O domínio em contar uma história sob diversas perspectivas
Particularmente, gostei muito da edição desta obra do Hirokazu Koreeda, há umas voltas interessantes para ver diferentes pontos de vista, e o filme não precisa alertar o espectador para isso (tem que ficar atento), mas tudo tem um porquê organicamente ao roteiro: a depender da perspectiva e das motivações de nossas ações, seremos vistos como monstros, ou não. É um trabalho estupendo de roteiro, sensível ao extremo e muito bem montado.
No entanto, creio que certas referências soaram meio soltas, meio como fragmentada. Por mais que os meninos tenham certa ligação e que o comportamento adulto esteja vigilante sobre eles, trabalhos como "Close" encenam bem melhor uma ligação, e, portanto, funcionam mais na emoção.
Mas é impossível não se deliciar com o filme, e as passagens tanto na escola quanto nos momentos mais íntimos dos jovens, em cenas externas, estão muito bem filmadas. Diria que tecnicamente é maravilhoso, faltando apenas certo apuro nos diálogos e talvez nas atuações, que achei aqui meio maniqueísta em certos momentos.
Ver a humanidade como possibilidade de afetos e desafetos, e vendo uma sociedade disciplinando corpos, causa certa repulsa. A pureza vai sendo, aos poucos, poluída pela cultura moralista, e a cena final deles desbravando a natureza mostra como, de forma genuína, estamos aptos para a felicidade, basta uma forma de escape. Lindo demais.
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