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Entrevista 07 - Cláudio Torres


Esta é uma matéria produzida em parceria entre o Cineplayers e a Downtown Filmes, com o intuito de divulgar, redescobrir e reapaixonar o público brasileiro pelos nomes importantes da nossa história cinematográfica.

Foto de 'Nada Virtual'

Seu talento talvez tenha vindo do berço, herdado dos talentosos pais Fernando Torres e Fernanda Montenegro, mas Cláudio Torres construiu seu caminho de sucesso por si só, através da busca pela solidificação do cinema nacional. Fundou em 1991 a Conspiração Filmes, hoje uma das produtoras mais importantes do país, ao lado de José Henrique Fonseca, Arthur Fontes, Andrucha Waddington e Lula Buarque. Estreou na direção em 1998 com Traição, ao lado de dois de seus sócios na Conspiração, em um roteiro baseado em crônicas de Nelson Rodrigues.

Em 2004, o primeiro grande sucesso: com roteiro escrito ao lado da irmã Fernanda Torres, Redentor contou a história de um jornalista que recebe de Deus a missão de converter um amigo corrupto. Realizou, respectivamente em 2008 e 2009, duas comédias românticas bem recebidas: A Mulher do Meu Amigo e A Mulher Invisível – esta segunda acabou se tornando também série de TV. No dia 2 de setembro, estréia nos cinemas brasileiros O Homem do Futuro, seu mais novo filme, que conta a história de um cientista que acidentalmente vai parar no passado e tem a chance de reconquistar um amor perdido. Com Wagner Moura e Alinne Moraes.

 

1. Consegue lembrar a primeira vez que foi ao cinema ver um filme nacional? Quando foi o momento que percebeu que era isso que queria fazer profissionalmente?

Cláudio Torres: Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. Um filme fabuloso que permanece atual. Pergunta difícil. Foi aos poucos. Mas acho que o momento decisivo foi quando o Arthur Fontes e o Lula Buarque, meus amigos e sócios fundadores da Conspiração, me chamaram para fazer um curta (como diretor de arte) em 1990.

2. Como foi o processo criativo e desenvolvimento de roteiro de “O Homem do Futuro”: de onde surgiu essa ideia de viajar no tempo em busca de evitar desilusões e escolhas passadas? Alguma vez considerou a técnica (efeitos especiais e pós-produção) como um empecilho ou norteador da história que queria contar?

C.T.: Quando um cineasta lança um filme, ele fica desempregado. Então, você tem que pensar em outro filme. Comecei a pensar no Homem do Futuro durante a edição de A Mulher Invisível. Em uma cena colocamos o Selton para contracenar com ele mesmo. E eu achei aquilo intrigante. Pensei em que contexto isso poderia se dar e a viagem no tempo surgiu como pano de fundo para a premissa: o que diria a mim mesmo se me encontrasse 20 anos atrás?

Já tinha feito um filme com efeitos em 2001, que foi o Redentor, então sabia onde estava me metendo. Na Conspiração, temos um núcleo de pós-produção que faz efeitos para a publicidade, e eu sabia que as máquinas tinham melhorado muito nos últimos dez anos. Achava que um pouco de efeito seria interessante, porque o filme tem um lado de aventura, de espetáculo, coisas que justificam a tela grande.

3. Tanto “A Mulher Invisível” como “O Homem do Futuro” trabalham conceitos profundos como arrependimento, solidão e desilusão amorosa através de um tom leve, classificado popularmente como “comédia romântica”. Como foi trabalhar a química entre os atores (Wagner Moura e Alinne Moraes) para se encontrar o equilíbrio ideal, que abordasse esses temas, sem perder a empatia do espectador pelo casal protagonista?

C.T.: Foi onde achei minha praia.

Foi muito tranquilo e divertido. Tanto o Wagner quanto a Alinne são atores completos. São profissionais que conhecem e dominam a profissão deles, que é atuar. O que fizemos foi ensaiar antes um ou dois meses e descobrir ou adequar as cenas à historia que estávamos contando. Na hora de filmar já conhecíamos aqueles personagens. A sorte é que aconteceu a química entre os dois, entre o elenco inteiro e com a equipe. Foi um filme integrado.

4. Seu filme é mais uma promessa de grande bilheteria para o cinema brasileiro. Teremos então seis blockbusters nacionais em 2011 (se contarmos filmes que ultrapassaram a marca de 1 milhão de espectadores). Como você vê esse cenário e o futuro do cinema brasileiro? Algum outro gênero ou tema que gostaria de abordar futuramente e que acha que o público brasileiro está preparado e disposto a abraçar?

C.T.: Ser uma promessa de bilheteria não é garantia de nada. A questão de se vai ou não dar certo com o público permanece como um dos mistérios do cinema. Então, prefiro aguardar a abertura do filme, tendo a certeza de que fiz o melhor que podia ter feito.

O cinema brasileiro está em um momento de encontro com o público. O público está gostando de se ver na tela. De não ler legenda. Fui assistir Assalto ao Banco Central e gostei muito. Cinema cheio, vendo a própria realidade na tela. O futuro parece promissor, mercado aquecido, novo equilíbrio de forças entre produção e distribuição. Tenho conseguido me expressar através das comédias românticas "fantásticas". Gosto muito de comédias porque, inclusive, você faz rindo. O gênero que gostaria de fazer era um ficção cientifica puro-sangue. Talvez dentro de alguns anos.

 

Por Cláudio Torres

 

5. Macunaíma e a guerrilheira Ci
Paulo José e Dina Sfat em Macunaíma (1969)

Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos.

Saiba mais sobre Macunaíma.

 

4. Elvira e Juarez Barata
Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo em Tudo Bem (1978)

Num grande e malcuidado apartamento de Copacabana vive uma típica família classe média. Juarez, aposentado do IBGE, é um velho udenista ingênuo que ama as coisas brasileiras. Elvira, sua esposa, acredita que ele tem uma amante e não aceita a sua impotência. O filho, Zé Roberto, é um jovem executivo oportunista de uma empresa estrangeira. Vera Lúcia, a filha, preocupa-se apenas em encontrar um marido. Das empregadas, uma, Aparecida de Fátima, é mística fervorosa, ao passo que a outra, Zezé, é prostituta nas horas vagas. A mistura de tipos e o pandemônio se completam quando Elvira resolve reformar o apartamento e um bando de operários passa a conviver com a família.

Saiba mais sobre Tudo Bem.

 

3. Maria e Paulo
Sonia Braga e Paulo César Peréio em Eu Te Amo (1981)

Industrial falido no milagre dos anos 70 e uma mulher desejam desesperadamente se amar, mas ao mesmo tempo têm um medo brutal deste encontro.

Saiba mais sobre Eu Te Amo.

 

2. Dona Flor, Valdomiro e Teodoro
Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)

Vadinho (José Wilker) morre repentinamente no carnaval de 1943, deixando Dona Flor (Sonia Braga), sua mulher, desconsolada. Mas depois de um tempo, Flor casa com um farmacêutico, Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), que é totalmente o oposto de Vadinho. Flor chama tanto pelo seu marido na cama que o finado aparece.

Saiba mais sobre Dona Flor e Seus Dois Maridos.

 

1. Isadora e Josué - Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira, Central do Brasil (1998)

Dora escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. Uma das clientes de Dora é Ana, que vem escrever uma carta com seu filho, Josué, um garoto de nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da estação, Ana é atropelada e Josué fica abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele. Termina por levar Josué para o interior do nordeste, à procura do pai. À medida que vão entrando pelo país, estes dois personagens tão diferentes vão se aproximando...

Saiba mais sobre Central do Brasil.

Tenho certeza que estou esquecendo filmes e pessoas importantes.

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Leia também nossas colunas anteriores:

Edição nº1 - Mariza Leão

Edição nº2 - Bigode

Edição nº3 - Especial Cilada.com

Edição nº4 - Rosane Svartman

Edição nº5 - Marcos Paulo

Edição nº6 - Leonor (Lolô) Souza Pinto

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