Não é apenas pelo fato de ter uma Mia Farrow em ótima atuação que este filme lembra os melhores trabalhos de Woody Allen. Diálogos afiados, elenco em boa forma, bem-humorado e irônico, uma visão realista sobre relacionamentos, tudo isso faz de “Casos e casamentos” uma ótima pedida.
De início, vemos a ótima Gwyn (Sarah Jéssica Parker, de “Sex and the city”) tornar-se noiva e passar o filme inteiro se deparando com os casos de infidelidade dos seus irmãos e de seus pais. O grande mérito do filme é ser muito bem construído: além dos diálogos cuidadosamente escritos, as cenas vão acontecendo naturalmente, a passagem de tempo de quase um ano vai se construindo sem atropelamentos, e tudo num tom que nunca beira o moralismo.
A construção dos personagens também está fantástica. Mia Farrow faz a mãe de Gwyn, e acaba tendo um caso com ninguém menos que Antonio Banderas. A diferença de idade nem é notada, dado o grau de cuidado e sutileza com que o roteiro constrói as situações. Da mesma forma vemos a irmã de Gwyn recém-casada fazer o papel de uma mulher compulsiva e adúltera, sem nenhum momento tomá-la como uma vadia ou algo do tipo. E ainda que o caso vivido pelo irmão de Gwyn tenha sido de forma inescrupulosa, causando repulsa à primeira vista, a forma como foi contada humanizou o personagem. Mérito para Frankel que também escreve o roteiro.
Há um grande número de piadas disparadas constantemente. A duração do filme é perfeita, e simplesmente o humor se sustenta durante toda a projeção. Outro ponto positivo é o fato de termos personagens maduros, todos eles têm uma forma particular de lhe dar com as situações de infidelidade apresentadas.
(In)felizmente não temos aqui nenhuma novidade em termos de direção. Ela é a mais limpa possível. Uma cena em especial temos um plano sequência que acompanha mãe e filha indo de um andar ao outro de um shopping, pegando um elevador, discutindo sobre os casos amorosos da genitora. Nada de mais. Também o fato de termos um prólogo desnecessário, uma vez que é somente Parker falando por uns segundos, em nada acrescenta ao que é visto.
De qualquer forma, trata-se de um dos melhores filmes sobre relacionamentos. E sem um final convencional, mas com uma cena reflexiva, temos a cereja que faltava nesta película esquecida, que não trás nada de novo, mas absolutamente bem feita, divertida e agradável de assistir.
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