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Críticas

Cineplayers

Apesar de ser mais uma produção Globo Filmes, o filme tem importância histórica e bom elenco.

5,0

Na época do meu avô cinema nacional era sinônimo de pornô-chanchadas. Por isso ele sempre me dizia: “Filme nacional é uma droga!”. E ele tinha razão. Graças a esses seus comentários eu desenvolvi um certo preconceito aos filmes nacionais, entretanto, isso nunca me impediu de assistí-los e também de admirá-los. Gostei muito de “Olga”, de “Bossa Nova”, de “Cidade de Deus”, de “Carandiru”, de “Central do Brasil” e de “Canudos”. Confesso, entrei com receio de não gostar do novo nacional em cartaz, “Zuzu Angel”. Imaginei: “Que graça pode ter um filme que fala da vida de uma estilista famosa e a high-society carioca?”. Estava errado.

O filme é bom e retrata, com riqueza de detalhes, os horrores da ditadura. Temos o costume de deixar nossa história ser esquecida e não lembrar dos nossos heróis do passado. Olga Prestes foi uma delas e, por que não, Zuzu Angel?

A história do filme é simples: Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma das mais famosas estilistas nacionais, faz sucesso no exterior. Paralelamente seu filho Stuart (Daniel de Oliveira), luta contra as arbitrariedades dos militares. Ela empresária e ele socialista. Um dia ela recebe um telefonema anônimo dizendo que Stuart foi preso. A partir de então, Zuzu sai à procura de seu filho em todas as prisões militares, mas nada encontra. Inicia uma batalha particular contra a ditadura, na esperança de localizar o corpo do filho e denunciar para todo o mundo os horrores da ditadura brasileira. Junta provas o suficiente para comprovar a tortura de seu filho e sua morte, mas antes que conseguisse entregar as provas para um diplomata americano, Zuzu sofre um acidente automobilístico fatal, orquestrado pelo governo militar. Hoje o túnel, próximo ao local de sua morte, no Rio de Janeiro, leva o seu nome.

Já está chato e redundante afirmar que o cinema nacional melhorou. Isso é óbvio. Graças a Deus saímos do circuito de filmes Didi, Trapalhões e Xuxa, para explorarmos filmes com enredos mais modernos e interessantes, como “O Homem que Copiava” e “O Homem do Ano”, filmes simples com história boa e cativante. Isso prova mais uma vez que nosso cinema evoluiu muito. Percebo duas vertentes no nosso cinema, o histórico e o de ficção - e ambos estão se saindo bem.

Quanto à atuação, não precisa nem de comentários: figurinhas carimbadas das novelas globais como Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Luana Piovani, Leandra Leal, Alexandre Borges, Ângela Vieira, Ângela Leal e Regiane Alves dão o tom ao filme. Aliás, eu estou elogiando o cinema nacional, mas há algo que não podemos esquecer. A toda-poderosa Globo também estende seus tentáculos ao cinema, através de sua produtora Globo Filmes. Isso é ruim, pois recursos de incentivo à produção nacional acabam sendo dados à Globo ao invés de produtoras menores.

Já está mais do que comprovado: produtoras independentes de cinema são muito criativas e capazes de fazer milagres, por que então quase monopolizar recursos federais das leis de incentivo ao cinema apenas para as grandes como a Globo? Um ponto negativo, 90% dos atuais filmes nacionais foram produzidos pela Globo com atores da Globo. Dificilmente vemos novos atores no cinema. Um pena. Acabamos por acreditar que o cinema é uma extensão da novela que vemos na TV.

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