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Artigos

7+1 | Filmes sobre mulheres históricas

 

A Paixão de Joana D'arc (1928)

O dinamarquês Carl Theodor Dreyer realizou ainda na época do cinema mudo este que é talvez o retrato mais marcante sobre a general militar e santa católica morta em uma fogueira sob acusação de heresia e assassinato. Trata-se da quarta biografia daquela que é uma das personagens mais reconstituídas pelo cinema, mas é talvez a definitiva: com um roteiro baseado nos documentos históricos do julgamento, o filme abusa dos close-ups na atriz Renée Jeanne Falconetti e no calvário injusto que a líder militar então prisioneira sofre na mão das autoridades, todos eles homens. Condenada pelos ingleses e abandonada pelos católicos e franceses, a personagem é representada através de um dos trabalhos de atuação mais intensos do cinema. 

Madame Curie (1943)

Um ano após vencer o Oscar de Melhor Atriz por Rosa da Esperança, Greer Garson interpretou a física vencedora do Nobel Marie Curie, a primeira mulher a ser laureada com a gratificação por suas pesquisas pioneiras com a radioatividade. Ao contrário de muitas biografias que visam focar mais no drama pessoal que na importância do biografado, Madame Curie é bem equilibrado entre a determinação impassível e curiosa de Curie representada com vontade por Garson bem como a sua relação com o primeiro colega e depois marido Pierre Curie (Walter Pigeon em uma de suas muitas parceiras com Greer). Entre o drama de investigação e a comédia de costumes, o filme retrata o aspecto em que Pierre, inicialmente resistente a ter uma mulher em seu laboratório, não demora a respeitar sua presença e intelecto e logo tornam-se uma das duplas mais importantes da história científica recente.


O Destino Mudou Sua Vida (1980)

Reconhecida como uma das grandes biografias sobre uma mulher importante da história americana, O Destino Mudou Sua Vida traz Sissy Spacek, projetada ao sucesso por Carrie - A Estranha, no papel de Loreta Lynn, uma das grandes estrelas do country americano cuja carreira ultrapassa meio século. Vemos como Loretta, filho de um mineiro, sofreu durante boa parte da vida: origem humilde, casada aos 13, mãe de quatro filhos aos 20, vítima de infidelidade conjugal… E como verteu tudo isso para a música tão sofrida e bonita. além das consequências exaustivas do sucesso. O gênero country pode não agradar todo mundo, mas Spacek dá a performance de uma vida aqui, tremendamente humana em uma performance tão vulnerável quanto vigorosa que remete bem ao universo e à importância da biografada para a cultura americana.

Elizabeth (1998) e Elizabeth - A Era do Ouro (2007)

É um pouco de trapaça, mas realmente é quase impossível dissociar o filme e sua sequência feita pelo diretor paquistânes Shekhar Kapur com a atriz Cate Blanchett sobre a rainha Elizabeth I. Do ponto de vista da monarca herdeira da dinsastia Tudor, conhecemos os conflitos políticos, religiosos e militares que assolavam a Inglaterra no período que ficou conhecido como Elizabetano, época das peças de Shakespeare e das proezas de Francis Drake. É talvez o papel mais marcante de Cate Blanchett, que lançou sua carreira como uma das grandes atrizes do cinema recente. 

Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento (2000)

Julia Roberts deixava aqui de ser reconhecida apenas por sua verve de comédia de comédia romântica e chamava a atenção de meio mundo. Interpreta uma mãe solteira de 3 filhos que ao começar a trabalhar para seu advogado Ed torna-se notória por conseguir processar a Companhia de Gás e Eletricidade da Califórnia a partir de registros médicos que davam conta de a água local estar deixando seus habitantes doentes. Um produto tóxico fez a companhia Pacific pagar o maior acordo de reparação, 333 milhões, e consagrou Erin como ativista ambiental. O filme mostrou Steven Sodebergh flertando de maneira bem sucedida com o cinema mainstream e consagrou Julia Roberts na persona de uma mulher de energia inesgotável e invencível. 


Frida
(2002)

Uma das, senão a maior das atrizes mexicanas do cinema recente, Salma Hayek carrega uma interpretação simbólica em sua carreira como a maior das artistas plásticas do México, a pintora surrealista Frida Kahlo. Com a fotografia e os efeitos visuais estilizados com as vivas cores da cultura mexicana e do universo da mestra de pintura, arte, política e sexo se entrelaçam em um filme que também traz outras grandes caracterizações - em particular, Alfred Molina como seu marido Diego Rivera e Geoffrey Rush como Leon Trotsky. Foi o filme que apresentou a emblemática figura para toda uma geração e o sofrido final, onde após inúmeras interpéries alcança sua máxima conquista pessoal, tem um tom recompensador e heróico que marcou muitos espectadores sensibilizados pela atuação visceral de Hayek - e só não ganhou porque Nicole Kidman surgiu ainda mais impressionante e irreconhecível como Virginia Woolf em As Horas.



Piaf - Um Hino ao Amor
(2006)

Falecida em 1963, até que demorou bastante para que a vida de Piaf virasse filme. E Marion Cotillard está hipnotizando em uma daqueles papéis que a cópia da figura da vida real impressiona, contando através de vinhetas a sofrida vida da eterna cantora dos clássicos franceses “La Vie en Rose” e “Non, je ne regrette rien”. Da infância ao bordel passando pelo pânico de palco chegando finalmente à consagração do estrelato e a vida no final de carreira, o filme colocou Cotillard como uma das atrizes-referência da primeira década de 2000 e mostrou ao grande público a paixão pela vida e pela arte.


Bônus: A Guerra dos Sexos (2017)

Como o Dia da Mulher é comemorado no dia 8 de março, nada mais justo que recomendar oito filmes (ou nove, contando com a dobradinha de Elizabeth) sobre mulheres que marcaram a história do mundo. O mais recente deles, Batalha dos Sexos, traz a vencedora do Oscar por La La Land - Cantando Estações Emma Stone como a famosa tenista Billie Jean King, uma das maiores atletas femininas do século XX, que venceu o ex-campeão Bobby Riggs na mais assistida, comentada e clássica das partidas intersexuais de tênis, assistido por 48 milhões de pessoas. Como o machismo é um assunto em voga, o filme não perde a oportunidade de enfocar as disparidades sociais, como as tenistas mulheres receberem muito menos que os homens e a organização de uma liga paralela. Dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Farris, de Pequena Miss Sunshine, o filme traz Stone cheia de energia e um Carrell que os espectadores amam odiar em um filme de forte cunho feminista e que, mesmo reconstituindo o ano de 1972, ecoa com muita propriedade os dilemas de gênero dos anos 10.

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