Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Usar um fenômeno editorial como ponto de partida para um filme sempre vai soar pretencioso. É uma forma fácil de o estúdio garantir alguns milhões antes mesmo de a produção ser rodada. O curioso é que um nome tão forte quanto Fincher aceite um projeto assim, um pré-fabricado que normalmente costuma sobrar para realizadores novatos.
O que não é surpresa é a qualidade final do trabalho.
Já que Fincher, sempre com a ajuda de um excelente roteirista, contuma elevar a um novo patamar os materiais originais que adapta. Unindo o roteiro de Stele Zailin com o seu completo domínio do genêro suspense, Fincher não erra a mão. Mais uma vez.
A trama é exposta e deselvolvida de uma forma rápida e segura. Apesar da longa duração do filme, o roteiro é extremamente econômico com dialogos e ação.
Só há espaço para maneirismos nas cenas de crueldade,que não soam nada gratuitas e tem uma importância fundamental na criação de uma sensação de desconforto constante no espectador.
Essa atmosfera de neurose e perseguição é também produto da trilha sonora praticamente incessante de Trent Reznor, que parece trazer toda a lugubridade e peso de sua banda Nine Inch Nails para os seus trabalhos com Fincher.
Tendo a crueldade como raiz, o filme divaga ainda sobre costumes e estigmas sociais. Esses temas rodeiam personagens de qualidade ímpar, como a hacker/espíã Lisbeth, que após ser marginalizada pelo estado e pela sociedade, tem na sua mão a moral de um seleto grupo de homens ricos que comandam o país. Surge outra reflexão, a forma na qual as novas tecnologias provocam mudanças na interação entre classes sociais, o que segundo a trama, é um resultado direto da fragilidade dos sistemas onde homens ricos e pobres deixam impressa sua conduta.
Fincher repete a proeza de tornar ainda maior uma excelente história e adiciona um ponto, não fundamental, mas relevante na sua já especial filmografia.
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