Confesso que fui sem expectativa nenhuma, e por mais que esteja longe de ser um filme memorável, também não é ruim: tem um roteiro que, apesar das falhas e típicas concessões, é bem amarado, sabe o que quer. Os efeitos continuam tenebrosos, mas a história prende, há ali claros objetivos, personagens interessantes (apesar dos diálogos) e uma imersão condizente com o universo.
Não dá para esperar muita coisa de filmes de super heróis, salvo raras exceções. E o universo do Aranha ganhou novo fôlego recentemente coma ótima produção da animação do "Aranhaverso", que de fato continua sendo a melhor coisa feita sobre os heróis nos últimos anos. Assim, embora Madame Teia não consiga chegar no mesmo nível, gosto como tenta andar com as próprias pernas, sem surfar na onda do Peter Park, que aliás tem menção tímida aqui.
Assim, é um filme que explora o nascimento da personagem, sua relação com a mãe, pesquisadora de aranhas, e o filme já começa na amazônia peruana (retratada de forma arquétipa e preguiçosa, é verdade), mas ao menos a economia de detalhes serviu aqui para narrar a história de origem e também a motivação do vilão.
Dakota Johnson está até muito à vontade com o papel, assim como o vilão vivido por Tahar Rahim, que corre em perseguição às outras moças, já que elas lhe parecem em sonho, matando-o. É um filme de caça.
Eu confesso que gosto da movimentação de câmera, dá uma movimentada muito bacana, como na cena em que o vilão aranha entra na lanchonete em busca do quarteto feminino: os giros de 360º performando o olhar do aracnídeo da parede, e fora outras tantas movimentações, closes de cabeça pra baixo, etc.
Tudo isso, até certo ponto, parece artifício para enganar duas grandes deficiências do filme: as cenas de luta são poucas e nada inspiradas, e os diálogos... Bem, ao menos contiveram as piadinhas sem graça, mas esperava mais do trabalho dramático das meninas. Infelizmente, o filme peca na encenação, o drama e a tensão são muito pouco trabalhados, e aqui é problema dos diálogos, conforme dito, mas de direção também.
Quanto aos efeitos, é realmente decepcionante ver uma empresa desse calibre trabalhar tão mal as luzes, mas eu particularmente não me atento muito a isso. Há aqui uma linha de raciocínio ao menos, por mais facilidades que os personagens encontrem pelo caminho, é divertido ver as brincadeiras com o tempo e com as premonições, mesmo que tudo seja mal explicado, porém, as imagens dão conta de passar a sensação constante de dejavu da nossa protagonista, e com isso, o filme consegue na edição fazer bom uso do conceito imagético para tal.
Não é um filme ruim, as meninas tem carisma, por mais que a direção e os diálogos não as valorizem tanto assim. É um filme que não vi a hora passar, que é compreensível. Acredito sim que há um peso e duas medidas para filmes com protagonistas femininas, o que é uma pena.
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