Saltar para o conteúdo

Notícias

Sundance 2019 | Documentário sobre Michael Jackson choca o público do festival


Pacata apesar de turística, Park City se transforma todo ano, em janeiro, quando a fria cidade em Utah recebe o tradicional Festival de Sundance, fundado por Robert Redford em 1978. Porém, na última sexta-feira (25), o interior e os arredores do Egyptian Theater ferveram em tensão (com direito a contingente policial triplicado e cães farejadores) com a promessa de uma estreia bombástica: Leaving Neverland, documentário com duras acusações ao saudoso e polêmico Michael Jackson.

O filme de quatro horas dividido em duas partes pelo diretor Dan Reed já começa de maneira chocante, com um aviso de descrições "gráficas" de atos sexuais envolvendo menores. Segundo a Rolling Stone, os "detalhes aterradores" dos relatos — envolvendo abusos sexuais em hotéis, casas e no famoso Rancho Neverland — evocam no espectador o estresse pós-traumático vivido pelas supostas vítimas do Rei do Pop. A publicação ainda relata: "Durante o intervalo de 10 minutos, os espectadores pareciam ligeiramente atordoados. Ao fim da sessão, o público estava completamente chocado."


Ao longo dos 236 minutos de Leaving Neverland, o bem-sucedido coreógrafo Wade Robson, de 36 anos, e o ex-músico James Safechuck, 42, detalham como cada um ficou amigo de Michael Jackson, à época do lançamento do álbum "Bad", de meados ao fim da década de 80. Depois, como teriam acontecido os abusos, durante anos, e como MJ usou de mentiras e coação psicológica para convencê-los a manter segredo. Em 1993, eles foram novamente persuadidos por MJ: a testemunhar em seu favor no tribunal quando réu de um processo por abuso sexual de menor.

"Eu entendo por que é tão difícil [para os fãs] entenderem isso. Só conseguimos aceitar e entender algo quando estamos prontos", disse Wade Robson, segundo a US Magazine, com a voz tranquila. Ele e James Safechuck foram aplaudidos de pé ao fim da exibição do longa-metragem, que estreia ainda em 2019 na HBO.


A US Magazine listou os 5 aspectos mais chocantes de Leaving Neverland. Não em detalhes, devido ao conteúdo sensível do documentário (a ponto de o Festival de Sundance ter convencido membros do Conselho Tutelar de Park City a comparecer à sessão e prestar eventual assistência ao público no salão do Egyptian Theater). Confira o texto na íntegra:

Atenção! Spoilers do filme Leaving Neverland. Leia por sua conta e risco.

1. O abuso começou quando as vítimas eram crianças

Robson era um dançarino criança e cover do astro Michael Jackson em sua terra natal, Austrália, quando ele e sua família conheceram o cantor nos bastidores de um show em Brisbane. Em 1990, a família de Robson voltou a entrar em contato com ele durante um período de férias em Los Angeles. Ele e Robson, então com 7 anos, tiveram uma ligação instantânea e ele convenceu a mãe de Robson a deixar o garoto ficar sozinho com ele enquanto o resto da família visitava o Grand Canyon. Aquela noite, segundo Robson, Jackson fez sexo oral nele e enfiou a língua em sua boca. "Ele disse, 'É assim que demonstramos nosso amor'", conta Robson sobre Jackson. Safechuck, por sua vez, conheceu Jackson quando eles gravaram juntos um comercial da Pepsi em 1986. Um apaixonado Jackson logo levou Safechuck e sua família em turnê com ele. Pernoites em Neverland se transformaram em encontros sexuais gráficos, segundo as alegações. Safechuck, então com 10 anos, diz que Jackson começou mostrando como se masturbar. O abuso seguiu numa escalada dali em diante.

2. Jackson deu um anel de casamento para Safechuck e disse que eles eram casados

Falando com naturalidade, Safechuck afirma que ele e Jackson tiveram uma cerimônia de casamento simulada, com direito a troca de votos. Jackson até deu a ele um anel com uma fileira de diamantes incrustados. Nesse trecho de Leaving Neverland, as mãos de Safechuck tremem quando ele tira o anel de uma caixa de jóias e afirma que o astro muitas vezes o recompensou com jóias em troca de atos sexuais. "Ainda é difícil para mim não me culpar", diz ele. Safechuck também alega que, depois que Jackson foi envolvido no processo judicial de 1993, ele lhe avisou que teria relações amorosas públicas com mulheres, mas "elas não iam significar nada". Ele se casou com Lisa Marie Presley em 1994 e Debbie Rowe em 1996.

3. Macaulay Culkin atravessou [o relacionamento de] Jackson e Robson

Robson e família contam que Jackson os convenceu a se mudar da Austrália para Los Angeles em 1991, se oferecendo a pagar todas as caras despesas. Mas, assim que eles partiram [para LA], Jackson começou a ignorá-los. Quando Robson chegou no set do clipe de "Black and White", ele descobriu o porquê: Macaulay Culkin — então no auge do sucesso de Esqueceram de Mim — se tornara o centro das atenções de MJ. "Agora eu estava à margem", lembra ele. "Aquilo me deixou muito confuso." Mas, quando Jackson se viu enterrado no processo de 1993, ele voltou a se concentrar em Robson para garantir que ele testemunhasse em seu favor e negasse todas as acusações. Robson concordou. Após o acordo, Robson disse que Jackson fez sexo anal nele pela primeira vez. Ele tinha 14 anos. Aquele seria o último encontro sexual entre eles.

4. Jackson os coagiu a mentir

Safechuck diz que, quando tinha apenas 10 anos de idade, Jackson fez com que eles fizessem "simulações de emergência" e se vestissem caso alguém se aproximasse do quarto enquanto eles estivessem em uma situação comprometedora. Ele alega que os dois tiveram relações sexuais em áreas fechadas de Neverland, como um sótão cheio de brinquedos, tendas no gramado e uma sala de jogos. Segundo ele, Jackson dizia que se ele contasse a alguém, "sua vida estaria acabada e minha vida estaria acabada". Safechuck seguiria negando qualquer ato ilícito por mais de uma década, até que um dia ele se abriu para sua mãe e sua esposa. Jackson fez as mesmas ameaças a Robson, dizendo-lhe que se ele revelasse algo difamatório, ele iria para a prisão pelo resto de sua vida. Robson explica isso como um motivo pelo qual ele foi testemunha de defesa de Jackson, observando que nunca reprimiu as atividades sexuais dos dois.

5. O comportamento de Jackson mudou dramaticamente antes de sua morte

Apesar das alegações de abuso, Robson diz que ele e Jackson permaneceram bons amigos até a sua morte, em 2009. Mas o último encontro entre eles no fim de 2008 — em Las Vegas, onde Robson trabalhava como coreógrafo e Jackson fazia uma visita — mostrou evidências de que Jackson estava em declínio. Jackson foi a casa de Robson com seus três filhos, Prince Michael, Paris e "Blanket". Robson conta que Jackson logo encheu um copo plástico vermelho, até a borda, com vinho tinto, muito embora ele nunca tivesse visto Jackson, que era Testemunha de Jeová, beber álcool. Ele bebeu tudo e encheu o copo de novo. Então, Robson diz, Jackson anunciou que ia se recolher um pouco no andar de cima. Ele não desceu mais. O mais intrigante, segundo Robson, foi seus três filhos não parecerem desconcertados com o comportamento do pai. Robson nunca mais o viu. Quanto a Safechuck? Ele se recusou a testemunhar a favor de Jackson no julgamento de 2005. Ainda assim, ele diz que Jackson ligou para ele e prometeu que ajudaria a impulsionar sua carreira como diretor de cinema. Safechuck recusou a oferta. Eles nunca mais se falaram.

Comentários (0)

Faça login para comentar.