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Último filme de Orson Welles está prestes a ser concluído



Para os cinéfilos, o nome dispensa apresentações. Orson Welles é o artista mais que original que revolucionou o modo de fazer filmes com Cidadão Kane e ainda deixou para a posterioridade clássicos como A Dama de Shanghai e A Marca da Maldade

Para os curiosos por história, é sabido também como Orson Welles foi um "maldito", arrumando problemas com a conservadora indústria de sua época e tendo que filmar muitos filmes com orçamento reduzido e abandonar tantos outros.

E seu último e jamais lançado filme de ficção The Other Side of the Wind está chegando perto de ganhar a luz do dia. Ou o escuro das salas, como preferir. A Netflix adquiriu os direitos globais em março desse ano e financiou a conclusão do filme com planos de lançar em 2018. 

Agora, como reporta a Variety, o filme alcançou o estágio de pós-produção ao contratar como editor Bob Murawski, Oscar de Melhor Edição por Guerra ao Terror, e o multipremiado Scott Milan para cuidar da mixagem de som - venceu cinco de nove indicações ao longo da carreira, incluindo por Gladiador e Ray.

"Eu não acredito que estou trabalhando em um 'novo' filme do lendário Orson Welles", disse Murawski, "eu sinto que é o filme mais importante acontecendo no mundo agora e estou excitado e honrado de ser parte disso". Millan também compartilha a excitação: "Orson Welles disse que audição é o primeiro sentido humano, não o olho. Eu concordo e espero que consigamos recapturar os ritmos sedutores de um dos nossos grandes cineastas".

O produtor Frank Marshall, que trabalhou na equipe original, disse à Variety que "após todos esses anos eu não acredito que estamos trabalhando na pós-produção de The Other Side of The Wind. Graças à Netflix pudemos reunir um time incrível de pós-produção para encarar o desafio excitante de terminar o último filme de Orson. Foi uma experiência extraordinária trabalhar com ele 40 anos atrás e será uma honra ajudar ver sua visão finalmente tomar forma na tela grande".

O empolgado veterano trabalha com a consultoria do cineasta Peter Bogdanovich (A Última Sessão de Cinema), um dos melhores amigos de Orson Welles na fase final da carreira do lendário cineasta e que também atou no filme ao lado de outros gigantes como John Huston (O Falcão Maltês), Mercedes McCambridge (O Exorcista) e Dennis Hopper (Veludo Azul), a partir de uma história que co-escreveu com a atriz Oja Kodar (Verdades e Mentiras), onde de maneira metalinguística e autobiográfica filma a história de um diretor temperamental que batalha por seis anos contra Hollywood para terminar seu filme.

Esse personagem feito pelo também lendário diretor John Huston poderia ser o próprio Orson Welles, mas a base do personagem foi um encontro entre Welles e o lendário autor Ernest Hemingway. O escritor da obra-prima Por Quem os Sinos Dobram teria perdido a paciência e arremessado uma cadeira no diretor.

Welles trabalhou no filme até vir a falecer em 1985, contrabandeando 45 minutos prontos para os EUA do filme que havia fico retido na Europa a mando do investidor Mahdi Busheri, que havia ficado com o direito de mais de mil latas de negativo. Agora de posse dos negativos, a produção também chamou o cortador de negativos Mo Henry, que já trabalhou em mais de 300 filmes e a supervisora de pós-produção Ruth Hasty (Missão: Impossível).

32 anos depois de sua morte, Orson Welles promete provocar e transformar o mundo com seu cinema revolucionário - mais uma vez.

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