"Wicked" tem um capricho e um acuro visual muito interessante, fazendo uma justa homenagem ao material original sem deixar de ter sua personalidade, ainda que eu ache a fotografia estranha. Mas tudo isso é bem salutar: desenvolver cenários próprios, teatralizados, orgânicos à proposta de construção de um mundo imersivo e mágico.

Cédric Kahn até tenta fazer um fime metalinguístico aqui, mas com personagens de zero carisma fica difícil, e mais difícil ainda a salada que o roteiro faz. As únicas boas cenas são as iniciais mesmo, inclusive com tomadas do alto. Após isso, um monte de diálogos desperdiçados e conflitos muito nada a ver (aquela história de que alteraram o roteiro ficou intragável). Fora uma ou outra tirada (não estamos nos EUA) não resta muita coisa a fazer.

Aqui já estava a semente do que viria ser "Babygirl", onde o sexo, embora condutor da trama, é visto como percurso psicológico, não interessando à diretora filmar o ato em si (o que é uma pena, já que as cenas nunca se concretizam e tornam o filme um pouco sem graça). Freud explica melhor o que a diretora tentou traduzir em imagens, por mais que aquele namorado gostoso dela quase suspende a minha imersão nessa troca que a protagonista resolveu fazr de parceiro, domada pelo medo, culpa, e tesão.

O não ele já tinha, daí ele foi atrás da humilhação. E tudo isso filmado em uma iluminação super escura, que mal dá para percebê-lo em certos cenas, talvez seja para melhor ocultar a sua derrota. Bicha, melhore!