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Woody Allen declara apoio ao #MeToo


Em surpreendente entrevista dada no último domingo em um programa de TV argentino, o cineasta Woody Allen se disse muito favorável ao movimento cultural #MeToo, iniciado a partir de uma reportagem comandada por seu filho Ronan Farrow no jornal New Yorker, em outubro do ano passado. Depois de inúmeras mulheres da indústria cinematográfica americana acusarem o poderoso produtor Harvey Weinstein de má conduta sexual em ambiente de trabalho, Ronan liderou uma revolução e caçada ao todo-poderoso de Hollywood, que culminou em sua recente apreensão. 

Com a repercussão do movimento, outros nomes da indústria também acabaram denunciados e nesse meio todo o polêmico passado de Allen veio à tona novamente, com sua filha Dylan Farrow voltando a acusá-lo de abuso sexual durante sua infância, no início dos anos 1990. A atriz Mia Farrow (O Bebê de Rosemary), ex-esposa de Allen, levou o caso à polícia na época e uma investigação intensa concluiu que o cineasta era inocente. Allen sempre negou as acusações e recentemente obteve o apoio de um de seus filhos, Moses, que afirma que o suposto abuso não passa de uma invenção de Mia para punir Allen pelo fim do casamento, após o diretor abandoná-la para ficar com a filha adotiva dela, Soon-Yi, com quem é casado até hoje. Segundo Moses, Mia manipulou ele, Dylan e Ronan para mentir e confirmar os abusos perante a polícia. Dylan e Ronan, por outro lado, defendem a mãe e confirmam a versão dela dos fatos. 

Na entrevista, Allen reafirmou que as investigações da polícia confirmaram sua inocência e disse que torce para que o movimento #MeToo leve à justiça os assediadores acusados. O cineasta também afirmou ser injusta a comparação entre ele e o produtor Harvey Weinstein, e que deveria ser o garoto propaganda do #MeToo, já que em seus mais de 50 anos de carreira nunca foi acusado de nenhum tipo de conduta inapropriada por nenhuma atriz com quem trabalhou. 

A carreira de Allen tem sido prejudicada com as declarações recentes de Ronan e Dylan Farrow e pelos adeptos do #MeToo, e levou diversos atores que já trabalharam antes com ele a declarar publicamente arrependimento, como Greta Gerwig e Ellen Page (Para Roma, Com Amor), além de Timothée Chalamet (no ainda inédito A Rainy Day in New York). Seu último trabalho, Roda Gigante (2017), teve a campanha pelo Oscar boicotada e acabou sem nenhuma indicação, e seu próximo filme tem encontrado dificuldades para conseguir distribuição, correndo o risco de jamais ir para os cinemas, embora já em fase de pós-produção. 

Apesar de tudo, muitos atores apoiaram publicamente Allen, como Alec Baldwin, que trabalhou com o diretor em Blue Jasmine (2013), Para Roma, Com Amor (2012) e Simplesmente Alice (1990), além de Diane Keaton, que foi sua primeira musa e esposa, com quem trabalhou em clássicos como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Interiores (1978) e Manhattan (1979). 

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