Um deleite ver o Michael B Jordan, em dose dupla então, um delírio. Tecnicamente é o melhor filme do Ryan Coogler, com uma excelente ambientação e filmando a noite com estilo. O serralheria que ambientará grande parte do filme, com os irmãos empreendendo num negócio com pitadas de solidariedade orgânica à comunidade negra recém liberta, mas que ainda sofre à sombra da Ku Klux Klan, é um espaço para onde convergem identidades e fronteiras que, inevitavelmente, implodirão.
Entendo a opção pelo sobrenatural, ainda mais considerando as relações entre os dois: se Bram Stoker estava preocupado com a Europa tomada pelos bárbaros, perdendo sua pureza, Coogler chama a atenção para a ousadia negra em montar um comércio em plena Mississipi, tomada por imigrantes sim (a loja dos orientais onde vão buscar o letreiro de seu empreendimento é gerida por asiáticos), mas cujo o tom de pele ainda é marcadamente branco.
Pretos, assim, são vistos como isso mesmo, quase não humanos, uma ameaça à supremacia branca. O que me incomodou não foi apenas abanalização de trazer uma representação como essa, mas na hora de dominar a ação, Coogler tem problemas em filmar, pois estava se saindo muito bem na dramatização, ao passo que escorregou na adrenalina.
Ainda assim, um filme charmoso, cuja primeira metade faz valer a conferida dado o rigor e método da direção e da edição em entregar ao público um entretenimento deveras estiloso.
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