David Fincher diretor da Crueldade!
Segundo François Truffat, Car Dreyer, Alfred Hitchcock, Akira Kurosawa, Preston Sturges e Luis Buñel são realizadores de um cinema de "Crueldade" em razão de um modo de expressão subsersivo e da discussão da moral dentro das suas obras. Dentro desse contexto se enquadra atualmente David Fincher diretor de filmes com personagens marcados pela perversidade e de moral duvidosa, o Serial Killer Se7en é uma mostra desse cinema, que se confirmaria em sua filmografia com Garota Exemplar(Gone Girl, 2014).
Escrito por Gillian Flynn a partir do seu próprio livro, abre o filme em Off com a narrativa de Nick Dunne(Ben Affleck), dizendo que queria quebrar o crânio da esposa afim de econtrar respostas. Quais respostas seriam essas? De cara vemos que não será um quebra-cabeça fácil de ser montado, bem mais complicado do que se traduz o título.No dia do aniversário de casamento de 5 anos, Amy( Rosamund Pike), desaparece sem deixar rastros. Nick Dunne depois de acionar a polícia e falar uma série de mentiras se torna o principal suspeito, e junto com a ajuda da irmã Margo Dunne(Carrie Coon), tenta provar sua inocência. Nesses 10 minutos iniciais desconhecemos qualquer informação do passado dos personagens, ponto pra o roteiro que não deixa pista alguma e instiga ainda mais o telespectador que assim como Nick não sabe o que aconteceu com Amy.
A primeira metade do filme temos um suspense/policial que lembra bastante Se7en, e juntos com a polícia investigamos a fundo e temos quase que certeza que Nick é o assassino de Amy. Aí que está o cinema de Crueldade que Truffat cita sobre diretores de um passado brilhante. Nick é de moral duvidosa já que descobrimos que ele não amava mais Amy, que a estava traindo com uma de suas alunas, entre outras atitudes pra lá de duvidosas. Já Amy é apresentada ao público como uma Garota Exemplar, um modelo a ser seguido por todos, Linda, inteligente, culta.
A segunda metade sofre uma reviravolta sem igual, dando lugar a uma comédia de humor negro ácido, acrescentado com uma dose de loucura e uma Rosamund Pike espetacular, a obra acelera de vez e é revelado a faceta de Nick e Amy realmente. A desconstrução como acontece é um dos fatores que fizeram não ter saído da minha mente desde quando vi, a trilha sonora de Trent Reznor presente do início ao fim só aumenta a qualidade do filme.
A cena do assassinato é das mais dignas já vistas no Cinema, será questão de tempo que vai se tornar um cult como a mais famosa de Psicose e a mais perfeita de Tenebre. Fincher lutou com o estúdio e exigiu a contratação à qualquer custo de Rosamund Pike( Indicada ao Óscar pelo papel), faz jus à insistência e tem uma atuação arrebatadora, até o fraco do Ben Affleck se saiu bem, não se tornando um zero a esquerda como em outras atuações.
O papel da mídia sobre a opinião mundial, casamentos, investigação Policial, tudo visto da forma mais sarcástica. Pequenos detalhes como o sorriso de Nick a pedido de uma fã na foto que tirou, faz com que tudo e todos o incriminem mesmo sem a certeza de que ele seja de fato o culpado. Nada mais é, que, um filme com requintes de Crueldade, com uma mídia suja, investigação Policial pífia, vide depois do assassinato, investigação zero e sobre manter as aparências de um Casamento infeliz.Uma verdadeira sátira a todos esses problemas cada vez mais atuais. Que Fincher então continue presenteando o público com seus filmes cruéis.
Valeu Darlan
Não sei pq uma obra prima como esse texto não recebeu uma estrelinha. Tbm não sei pq o Darlan não é chamado pro glorioso time de críticos daqui.
Certeza que o menino largaria a padaria pra viver a vida cobrindo festivais. Mas se o quiserem, ele não vai cobrar pouco, pq Outback com a namorada não sai barato