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Críticas

Cineplayers

Um filme altamente dispensável e cheio de clichês do gênero horror.

0,5

Para início de conversa, devo confessar que assisto a alguns filmes quase que obrigado – e, conseqüentemente, com um mau humor que facilmente refletirá em minha opinião final. Portanto, para os apressadinhos que já estão me xingando ao ver a nota lá em baixo, uma surpresa: fui para o cinema não esperando um O Iluminado da vida, mas um filme ao menos satisfatório após todo o falatório gerado no Festival de Sundance e depois no Festival de Cannes, no ano passado.

Surpresa minha que o filme é tão ruim, mas tão ruim, que merece totalmente o nove e meio retirado da nota. Na verdade, nem sei ainda o porquê de não ter dado um grande zero logo de cara. Acho que foi porque eu simpatizei com a cara de uma das protagonistas do filme.

Por que ser tão exigente? Meus caros, o dinheiro para gastar em cinema de má qualidade é de vocês, estou aqui apenas fazendo o meu trabalho (alguns diriam mal e porcamente, pois dando uma olhada pela internet descobri que o filme tem vários fãs; enfim, há gosto para tudo).

O que eu não entendo é como um gênero tão aberto a novas experiências e possibilidades como o terror acaba sendo explorado à exaustão em fórmulas tão fáceis quanto a da feitura do miojo. Afinal, para quem não sabe, cozinha-se o miojo por três minutos, mistura-se o tempero e pronto! Achou manjado? E que tal levar seus três personagens principais para o meio do deserto e deixá-los à deriva de um psicopata sanguinário?

Mas o estranho mesmo é que o diretor e roteirista Greg McLean demorou seis anos (!) para finalizar o roteiro. Haja desperdício de tempo! O coitado, iniciante na área (aliás, quase toda a produção é estreante, como o fotógrafo, o cenógrafo, a figurinista...), que tinha como grande momento no currículo ser parte da produção de uma peça teatral do Baz Luhrmann, ainda teve a audácia de dizer que, de certa forma, o que tornou possível a realização do filme foi o advento do Manifesto Dogma 95! Se Lars Von Trier souber dessa...

Sobre o tal roteiro de seis anos, não há muito o que falar: apenas que duas jovens inglesas (uma é a atriz Kestie Morassi, cujo único crédito mais relevante até agora é uma participação no também terror No Cair da Noite, a outra é Cassandra Magrath, a única coisa boa do filme, de forte presença) e um australiano (Nathan Phillips) decidem, após festas, sexo, drogas e bastante música eletrônica (esses clichês que a gente já conhece) ir visitar a segunda maior cratera do mundo formada pela queda de um meteoro no interior australiano. Após a visita, descobrem que todos os relógios pararam de funcionar (algo que estou tentando entender até agora) e também o carro. Com os jovens já em desespero, surge um homem (o veterano Mick Taylor) que se oferece para rebocar o carro até sua oficina, para então fazer a manutenção. Os jovens, sem opção, aceitam a ajuda, sem saber que estariam entregando suas vidas a um maníaco homicida.

Desse ponto em diante (o mais incrível é se demora mais de uma hora sem que absolutamente nada de relevante aconteça para chegar nesse ponto), o filme vira a carnificina habitual nas produções do gênero, sendo até bastante ousado (uma clara influência chupada de Jogos Mortais – há até dedinhos decepados). Muitas correrias, algumas descobertas reveladoras (uma das personagens descobre através de uma câmera de vídeo o que já era óbvio para o espectador), muita violência explícita e um final condizente com o letreiro do início que diz que o filme foi “baseado em fatos reais”. Então tá.

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