Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Melhor trabalho de Stone nos últimos anos, ainda que deixe uma lacuna.

7,0

Esta biografia do ex-presidente americano George W. Bush parece que chegou ou cedo ou tarde demais. Com a posse recente de Barack Obama, aparenta que não se quer mais saber da desastrosa administração passada e suas muitas histórias e escândalos que ainda estão frescos na memória coletiva. O que resta ao diretor Oliver Stone é contar a história do homem, o que por si só não deixa de ser interessante.

O filme abre com a recriação da suposta reunião pós 11 de Setembro, onde Bush (Josh Brolin), Cheney (Richard Dreyfuss), Rice (Thandie Newton), Powell (Jeffrey Wright) e Rumsfeld (Scott Glenn) decidem o discurso que será feito para dar início a Operação Iraque. Desse ponto, o filme alterna flashbacks que vão desde os tempos de bebedeiras na faculdade aos muitos pequenos fracassos e sucessos de Dubya até chegar no poder. É a história de um americano comum, quase um episódio dos Simpsons da vida real, onde Homer se torna o homem mais poderoso do planeta e, como sempre, suas trapalhadas causam um monte de problemas para todo mundo, com a diferença que Homer não nasceu em uma poderosa família texana.

Stone não resiste ao apelo "sitcom" da história, com tantos personagens coloridos, por assim dizer, é quase inevitável o tom de farsa. Mas isso acaba ajudando a criar uma narrativa envolvente e saber que, apesar disso, ele não está longe da realidade dá ao filme um tom quase perturbador. Afinal, quando cai a ficha de que essas pessoas estavam no controle do mundo você percebe o quão perto do caos nós vivemos.

Brolin está numa ótima fase, o ator protagonizou Onde os Fracos Não Têm Vez, ganhou diversos prêmios por seu papel de coadjuvante em Milk e o que faz o filme funcionar aqui é justamente sua caracterização de Bush. Ele não é fisicamente parecido, mas recria os trejeitos e a voz com perfeição e consegue a proeza de não cair na caricatura. Esta é a terceira biografia de presidentes de Stone (JFK e Nixon a precedem) e, apesar do tom aparentemente mais leve, que retrata Bush como uma figura até simpática, um peão a serviço de gente bem mais sinistra (Cheney lembra até o General Turgidston de Dr Fantástico, ao mostrar suas ambições de domínio), o filme não poderia deixar de criticar o governo, e apesar de Stone ter dito que sua visão era isenta, obviamente não é.

O que frustra o espectador é exatamente a falta que fez os últimos anos do mandato de Dubya, por mais que o diretor tenha dado maior peso ao lado humano da história, a queda é tão ou mais interessante que a subida e o filme nem fala sobre sua reeleição, acabando meio bruscamente e deixando um gosto de superficialidade. Pode ser que isso seja consequência do pouco tempo que tivemos pra dissecar os bastidores desse governo, mas W merece ser visto pela brilhante atuação de Brolin como esse mané que chegou ao topo do mundo, restando ao espectador julgar se ele mereceu ou não. É o melhor trabalho de Oliver Stone nos últimos anos, mas certamente ainda tem história nesse governo que precisa ser contada e o filme deixa essa lacuna vazia.

Comentários (0)

Faça login para comentar.