The Box.
Outro grande feito de Richard Kelly!
Mais uma vez o diretor nos presenteia com um filme que prende o espectador e o deixa estupefato através da excelente sequência de filmagens que recria todo um clima de época e que esbanja mistério e suspense.
Em Donnie Darko, o diretor já havia demonstrado sua maestria e potencial ao analisar a sociedade norte americana e a psicologia humana. Nesse sentido, o diretor evidenciou de forma nada convencional as implicações de um mundo conturbado pelos valores e padrões de referência de uma sociedade doente e norteada em fundamentos superficiais através das aparências e falsos padrões morais e éticos que visam uma uniformização dos corpos e mentes dos indivíduos direcionando-os exclusivamente ao capitalismo consumista.
Agora, em "A Caixa", temos mais uma obra emblemática que revela a essência do sistema perverso que se enraizou no espírito humano e que corrói os princípios de solidariedade, dignidade e respeito ao outro e a vida. Em outras palavras, as virtudes tão caras e necessárias à convivência social, construídas ao longo de séculos de história e duro aprendizado, dentro da civilização humana, que parecem estar totalmente suplantadas pela ganância em razão do dinheiro e a falta de escrúpulos, que ao que tudo indica estão dominando a mente e o coração dos homens no atual sistema capitalista e consumista em que vivemos.
Independentemente, das possíveis criticas que os atores possam vir a receber, Cameron Diaz, que interpreta a personagem Norma Lewis, uma professora que leva uma vida normal como mãe, esposa e professora, têm um papel relevante e consegue transmitir toda a tensão de ter que decidir por manter a vida de um desconhecido não apertando o botão da caixa e/ou apertar o botão, matar uma pessoa e receber 1 milhão de dólares em dinheiro vivo. Já o ator James Marsden, interpretando Arthur Lewis, realizou uma atuação de menor destaque, mas bem distinta da saga X-Men, onde atuou como Ciclope, que o deixou de certa forma stigmatizado pelo personagem.
Como Arthur Lewis, em A Caixa, James Marsden, consegue passar mais seriedade e dramaticidade, pois Arthur é um engenheiro altamente competente que trabalha para Nasa e ao mesmo tempo é um marido dedicado que ama esposa e deseja de todo coração ajuda – lá com sua deficiência física no pé, trabalhando na construção de uma espécie de prótese com materiais obtidos na própria Nasa, a fim de sanar a dificuldade de movimentação e dor que a esposa sente constantemente. Talvez tenha deixado um pouco a desejar no que se refere à ênfase de apertar ou não o botão, que poderia ter sido maior quanto ao fato da decisão e persuasão para que a esposa não apertasse e/ou ao contrário, fazê-la decidir por apertar o botão com mais propriedade. Nesse sentido, o ator poderia ter tido maior força e empenho, o que certamente teria dado mais dramaticidade e visibilidade ao personagem.
Certamente, quem ganhou o filme e demonstrou que está no auge de sua carreira é o ator Frank Langella que interpretou o misterioso senhor: Arlington Steward. É necessário destacar que Langella a cada papel ganha mais prestigio e que em A Caixa, ele consegue se destacar completamente dos demais. Personagem emblemático, misterioso e sobrenatural, são alguns dos adjetivos que podemos sublinhar sobre o senhor Arlington, ele consegue carregar o filme com muito suspense, mistério, desconfiança e expectativa durante todo o desenvolvimento da trama. Fantástica atuação é pouco para descrever a atuação de Langella, ele realmente merece todas os elogios e deferências que vem recebendo nos últimos tempos.
Por fim, se faz necessário salientar que The Box, é um alerta para que possamos refletir sobre a nossa própria existência e evolução, pois o consumo excessivo e desmedido e a busca desenfreada pelo dinheiro a qualquer custo, em detrimento da vida e dos recursos naturais podem impedir a continuidade da existência de nossa espécie e das demais, assim como do próprio planeta que é o nosso lar e o lugar que nos dá suporte e sustentabilidade. Além disso, trabalha questões que são fundamentais para a convivência humana em sociedade, que é o respeito e a valorização da vida, da fraternidade e solidariedade humana, que devem estar acima do dinheiro e dos interesses individuais. Ótimo filme!!!!
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