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7+ | Advogados da Ficção

Em 11 de agosto de 1827, o imperador Dom Pedro I criou os primeiro cursos de Direito do país e com ele foi criado o Dia do Advogado (também conhecido curiosamente como o Dia do Pendura), que homenageia todos os profissionais que trabalham defendendo e acusando os réus para que juízes e júris decidam a inocência ou culpabilidade. Isso já foi motivo de muito pano para manga no cinema (e televisão), então confira abaixo sete advogados famosos da ficção!  
Atticus Fich (O Sol é Para Todos)
O título original de O Sol é Para Todos é “To Kill a Mockingbird”, matar um pintassilgo, uma criatura inocente. Como muitas das obra do “gótico sulista”, O Sol é Para Todos resvala em temas como a perda da inocência. O pai e advogado Atticus Finch surge como um símbolo de esperança ao defender um homem negro no sul profundamente racista, ensinando para os filhos a importância de ter valores em um mundo brutal. Virou um personagem-símbolo dos advogados, influenciando muita gente a seguir a profissão. 
Tom Hagen (O Poderoso Chefão
O consigliere Tom Hagen é o lado mais articulado da família mafiosa Corleone. O que vai tentar negociar “por bem” antes do restante da família entrar com suas “propostas irrecusáveis”. E Robert Duvall soube dar o tom perfeito para o irmão adotivo dos Corleone: um “demônio charmoso”, tão educado e gentil que consegue ameaçar sem alterar a voz e consegue sair das mais complicadas situações pela retórica. Um dos membros mais leais da família também é a voz da consciência de muitos deles, buscando operar no limite do legal ao invés da habitual truculência. Não é um exemplo de ética na profissão nem de longe, mas certamente é um ícone.
Sir Willfrid Robarfs (Testemunha de Acusação)
Na linha do “tão esquisito quanto genial”, Wilfrid parece um tanto pitoresco no início, pajeado por sua enfermeira, descendo lentamente por uma cadeira de corrimão, resmungando enquanto o aconselham a não pegar um novo caso e portando um monóculo ofuscante. Mas quando enfrenta o caso mais curioso de sua carreira (uma mulher testemunha contra o marido, réu por assassinato), o advogado assim que veste a toga, pega fogo. Laughton domina a cena com seu físico imponente e pronúncia impactante. O advogado é capaz de ir do sarcasmo à fúria em um fôlego, revertendo expectativas e acrescentando mais interesse ainda à curiosa situação. Engraçado e dramático, Sir Wilfrid é o inimigo perfeito das causas impossíveis.
Frank Galvin (O Veredito)
Sidney Lumet, ao dirigir filmes como 12 Homens e uma Sentença, e Paul Newman, ao atuar em filmes como Desafio à Corrupção, se tornaram dois símbolos de defesa dos oprimidos. Colaboraram uma única vez no filme de tribunal O Veredito, onde contaram a história de um advogado alcoólatra e decadente que pega um caso de má conduta médica para recuperar o prestígio. No meio do caminho, se vê estimulado em uma batalha de Davi e Golias na hora de levar os poderosos à cadeira do réu. A catarse é certa em ver a elite inacessível e impune da vida real sendo confrontada, e a intensidade da câmera de Lumet e o jeitão imperfeito porém passional de Newman formaram um casal perfeito.
Arthur Kirland (Justiça Para Todos
“Você está fora de ordem! Você está fora de ordem! Todo esse julgamento está fora de ordem!”, grita Arthur Kirkland no momento mais explosivo do filme, adicionando mais uma clássica citação à filmografia do seu intérprete Al Pacino. Com o tempo, o filme passou a ser mais lembrado por conta dessa cena do que propriamente visto, mas o filme de Norman Jewinson (No Calor da Noite) tem seu valor como legítimo filho dos anos setenta. Arthur foi abandonado pelos pais e criado pelo avô, que está ficando senil em um asilo, namora uma colega de trabalho, é amigo de um juiz traumatizado pela guerra, e tem que defender de uma acusação de estupro um juiz que odeia - e que inclusive chegou a agredir em um ato destemperado. Jewinson e um Pacino costuram um filme de tribunal sem idealismo, transpirando o tempo todo que nem tudo são flores e descobrindo os seres humanos e seus dramas por trás da aura imponente e pomposa dos tribunais.
Vinny Gambini (Meu Primo Vinny)
Essa comédia cult dos anos 90 ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei) e fiquei meio esquecida, mas os que descobrem sempre se deleitam. O malandro porém atrapalhado Vinny é uma bela de alfinetada nos caretões advogados e juízes do Alabama que acusam seu primo e um amigo de assassinato. Em meio a algumas cenas de trapalhadas que bem poderiam estar num pastelão, Vinny revela uma mente aguçada e um humor ferino que desmonta as certezas e a pose de seus antagonistas pouco a pouco. O conflito de tradicional versus moderno tem um gás incrível e dinâmico aqui, com Pesci descolado da típica imagem de criminoso durão e irritado e defendendo seus clientes vestindo jaqueta de couro, óculos escuros e sapatos bicolores - quer advogado mais legal que esse?
Saul Goodman (Breaking Bad - A Química do Mal e Better Call Saul)
Os fãs de Breaking Bad conheceram na segunda temporada aquele que seria um de seus personagens favoritos: Saul Goodman, o advogado porta de cadeia malandro e ganancioso, cheio de conversa e de contatos e que ajuda Walter White a subir alguns degraus acima rumo ao trono do tráfico de Albuquerque. Foi um veículo para mostrar o gênio cômico de Bob Odenkirk - mas com o tempo, inclusive quando estreou o spin-off que leva o nome seu slogan Better Call Saul, também foi palco para mostrar seu talento dramático. Por trás daquela figura grotesca que parodia casos tragicamente reais, Vince Gilligan descobriu um sujeito complexo, com relações familiares e afetivas conflituosas, dividido entre o que é certo e o que é vantajoso. Mesmo com seus toques de comédia, a série de Saul é um drama sombrio onde o mundo corporativo da advocacia serve justamente discutir conceitos fundamentais como lei, moral e ética.

Comentários (9)

Daniel Oliveira Neves | domingo, 12 de Agosto de 2018 - 16:11

Faltou James B. Donovan (Tom Hanks) em Ponte dos Espiões.

Victor Tanaka | domingo, 12 de Agosto de 2018 - 17:12

Eu incluiria Annalise Keating de How to Get Away with Murder, uma grande anti-heroína.

E, nossa, vi Testemunha de Acusação esses dias e se tornou um dos meus filmes favoritos. Que personagem maravilhoso é o Willfrid!

João Vitor G. Barbosa | terça-feira, 14 de Agosto de 2018 - 20:52

Martin Vail (Richard Gere), As Duas Faces de um Crime
Ok, ok. Não é um grande advogado do cinema, e o filme mesmo também é só bom. Mas... aquele final é simplesmente memorável.

Thiago Cavalcante Hércules | sexta-feira, 31 de Agosto de 2018 - 20:37

Da lista eu só vi O Poderoso Chefão, Justiça Para Todos e Testemunha de Acusação, e quero ver os outros. Eu já tinha vontade ver Anatomia de Um Crime e depois de tudo o que o Augusto falou fiquei com mais vontade ainda.

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