Roschdy Zem sabe que o importante não é o que se filma, mas como se filma. A força da mise-en-scène amplifica a inquietação. E "Chocolate", também por ser bem realizado, revela-se um forte filme político.
Funciona como biografia mas não se limita a isso, é divertido e interessante sem se prender a fatos reais.
Olhando por outro lado, Chocolate perdeu muito de sua vida por arriscar demais. Nas apostas lógico mas em querer sair de sua escravidão social.
O convencionalismo impera e desanima, mas a discussão sobre estigmatização e preconceito e as relações interpessoais retratadas são contundentes e bem desenvolvidas, escapando, mormente, de armadilhas comuns. Thiérrée fantástico.
Desde a época de Chocolat, o mundo mudou, mas nem tanto... Hoje o próprio Omar Sy é o único astro negro do cinema francês, sucesso conquistado por talento aliado a um carisma inegável. Mais uma vez, uma performance comovente e competente.