Mulheres tentando sobreviver em um mundo governado por homens. Mulheres tentando resistir em um mundo de aparências. Mulheres que carregam o peso do mundo em seu ombros. Mikio Naruse construiu um filme cujo drama se desenvolve de forma inabalável e precisa, sem ornamentos, mas que traz uma forte representação das angústias que vivem no cerne da natureza humana, que percorrem a condição da mulher. É um olhar singelo, apurado. Uma triste melodia tocada com uma delicadeza singular.
Com um toque de Ozu, Naruse reflete sobre o lugar da mulher em uma sociedade que lhe cobra satisfações, e optar por seguir outro rumo pode soar como ousadia. A trama flui sutilmente e envolve com sua profundidade na aparente simplicidade.
Filme competente de Naruse, numa espécie de releitura de Noites de Cabíria. Personagens cativantes, técnica admirável e boa fotografia mas confesso que essa via-crucis da vida errante e azarada da prostituta me geram um certo desinteresse.
Espécie de releitura de Noites de Cabiria (não a toa a homenagem no letreiro), mas aqui num tom mais sóbrio e reforçando o drama social: a mulher de 30 anos, os negócios, os novos capitalistas, pelos olhos de uma mulher tradicional vs ocidentalização.