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Viola Davis se arrepende de ter feito Histórias Cruzadas


Viola Davis é uma das mulheres mais notáveis da Hollywood atual. Por seus trabalhos premiados no cinema (Um Limite Entre Nós) e na TV (How to Get Away with Murder), mas também por seu posicionamento sociopolítico em favor de minorias na indústria cinematográfica e no mundo.

Dado esse contexto, não é surpresa que ela se manifeste contra a abordagem equivocada de um de seus trabalhos mais importantes como atriz: Histórias Cruzadas, longa de Tate Taylor pelo qual foi indicada ao Oscar 2012. O filme acompanha uma jovem determinada a se tornar escritora (Emma Stone) que baseia seu primeiro livro em entrevistas a empregadas negras que servem à elite branca do Mississipi nos anos 60.

"Se eu fiz papéis de que me arrependo? Fiz, e Histórias Cruzadas está nessa lista", disse Davis, em entrevista ao The New York Times, ponderando: "Mas não em termos de experiência e das pessoas envolvidas, que eram todas ótimas. As amizades que formei eu terei pelo resto da minha vida. Eu tive uma ótima experiência com aquelas outras atrizes, que são seres humanos extraordinários. E eu não poderia desejar um colaborador melhor que Tate Taylor."

O questionamento de Davis reside no enfoque do longa-metragem: "No fim das contas, eu senti que não foram as vozes das empregadas domésticas que foram ouvidas. Eu conheço Aibileen. Eu conheço Minny. Elas são a minha avó, a minha mãe. E eu sei que quando se faz um filme cuja premissa é saber como é trabalhar para pessoas brancas e carregar seus filhos em 1963, eu vou querer ouvir como essa pessoa se sente sobre isso. E eu nunca ouvi isso ao longo do filme."

Em suma, o questionamento de Viola Davis é o mesmo de muitos críticos e articulistas que discutiram Histórias Cruzadas à época e o detratam até hoje: em vez de dar espaço às mulheres negras, como é a promessa do filme, o protagonismo do longa-metragem é todo das mulheres brancas — o que denota um problema básico de abordagem.

Apesar disto, Histórias Cruzadas rendeu um Oscar de atriz coadjuvante para a atriz negra Octavia Spencer.

Comentários (1)

Walter Prado | quarta-feira, 12 de Setembro de 2018 - 18:27

Olha, sinceramente este tipo de declaração parece meio oportunista pra ficar de bem com tais causas, porque ela tinha idade o suficiente pra já ter percebido isto quando aceitou fazer. E a coisa fica ainda mais escancarada como algo enlatado, quando vem com este monte de elogios tipo "eram todas ótimas pessoas", "seres humanos extraordinários", não poderia desejar ninguém melhor que Tate Taylor", oras, ele é o diretor e roteirista do filme.

É algo parecido com Gerwigs, Chalamets e Pages da vida que hoje dizem se arrepender de terem trabalho com Woody Allen, sendo que quando filmaram com ele, o caso já existia há décadas, e não houve nenhuma novidade depois disto.

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