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7+ | Esquentando para Era uma vez em... Hollywood

Nono filme de Quentin Tarantino, Era Uma Vez em... Hollywood irá dar prosseguimento ao seu ciclo de filmes históricos, iniciado em Bastardos Inglórios. Misturando fatos reais e ficção, o filme retrata uma velha época morrendo para outra poder surgir, com o diretor aproveitando para se esbaldar com ícones e referências da época. 

Conheça abaixo 7 obras que inspiraram Tarantino para já ir entrando no clima! 

Vale das Bonecas (1967)

Tendo iniciado a carreira como modelo e atriz de televisão, Sharon Tate foi considerada um dos nomes mais promissores de sua época. Sua carreira no cinema começou em 1966, chamando a atenção como a bruxa antagonista de O Olho do Diabo. Porém, foi no ano seguinte que ascendeu, atuando em três filmes: o terrir A Dança dos Vampiros, onde iria conhecer o seu marido, o cineasta Roman Polanski, a comédia surfista Não Faça Onda e, por fim, O Vale das Bonecas, filme que rendeu a única indicação ao Globo de Ouro de sua carreira. No filme, Tate interpreta a trágica Jennifer North, atriz cobiçada pela beleza e às voltas com papéis desprestigiados, depressão e vício em drogas. Tarantino colocará seus personagens fictícios vizinhos de Tate (Margot Robbie), pretendendo voltar à ascensão fazendo amizade com a atriz, mas ninguém seria capaz de imaginar o destino que aguardava Tate e que fariam o ano onde o filme se passa (1969) encerrar a década em uma nota sombria. Bem como esse melodrama que bombou nas bilheterias, adaptando um best-seller que justamente retrata o lado assustador do entretenimento.

Bullit (1968)

Steve McQueen era “o cara legal” da sua época: com temperamento forte e um estilo de vida “sexo, drogas e rock and roll”, apaixonado por velocidade e arrumando encrenca com todas as figuras de autoridade na sua vida, de superiores das Forças Armadas a produtores de cinema, fez uma carreira cheio de clássicos, e o policial durão que interpretou em Bullit talvez seja o personagem mais emblemático de sua carreira. Frank Bullitt anda para cima e para baixo com um olhar frio determinado a encontrar o chefão do crime que mandou apagar sua testemunha. Violento, realista e com uma icônica perseguição pelas ruas de São Francisco, foi o maior clássico de uma década onde já havia estrelado os sucessos Sete Homens e um Destino e Crown, O Magnífico. No filme, é interpretado por Damian Lewis (Homeland) e mostra como o ator por pouco não compareceu à festa onde padeceriam seus amigos Sharon Tate e Jay Sebring - só impedido porque sua namorada preferiu passar uma noite íntima. Quando foi descoberto uma lista de alvos da família Manson com o nome de McQueen (que havia recusado um roteiro seu), o ator passou a andar para cima e para baixo com um revólver, o que pode ser um interessante gancho para o roteiro explorar.

Sem Destino (1969)

Nos Estados Unidos de 1969, a sociedade passava por uma profunda transformação com os novos adultos com novas demandas comerciais, novas tendências e novas mentalidades. Nesse sentido, Sem Destino é um dos filmes mais sintomáticos da sua época por Peter Fonda, Jack Nicholson e principalmente Dennis Hopper, o segundo como ator e diretor, fazerem um filme independente, com locações naturais e nenhuma produção de estúdio, totalmente amoral, onde dois hippies que traficam drogas são os protagonistas e “o sistema” hipócrita e corrompido pelo dinheiro são os principais vilões, a vida não tem sentido e a violência brutal pode morar na esquina. Quem quiser entender o que foi a “Nova Hollywood” que enterrou astros e revelou toda uma nova geração de atores e cineastas, bem como entender como pensava a contracultura hippie, deveria ver Sem Destino e perceber o zeitgeist (ou espírito da época) que estava rolando em 1969 e que inevitavelmente será retratado por Tarantino, já que a sinopse oficial do filme prometem “múltiplas histórias” que sejam uma crônica sobre “os últimos dias da Era de Ouro de Hollywood”.

Operação Dragão (1973)

O filme de Tarantino mostrará as sementes da invasão oriental que se iniciaria na década de 70, escalando o artista marcial e ator Mike Moh como a lenda Bruce Lee. Nascido em uma família de artistas, Bruce Lee deixou a carreira a favor de praticar artes marciais, tornando-se uma lenda do ramo, inventando o estilo Jeet Kune Do. Foi sua agilidade fantástica que conseguiu seu papel como Kato na série televisiva Besouro Verde e deslanchou uma carreira cinematográfica que culminou no póstumo Operação Dragão (1973). No filme, interpreta um monge Shaolin que busca vingar a sua irmã participando de um torneio de artes marciais em uma ilha possuída por um monge renegado tornado chefão do tráfico. O filme de Robert Clouse é quase um sinônimo do gênero artes marciais, inspirando a história do jogo Street Fighter e quase tudo feito após. No novo filme, Lee é um astro de TV que trabalha como orientador do filme Arma Secreta Contra Matt Helm (1968), último filme lançado por Sharon Tate em vida. A visibilidade do gênero e seus artistas orientais aos poucos saíam das representações estereotipadas para ganhar o mundo, e o filme de Tarantino irá refletir um pouco disso em suas múltiplas histórias mostrando as transformações culturais à época.

Agarre-me Se Puderes (1977)

A dupla de protagonistas formada pelo ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt) é inspirada na amizade entre o ator Burt Reynolds e o dublê, roteirista e diretor Hal Needham. A parceria começou nos bastidores da série de faroeste Gusmoke, onde Burt Reynolds despontou entre 62 e 65. Needham chegou a morar 12 anos na casa de Reynolds e, ao mostrar um roteiro que havia escrito para o amigo, conseguiu sua primeira oportunidade como diretor: Agarre-me Se Puderes, clássica comédia de ação sobre o caminhoneiro durão Bandit, que à bordo de um Pontiac despista a polícia para contrabandear cerveja, além de ter um caso com a filha do xerife (Sally Field). No filme, Dalton é uma ex-estrela do faroeste televisivo fictício Bounty Law e planeja conseguir voltar à proeminência. Reynolds conseguiu com obras como Amargo Pesadelo (1972) e o filme em questão, mas será que Dalton terá um destino semelhante? Será que Booth vai dirigir filmes como Needham, que daí partiu para dirigir outros projetos como Quem Não Corre, Voa? Só saberemos (ou não) em agosto.

Helter Skelter (2004)

A chacina do caso Tate-LaBianca horrorizou a Califórnia em 1969, mergulhando a cidade e especialmente a comunidade artística em um período de paranoia e insegurança, com atores se armando ou deixando de gravar filmes de tão paralisados pelo medo que estavam. Foi material de inspiração para documentários e filmes vagamente baseados no crime, além dos dois filmes Helter Skelter de 1976 e 2004, ambos feitos para a televisão e baseados no livro de Vincent Bugliosi que detalha o julgamento onde foi promotor, com o título baseado na música dos Beatles pela qual Manson era obcecado. Jeremy Davies (Lost) interpreta Manson na versão  mais recente como o líder psicótico porém carismático que era, arregimentando seguidores que acreditavam seu líder ser um novo Messias que promovia orgias regadas à drogas, interpretava músicas populares como mensagens apocalípticas e pretendia iniciar uma guerra civil. Já no filme de Tarantino, será vivido por Damon Herriman, que também irá interpretar o psicopata em um episódio da segunda temporada da série de David Fincher Caçador de Mentes. Altamente fiel à mídia original e com grande base no julgamento da família cultista, é um filme para aqueles que querem se aprofundar no crime escabroso que foi o prego na tampa do caixão da Era de Aquário.

Os Oito Odiados (2015)

Em Era Uma Ve em... Hollywood, DiCaprio e Pitt interpretam uma versão livremente inspirada em Burt Reynolds e de seu dublê Hal Needham em Gusmoke (no mundo do filme, Bounty Law); além disso, Luke Perry e Timothy Olyphant aparecem como Wayne Maunder e James Stacy, astros do faroeste Lancer. O rancho que sediava a família Manson já havia sido uma locação para faroestes. Não é difícil entender a paixão de Tarantino por séries e filmes de Velho Oeste que eram exibidas na televisão ou infestavam cinemas baratos e para sentir não precisamos fazer mais nada além de ver Os Oito Odiados. Seu segundo western foi filmado no nostálgico Ultra Panavision e, em entrevista ao NY Times, admitiu que o roteiro teve influências de episódios dos seriados Big Valley, O Homem da Virgínia e Bonanza, o mais famoso de todos, onde em várias ocasiões os protagonistas ficavam presos em lugares de onde não podiam sair e a tensão se aflorava. No caso de Tarantino, o drama é muito mais violento e questões sociais são muito mais frontais, mas ainda assim a inspiração pode ser sentida em um filme que é basicamente a antítese do épico Django Livre. Ao invés de ver os longuíssimos seriados com dezenas de temporadas, que tal ver a rendição do diretor na história dos sete homens e uma mulher em um verdadeiro jogo de resta um?

Comentários (10)

Bernardo D.I. Brum | terça-feira, 06 de Agosto de 2019 - 22:00

Wesley Safasíntese - Ao Vivo no Instagram

Josiel Oliveira | quarta-feira, 07 de Agosto de 2019 - 14:45

Opa... Salve Kadu, legal te ver por aqui!
Pois é cara, eu vi pouca coisa dessa lista. Tô aproveitando pra ver agora.
Me parece que a lista é muito feliz em dar um panorama do espírito da época, e de Hollywood em 69, puxando uns filmes que ficaram meio esquecidos que valem ser resgatados. Gostei bastante.
Aliás, eu curto as listas dele. Principalmente as com filmes B e exploitations dessa época, não são necessariamente "os melhores", acho que nem é essa a intenção dele, mas sempre tem bas descobertas. Não cheguei a ver as suas listas de filmes recentes, deve ter um gosto excêntrico mesmo, mas da hora, eu também tenho kkkkk

Josiel Oliveira | quarta-feira, 07 de Agosto de 2019 - 15:05

Do Demy é o Model Shop né. Também piro no Lola e fiquei meio decepcionado. Pior que a ideia do plot era boa, mas não rolou legal.
O Flor de Cactus eu vi esses dias, comédia divertida mesmo. Simboliza bem a diferença entre a velha guarda e a nova juventude, embora ainda comportada.
O Arizona Raiders eu vi ontem, é bem industrial mesmo, mais pra sentir a pegada do personagem do DiCaprio. Não acho que vá ser uma inspiração tão direta assim ao Audie Murphy, (tem uma mistura de Burt Reynolds também) o cara tem uma história forte no exército e tal, é outra fita, talvez alguns trejeitos, mas tem essa pegada de faroeste B.

Josiel Oliveira | quarta-feira, 07 de Agosto de 2019 - 15:07

Wrecking Crew - eu vi recentemente também e gostei bastante. É uma sátira bem legal ao James Bond, pra quem gosta de tosqueira. Achei a trilha bem boa e tem o Bruce Lee creditado como "Karate Advisor", embora as lutas sejam bem toscas kkkkk acho que vai rolar cenas legais do Bruce Lee tentando orientar os atores e a Sharon Tate nesse filme.
Bob & Carol & Ted & Alice - acabei de comprar o dvd da Natalie Wood, vou ver em breve.
Getting Straight - tá baixado pra ver, e me pareceu ser o filme em si mais interessante da lista.

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