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Críticas

Cineplayers

Embora tenha uma premissa muito limitada, consegue divertir como um grande passatempo.

7,0

Engana-se quem pensa que a maior competição no mundo da animação dá-se entre os desenhos feitos por computação gráfica versus os desenhos de computação tradicional. Essa batalha já foi finalizada há tempos e o vencedor todo mundo já sabe qual é. Hoje em dia, a grande disputa é entre duas empresas que não estão para brincadeira: a grande Pixar (de filmes como "Toy Story", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo") contra a DreamWorks, que há alguns anos surpreendeu o mercado com o mega-sucesso "Shrek", que conseguiu uma bilheteria extraordinária e ainda por cima ganhou o primeiro Oscar de Animação da História.

Como era de se esperar, a DreamWorks não deixou de faturar em cima de seu sucesso e logo emendou essa continuação. Trazendo basicamente os mesmos personagens do longa anterior, o filme é um tremendo sucesso de bilheteria (já é a maior animação de todos os tempos em termos de dinheiro arrecadado - mais de 400 milhões de dólares já entraram na conta, e o filme custou 75 milhões) e também um estrondoso sucesso da crítica.

Para falar a verdade, o filme não possui nenhuma invenção narrativa que possa chamar mais atenção. O roteiro é o mais simples e previsível possível: Shrek (dublado por Mike Myers) e sua esposa, a princesa Fiona, agora com aspecto de ogro permanente (Cameron Diaz) são convidados a comparecerem na Terra Muito, Muito Distante pelos reis desta terra (dublados por Julie Andrews e por John Cleese) para darem a benção ao casamento da filha. Estes só não esperavam ver os dois monstrinhos, o que causa aquele velho conflito por causa das diferenças (uma grande semelhança com o clássico "Adivinhe Quem Vem Para Jantar", com Sidney Poitier sofrendo nas mãos de sua futura sogra Katherine Hepburn por ser negro).

O grande barato do filme são mesmo as citações que pipocam na tela. Desde as referências cinematográficas, como "A Um Passo da Eternidade", que poucos vão pegar, até a Street Fighter, famoso jogo de videogame que a molecada com certeza vai sacar. Mas são tantas as brincadeiras que deve-se ver o filme mais algumas vezes para pegar tudo. E tudo está correto (nada é exagerado e sem sentido como em "As Panteras: Detonando"), em um ritmo mais ágil (dando de goleada nesse sentido no filme anterior) e extremamente bem cuidado. A animação é de primeira, com um trabalho exemplar: texturas, movimentos, cenas de ação, tudo em perfeita sincronia.

O mais interessante é que a equipe que desenvolveu essa seqüência sabia que o personagem-título não é lá o mais carismático de todos. A solução encontrada foi colocar excelentes personagens coadjuvantes para deixar o filme mais divertido. Convocaram novamente o irritante burro (Eddie Murphy), que tinha roubado todas as cenas no filme anterior, e ainda acrescentaram o famoso Gato de Botas (voz de Antonio Banderas, com sotaque espanhol e tudo), que na história é contratado pelo rei a dar cabo ao ogro. Só que o Gato, que de perigoso não tem nada, logo se alia a Shrek na história. O personagem do gato é de um desenvolvimento incrível, com as melhores cenas e piadas do longa. Basta dizer que ao final da projeção você vai querer ter um gato daqueles na sua casa. E há ainda a fada madrinha (dublada por Jennifer Saunders), que de boazinha não tem nada, que vai fazer de tudo para a Princesa Fiona deixar o ogro e casar com seu afetadíssimo filho (dublado por Rupert Everett, de "O Casamento do Meu Melhor Amigo").

Um belo longa, muito bem definido, que soube lidar com as limitações de tema e personagens e acabou desenvolvendo um grande passatempo. Não há porque não deixar de recomendar, pois é diversão garantida na certa. Agora, é aguardar o contra-ataque da Pixar, que no final do ano lança "Os Incríveis". Mas uma coisa é certa: com esta disputa, quem está ganhando sou eu, é você...

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