Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Um bom documentário para quem quer conhecer o The Doors.

5,5

Uma das interpretações mais celebradas dos últimos 20 anos é a de Val Kilmer como Jim Morrison na versão ficcional que Oliver Stone fez sobre o grupo The Doors. Apesar de uma interpretação tão visceral, o filme nunca alcança vôos mais altos, ficando um pouco perdido em si mesmo. Não querendo correr este risco, Tom DiCillo recorre ao básico para contar sua história da banda: usa apenas material de arquivo e muita música da banda liderada por Morrison na trilha, complementada por uma narração bem didática do astro cult mais pop do momento, Johnny Depp.

O resultado é que se não acrescenta nada ao que conhecemos sobre a banda, pelo menos é um bom ponto de partida para aqueles que não a conhecem. Cobre de maneira digna a formação do conjunto, o estouro com “Light My Fire” e as crises cada vez piores de Morrison com bebida e drogas que culminaram com sua morte em um hotel parisiense.

Ao final, a música do The Doors não sai da cabeça, nem as loucuras de Morrison, ou o virtuosismo de todos os outros integrantes da banda, tão essenciais: Robby Krieger, guitarrista dono de um estilo impressionante e compositor de várias músicas; Ray Manzarek a bordo de um estranhíssimo e único piano; e John Densmore, que na bateria mantinha o ritmo das músicas pela falta de um baixo.

O filme se dedica a fomentar ainda mais o mito de Morrison, gastando boa parte de sua duração contando os espetáculos que o vocalista causava nos bastidores e no palco, culminando com o lendário show de Miami, em que foi acusado de expor seu pênis, simular masturbação e sexo oral, culminando numa série de protestos conservadores através dos Estados Unidos. O longa também faz questão, de maneira um tanto simplista, de ligar a trajetória da banda com as irradiações sociais que os EUA viviam entre final da década de 60 e começo da de 70, afirmando que a década de 60 “começou com um tiro” (o assassinato de John Kennedy) e fazendo um breve comentário sobre a fascinação com violência que o povo ianque possui. E como não poderia deixar de ser, ainda lembra que a morte de Morrison veio também acompanhada da de Jimi Hendrix e Janis Joplin, todos com apenas 27 anos, uma idade considerada maldita para o rock – Brian Jones, Kurt Cobain, Robert Johnson entre dezenas de outros músicos também morreram com esta idade.

Um dos aspectos mais interessantes do filme, porém, é o uso somente de material de arquivo, filmado por Paul Ferrara, um amigo de Morrison da época em que estudou cinema na UCLA, incluindo algumas cenas aparentemente ficcionais, parte de um filme não realizado estrelando o vocalista. É o que há de mais único no filme (além de cenas de um filme que Morrison teria realizado na faculdade), que na falta de um diretor com maior criatividade e visão, não sai do lugar comum.

Comentários (0)

Faça login para comentar.