal que apareça na tela.

Refilmagem de Quadrilha de Sádicos, terror cult da década de 70 considerado exacerbadamente violento para a época, e dirigido por um Wes Craven cheio de gás em início de carreira e longe do fantoche de estúdio que se tornou com o passar dos anos. Aqui quem assumiu a direção foi o francês Alexandre Aja, que seguiu os passos do mestre e entregou uma obra quase que sem concessões. Longe dos pastiches dos filmes do tipo da década de 80 e mais longe ainda do chamado terror teen da década posterior, Aja entrega um filme cru, irascível, quase perturbador, o que me levou à seguinte questão ao final da projeção: qual é o limite entre a violência e o entretenimento?

Afinal, após Jogos Mortais desembarcar nos cinemas alguns anos atrás com grande sucesso misturando um roteiro engenhoso com um carrossel de atrocidades jamais visto, todo mundo encheu os olhos. Logo surgiram continuações e outros filmes seguiram a fórmula, sempre com a prioridade de potencializar cada vez mais a violência. E isso pode ser chamado de diversão? Alguém sadio consegue se divertir com crânios sendo explodidos e mulheres sendo estupradas? Posso estar errado, mas toda essa vulgarização no gênero levará a um caminho de auto-indulgência que, parece, já começa a dar seus sinais. 

O filme não chega a ser desastroso, mas passa longe de trazer qualquer sopro de inventividade ou algo mais relevante. Consegue desenvolver razoavelmente os seus personagens, por exemplo, algo que outras produções do tipo passam longe. Falando em personagens, algo interessante acontece no nível das atuações: os jovens Aaaron Stanford (de Um Jovem Sedutor) e Vinessa Shaw (de Melinda e Melinda) mostram mais intimidade com os seus papéis que os veteranos Kathleen Quinlan e Ted Levine. 

O diretor Aja (que também é um dos roteiristas) mantém um ritmo cadenciado durante boa parte da produção, só perdendo o fôlego mesmo já perto do desfecho, quando quase tudo se torna bem previsível. Mas, até lá, muitos corpos foram mutilados, muito sangue foi jorrado e muita bizarrice apresentada – o que, na verdade, não difere muito do apresentado e qualquer noticiário da tevê. O público deste tipo de filme, sempre fiel, fica satisfeito. Mas até quando?

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