Infelizmente, Hollywood está em falta de bons roteiristas e para ser sincero; já estou farto desses remakes. Há estórias que não precisam ser contadas novamente, principalmente se a primeira versão tiver sido dirigida por um mestre, o que é nesse caso. Não estou querendo dizer que a versão original é uma obra-prima. Não. Muitos remakes são desnecessários e alguns dirão que esses filmes, desprovidos de alguns recursos na época; ficariam melhor com toda a tecnologia disponível hoje. Em certo ponto, tenho que concordar. Mas o problema é quando o primeiro, já não é digno de certos louvores e então, faço-lhes uma simples indagação: Por que essa necessidade de recontar a mesma estória (que não funciona), sob uma leitura diferente? Poderia ao menos ocorrer algumas alterações no roteiro o que aqui também não acontece. Carrie – A Estranha, caminha para um desenrolar sem desfecho coerente, com um final de... E daí? Só isso?
O longa começa com algumas lacunas, cabendo ao público deduzir a origem de Carrie. A direção tem sido um dos fatores fundamentais para o desastre dessa refilmagem. Por incrível que pareça, a atriz Chloë Grace Moretz, belíssima e com um futuro promissor, me lembrou a personagem Linda Blair por diversos motivos. Talvez tenha sido até uma referencia não só ao "Exorcista", mas ao "Drácula" de Francis Ford Coppola na cena em que ela é colocada à força por sua mãe (Julianne Moore), trancada no closed e lá dentro na parede, há vários retratos de Cristo na crucificação e mais à cima, há um crucifixo que se destaca entre os demais retratos. O diretor tentar assustar mostrando de vários ângulos as fotos, tentando passar um ar assustador e nessa manobra, o crucifixo aos poucos sangra por vários lados, deixando a garota assustada de cabeça baixa, rezando por um pecado que sua mãe cometeu. A trilha sonora é tão morta quanto o próprio filme de certo modo. Nenhum elemento aqui se salva e nem a atuação (perdida) de Grace Moretz. Considero um dos piores filmes desse ano sem sombra de dúvidas.
Margareth White é uma mulher amargurada, simples e fanática, arrependida de seu pecado original e na esperança de obter o perdão divino, ela se corta por varia vezes ao dia, oferecendo esse sacrifício a Deus. Aí fica o óbvio: Margareth tentou fazer pacto com o diabo. Ou foi possuída. De qualquer forma, como conseqüência de tal ato, acontece um parto inesperado. Através de horríveis gritos e dores, nasce Carrie, fruto de uma trepada demoníaca e o parto, acontece na sua própria casa sem nenhum acompanhamento médico ou alguma parteira. Ela sabe que a filha é um mal que poderá desencadear grandes problemas futuramente e o certo, seria matar a criança ali mesmo, para que tudo seja evitado. Mas o amor de mãe fala mais alto deixando-a viver. De um salto até a adolescência da pequena garota, vemos Carrie, aparentemente uma jovem normal, como qualquer outra, mas muito tímida e anti-social. Sua beleza oculta por sua mãe julgar a forma das mulheres se vestir vulgar, obriga a usar roupas menos chamativas como uma caipira do interior. E isso atrai a atenção dos populares da escola a humilhá-la pelo simples fato de sua humildade.
Na aula de educação-Física, retraída no jogo de vôlei sob a piscina, afastada das demais, a bola cai diante de si e a professora pede para que faça o saque seguinte. Toda desajeitada, ela pega a bola timidamente e saca de mal jeito, pegando em sua colega à frente. Em certo momento, ocorre um clima de descontração entre elas e Carrie ri sem graça, olhando cautelosamente para uma delas. Inesperadamente, justamente a que levou o baque da bola na cabeça, vira e diz friamente: “Idiota!” deixando-a retraída novamente em seu canto. No chuveiro, vem sua primeira experiência como mulher e por sua falta de informação e inocência, Carrie se assusta com o sangue que sai por entre suas pernas e começa a gritar desesperadamente, se arrastando pelo chão achando que irá morrer. As colegas vêem que é sangue de menstruação e todas jogam o absorvente para ela fazendo chacota. Uma delas até filma o ato colocando na internet e logo atrás de uma das zombeteiras, está (linda), a pequena garota que protagonizou "O Labirinto do Falno" de Guilherme Del Toro, a simpática Ofélia, madura e atraente aqui.
A partir daí, vemos uma seqüência de humilhações e rejeições no colégio, deixando-a mais retraída com o passar dos dias. Sue Snell comenta com seu namorado Tommy Ross (o cara mais popular do colégio), o triste episódio do vestiário. Por se sentir culpada, Snell pede a seu namorado que convide Carrie a ir no baile de formatura. Tommy se sente um pouco contrariado com a ideia, mas acaba concordando. Então vemos o playboy pagando de bom samaritano se aproximando aos poucos da pobre garota, intrigando seus colegas. Ele a convence e ela, se prepara com todos os cuidados para o grande dia com o galã (finalmente a garota se sente feliz aqui) e vai contra vontade de sua mãe doentia e louca, implorando para que não cometa o pecado da carne. No baile (um sonho de qualquer garota depois da festa de quinze anos), os dois dançam e rola até um clima, mas tudo seria questão de tempo e dessa vez; mal eles sabiam que seria mortal. Todas as pessoas ali presentes, receberam o que mereciam, assassinadas sem excitação junto a um prazer de vingança indescritível. A tensão passa despercebida nos acontecimentos violentos, completamente sem graça. Um filme perdido para ser esquecido.
Por outro lado, levanta questões relevantes a se pensar, como o bullying praticado nas escolas e as conseqüências que poderá trazer para a vitima. Poderia ser motivo de discussão entre alunos e professores, para que homicídios sejam evitados ( o que vem acontecendo com frequência). Esses são os poderes da vida real: uma arma na mão, com o desejo de se vingar e chacinas para o desespero dos pais. Somente essas discussões que Carrie - A Estranha, vem nos despertar de interessante.
Com certeza, será indicado ao Framboesa desse ano.
Boa Projeção.
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