Dia da Dublagem no Cinema Nacional
Abrasileirando o cinema estrangeiro com a dublagem nacional.
Dia da Dublagem. 29 de junho. Eu tenho 33 anos e tenho certeza que a massacrante maioria da minha geração teve acesso inicial ao cinema através de filmes dublados. Fossem eles animações, filmes de terror, comédia juvenil e ação oitentista da boa, foi a dublagem uma grande possibilitadora e mantenedora da inclusão infanto-juvenil de gerações no cinema. Traço aqui uma breve homenagem e um histórico opinioso curto sobre a dublagem para cinema e TV na terra brasilis.
Existem motivos variados para a existência da dublagem no Brasil. A começar pelos processos de dublagem do cinema nacional, a exemplo do que fazia a Vera Cruz (Companhia Cinematográfica Vera Cruz, 1949-1954) e Atlântida (Atlântida Cinematográfica, 1941-1962) e mais tantos outros pequenos estúdios, desde gente do cinema novo, passando pelo cinema marginal, desembocando na boca do lixo, pornochanchadas e pornografia. Porque? O cinema brasileiro existiu sem som direto por muito tempo. Com o primeiro longa-metragem com este modus operandi ter sido feito somente em 1969 com Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro do Glauber Rocha. Inclusive o mesmo Glauber usava bem do atributo da necessidade da dublagem quando se aproveitava da falta de som direto pra declamar - aos gritos - o texto de seus filmes para os atores. Não deixando de provocá-los esculhamba-los nesse ínterim. Um gênio das oportunidades.
A dublagem, e a redublagem, foram essenciais para o nosso cinema. Além da falta de estrutura dos menores para arcar com o som direto havia também a transformação tácita na montagem. A pós-produção, como fase última da construção duma obra, aqui, ganha outra dimensão quando filmes são amplamente modificados antes de terem seu corte final. Ora, o nosso saudoso José Mojica Marins (1936-2020) – O Zé do Caixão – cansou de afirmar que vários de seus filmes eram totalmente transformados na sua finalização, tanto pela precariedade de construção dos mesmos quanto pelas escolhas de montagem. Além do fato de que a voz do Zé do Caixão personagem em filme dirigido pelo próprio, só fora ter sua voz nele em 2008, no Encarnação do Demônio. Por décadas a fio a dublagem fora ponto essencial na construção do cinema brasileiro como um todo.
Este know-how diante do nosso cinema foi altamente significativo para a concatenação da dublagem dos filmes estrangeiros. O advento da televisão a partir dos anos 50 no Brasil com a criação de vários canais, tais quais TV Tupi (Rede Tupi, 1950-1980), Record (RecordTV, 1953), Globo (Rede Globo, 1965), Band (Rede Bandeirantes, 1967), SBT (Sistema Brasileiro de Televisão, 1981), Manchete (Rede Manchete, 1983-1997) vieram na proeminência de embutir o cinema nas suas programações. A cultura do rádio – no processo das radionovelas – e na TV aberta – telenovelas – era pelo material feito no próprio idioma, o que é óbvio, porém com o crescimento abusivo de exibição do cinema estrangeiro – principalmente norte-americano – no país, criara uma demanda de dublagem que teria de ser contemplada. Algo que servia para manter a cultura presente no idioma e aproveitava a entrada do cinema de fora no país através dos canais de televisão, que atingiam cada vez mais lares e entravam em disputa com as salas de cinema.
O aspecto idiomático tem sua citada clave civilizatória na questão da importância de comunicação via uma cultura nossa, esta – por conta da dublagem – adaptando o material estrangeiro para o público local. Assim somar-se-ia à necessidade de exibição, chegando por último no processo educacional do brasileiro que ainda continha um baixo processo de alfabetização, onde no meio dos anos 70 a taxa de analfabetismo geral beirava os 35%, fora os subnotificados nos interiores que aumentavam a margem de erro. Preciso afirmar que isto era um dificuldador para os filmes legendados? Para não restar dúvidas. São vários os elementos que se conurbaram para se propiciar a existência da dublagem do material de fora, desde a experiência com o nosso cinema à questão de contato pelo nosso idioma. E a partir disso vários estúdios, antes responsáveis por novelas e filmes nacionais, passaram a traçar uma estratégia lucrativa em soma com as distribuidoras e exibidoras (cinema e tv) para que tudo que aqui fosse exibido tivesse oportunidade de ser dublado, assim tendo mais espaço de acesso para ser popularizado. Principalmente na TV aberta, que fora grande divulgadora do cinema dublado.
As grandes casas
Alguns grandes estúdios aproveitaram a situação e cresceram em cima, assim surgindo uma larga produção que permanece ainda hoje com alguns dos melhores trabalhos na área do mundo todo – particularmente o melhor trabalho é o nosso, com japoneses e italianos citados aqui e acolá. A nossa dublagem abraça tudo. Não interessa estilo ou cultura, o esquema aqui é no completo.
Entre os grandes estúdios históricos temos o Álamo (São Paulo, 1972 – 2011), criado por Michael Stoll, ex-técnico de som da Vera Cruz. Com os filmes O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), Rambo IV (John Rambo, 2008), Jurassic Park - Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993) e algumas séries tais quais Jaspion, Kamen Rider Black RX (1988-1989), Jiraiya o incrível Ninja (1988-1989), O Mundo de Beakman (Beakman's World´1992-1998), Lost (2004-2010), Dr House (House, M.D., 2004-2012).
Dublavídeo (São Paulo, 1990) com as fitas A Rede Social (Social Network, 2010), Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012), X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), Operação Invasão (Serbuan maut aka The Raid, 2011), Karatê Kid - A Hora da Verdade (Karatê Kid, 1984) – Redublagem.
Delart, Delart Estúdios Cinematográficos (Rio de Janeiro, 1985), fundada por Carlos De La Riva. Com estes materiais entre outros tantos: Protetor 2 (The Equalizer 2, 2018), Deadpool 2 (2018), Blade Runner 2049 (2017), Alien: Covenant (2017), Fragmentado (Split, 2017), John Wick Um Novo Dia para Matar (John Wick: Chapter 2, 2017), Os Incríveis (The Incredibles, 2004), Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990).
BKS (Bodham Kostiw Studios, São Paulo, 1975), antiga AIC, São Paulo. Filmes: Conan - O Destruidor (Conan The Destroyer, 1984), Cyborg, O Dragão do Futuro (Cyborg, 1990), Mestres do Universo (Masters of The Universe, 1987), Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blues Brothers, 1980), Videodrome: A Síndrome do Vídeo (Videodrome, 1983).
Mastersound (São Paulo, 1990-2009), criado por Alberto Elias. O Professor Aloprado (The Nutty Professor, 1996) – redublagem para Rede Globo, Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility, 1995), A Máscara do Zorro (The Mask of Zorro, 1998), Madeline (1998), Código Para O Inferno (Mercury Rising, 1998), Espelhos do Medo (Mirrors, 2008), Jumanji (1995), Vôo United 93 (United 93, 1996), Mr. Bean: O Filme (Bean, 1997), Os Miseráveis (Les Misérables, 1998), Eu Sei O Quê Vocês Fizeram no Verão Passado (I Know What You Did Last Summer, 1997) e Viagem Maldita (The Hills Have Eyes, 2006).
VTI Rio (1984-2008), criado por Victor Berbara. O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (The Terminator 2: Judgment Day, 1991) – Dublagem Original, Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and The Last Crusade, 1989) – Dublagem Original, O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998), Os Intocáveis (The Untouchables, 1987), Ghost: Do Outro Lado da Vida (Ghost, 1990), O Poderoso Chefão: Parte III (The Godfather Part III, 1990) – Dublagem Original, O Predador (The Predator, 1987), O Rapto do Menino Dourado (The Golden Child, 1986), Aliens, O Resgate (Aliens, 1986), A Família Addams (Addams Family, 1991), Top Gang 2! A Missão (Hot Shots! Part Deux, 1993).
Herbert Richers (Herbert Richers S.A., 1954-2009), criado pelo empresário Herbert Richers (1923-2009) foi o estúdio de dublagem mais tradicional do país chegando a ter 70% do material dublado do país. Entre seu imenso acervo temos alguns clássicos materiais. Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), Rocky: Um Lutador (Rocky, 1976), Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, 1980), Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, 1982), Máquina Mortífera (Lethal Weapon, 1987), Brinquedo Assassino (Child's Play, 1988), Mad Max (1979), Mad Max 2: A Caçada Continua (Mad Max 2: The Road Warrior, 1981), Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão (Mad Max Beyond Thunderdome, 1985), Exorcista (The Exorcist, 1973), O Monstro que Veio do Mar (The Intruder Within, 1981), A Volta dos Mortos Vivos (The Return of the Living Dead, 1985), Blade Runner: O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982), Braddock: O Super Comando (Missing in Action, 1984), Comando Para Matar (Commando, 1985).
Os mestres vocais
Como não poderia faltar, explicito aqui a imensa qualidade dos nossos dubladores, que adaptavam as culturas de outrem ao nosso idioma com maestria de forma montar, com sagacidade, esta amálgama de culturas. Buscando equilibrar as formas e manter o negócio sem palavrões – esta última parte infeliz já se foi, já que hoje a dublagem se libertou dessa amarra conservadora – afinal eram filmes para serem exibidos em TV Aberta em diversos horários. O esquema Sessão da Tarde da Rede Globo incluso, de alta importância para a formação cinéfila. O que é invocado perceber que diabos de conservadorismo é este que permitia a violência desmedida, e maravilhosa, de exemplares fodas tais quais o já citado Predador (1987), Robocop - O Policial do Futuro (1987), Stallone Cobra (Cobra, 1986), entre outros, enquanto coibia a linguagem chula. A seguir alguns dos melhores figuras do trabalho.
Entre os grandes monstros sagrados que participaram do processo está Orlando Drummond (1919) conhecido por papéis como Scooby Doo, Alf: O Eteimoso, Popeye e o Vingador da série animada Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons, 1983-1985).
Newton Marin da Matta (1936-2006), responsável por diversos trabalhos fazendo os tons do Dustin Hoffman (dublador oficial do próprio), Mel Gibson, Terence Stamp, Andy Garcia, Martin Sheen, Richard Chamberlain, Warren Beatty e por ser a voz inconfundível do astro Bruce Willis como, também, a voz oficial do cara. Entre os trabalhos destacam-se a trilogia Duro de Matar (Die Hard, 1988-1995), 12 Macacos (12 Monkeys, 1995) O Quinto Elemento, The Fifth Element, 1997), Pulp Fiction - Tempo de violência (Pulp Fiction, 1994), Sin City - A Cidade do Pecado (Sin City,, 2005), Corpo Fechado (Unbreakble, 2000), O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999), Vida Bandida (Bandits, 2001) e Armageddon (1998). Criou um tom de excelência que une o humor seco com a violência dos filmes do Willis com absoluta naturalidade. Daqueles exemplos que a voz dublada é mais lembrada que a do próprio ator. Absolutamente reconhecível. Um grande mestre.
Guilherme Neves Briggs (1970), aqui um dos mais atuantes dubladores – e diretor de dublagem – que temos, dono um talento foda para unir humor e urgência aos tons graves de sua voz. Entre os principais trabalhos destacam-se o Clark Kent/Superman do Henry Cavill, assim como nas séries animadas. Optimus Prime na saga Transformers (2007-2018), o magistral trabalho em Freakazoide (1995-1997), vários filmes de gente do gabarito de Denzel Washington, Dwayne "The Rock" Johnson, Jean-Claude Van Damme, Jim Carrey, Owen Wilson, Harrison Ford e o impagável Buzz Lightyear em toda a saga Toy Story (1995-2019).
Miriam Ficher Zonenschein (1964), dubladora e diretora de dublagem. Fizera Angelina Jolie em 60 Segundos (Sixth Seconds, 2000), Sr. & Sra. Smith (2004), Alexandre (2004), Capitão Sky e o Mundo de Amanhã (Sky Captain and the World of Tomorrow, 2004), O Procurado (Wanted, 2008), Gia - Fama e Destruição (Gia, 1998). Entre várias outras, Brooke Shields, Cameron Diaz, Carla Gugino, Cate Blanchett e Nicole Kidman.
Selma Lopes (Maria Lopes Gonçalves,1928), uma das mais conhecidas vozes da dublagem brasileira, com trabalho na voz da Whoopi Goldberg em A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985), Ghost - do Outro Lado da Vida (Ghost, 1990), Mudança de Hábito (Sister Act, 1992), Mudança de Hábito 2 Sister Act 2, 1993), Elizabeth Wilson, Rosemary Harris, Bette Davis e Sigourney Weaver. E a eterna voz da Marge Simpson da saga de animação Os Simpsons (1ª a 4° episódio da 8ª temporada e 14° temporada em diante).
Waldyr Sant'anna (1936-2018), um dos mais tradicionais dubladores fez trabalhos na voz para os personagens do ator Eddie Murphy, em filmes como Trocando as Bolas (Trading Places, 1983), Um Tira da Pesada II (Beverly Hills Cop II, 1987) e Um Príncipe em Nova Iorque (Coming to America, 1988). Thomas B. Kin Chong, o Chong, dos filmes Cheech & Chong. Porém seu maior trabalho fora como o primeiro, e maior, dublador do Homer Simpson da genial animação Os Simpsons (temporadas 1 a 7, e temporadas 15 ao 9º episódio da 18).
Cecília Lemes De Bortoli (1960). Dubladora de cinema e de séries de personagem absolutamente querida no país. Meg Ryan em Cidade dos Anjos (City of Angels, 1998 - VHS) e Mensagem para Você (You've Got Mail, 1998 - VHS), Julianne Moore em As Horas (The Hours, 2002) e Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, 2008). A personagem citada no início do parágrafo é a inesquecível Chiquinha de María Antonieta de las Nieves da série Chaves (El Chavo del Ocho, 1971-1980), até hoje exibida no Brasil.
Márcio Roberto Seixas (1945), outro monstro responsável pela voz do Clint Eastwood nos mais diversos trabalhos como Perseguidor Implacável (Dirty Harry, 1971), Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004), Gran Torino (2008), entre outros, assim tornando-se o principal dublador do ator. Fez trabalhos também com personagens do James Garner, Charlton Heston, Morgan Freeman, Christopher Walken, Leslie Nielsen e vários mais. Mas seu trabalho mais proeminentemente conhecido e elogiado fora com o Batman/Bruce Wayne em várias séries animadas, algumas delas seriam: Batman: A Série Animada (Batman Animated Series, 1992-1995), Liga da Justiça (Justice League, 2001-2004), Super-Choque (2000-2004), Liga da Justiça Sem Limites (Justice League Unlimited, 2004-2006), a espetacular animação da série em quadrinhos mais clássica do personagem dividida em duas partes Cavaleiro das Trevas (Batman: The Dark Knight Returns) 1 (2012) e 2 (2013) e em jogos como o Injustice 2 (2017). Com este personagem ele estabelece uma excelente relação contraditória dos tons de voz entre Batman e Bruce Wayne, diferenciando-os entre o sério morcegão e a atuação como bom vivant de Bruce Wayne. Márcio é um grande defensor da classe e sempre estivera à frente em diversas lutas da categoria e ainda oferece cursos e apreciações diversas acerca do seu ofício.
André Filho (1946-1997), entre os trabalhos notáveis destaca-se o trabalho com Christopher Reeve na dublagem original da saga Superman (1978-1985), vários trabalhos fazendo o Sean Connery entre os quais Highlander - O Guerreiro Imortal Highlander (1986 - dublagem original), Highlander II: A Ressurreição (Highlander II, 1990 - dublagem original), Os Intocáveis (The Untouchables, 1987). Mais lembrado por ser durante anos o principal dublador do Sylvester Stallone na trilogia Rambo (1981-1988), trilogia Rocky (1976-1983) e, principalmente, na cultuada dublagem do marco da ação escrota Stallone Cobra (Cobra, 1986), que oportunizaria frases célebres tais quais “Você é uma doença e eu sou a cura”, e a absurdamente eloquente “Você é um cocô", entre várias outras frases feitas devidamente representadas por um mestre.
Para substituir o André acima citado na dublagem do Stallone temos outro cara foda, o Luiz Feier Motta (1961), que além de ser o dublador oficial do Sly dos anos 90 em diante, dublaria Steven Seagal em vários trabalhos, Ron Perlman no Hellboy (2004), Morgan Freeman no Impacto Profundo (Deep Impact, 1998) e Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004), entre outros. Responsável também por narrações e locuções dos filmes que participa.
Garcia Júnior (1967), dublador consagrado que entre seus trabalhos incluem a voz do Harrison Ford em Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca (The Empire Strikes Back, 1980 - dublagem original), Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982) e Blade Runner 2049. Dublou outros grandes atores como Denzel Washington, Kurt Russel e, majoritariamente, é conhecido por ser o dublador oficial do astro austríaco Arnold Schwarzenegger. Para este gigante fizera trabalhos como Comando Para Matar (Commando, 1985), Conan, o Bárbaro (Conan, 1982), Fim dos Dias (End of Days, 1999), O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final (The Terminator 2: The Judgment Day, 1991 - Globo e DVD), O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas (Termimator 3: Rise Of The Machines), O Predador (Predator, 1987), entre muitos outros. Ajudando também a trazer para o português frases célebres como a piada “Não desgruda daí” do Arnold em O Predador.
Flávia Fernandes Saddy (1978). Diretora de dublagem e dubladora. Dubla Gal Gadot como Mulher-Maravilha em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016) e Mulher-Maravilha (Wonder-Woman, 2017). Marisa Tomei, Alicia Silverstone, Elisabeth Shue, Ariana Richards e Natalie Portman são outros trabalhos.
Maria Helena Pader y Terry (1947) é uma atriz, dubladora, radialista e locutora brasileira, das mais experientes e talentosas. Entre seus grandes trabalhos temos ela dublando a Fran da série Família Dinossauro (Dinosaurs, 1991-1994), a voz da atriz Anjelica Huston em vários materiais e a Cruella De Vil da grande Glenn Close nos filmes 101 Dálmatas - O Filme (101 Dalmatians, 1996) e 102 Dálmatas (102 Dalmatians, 2000).
Alonguei o suficiente este texto em respeito ao maravilhoso trabalho desta turma que fica por trás das telas e muitas vezes não recebe o devido respaldo. Ficaram ainda de fora vários nomes e muitos estúdios que se dedicaram ao usufruto do nosso idioma para divulgar o cinema no país. Há quem prefira o idioma original das obras por várias questões, das quais a qualidade do som, onde a dublagem originalmente propunha um aumento de decibéis acima do resto do filme por conta da operação nos próprios estúdios impondo o entendimento da trama pelo nosso idioma. Algo, aliás, corrigido há muito tempo. Mesmo assim o trabalho era feito de maneira sagaz fazendo com que um número imenso de filmes fossem quase tão marcantes dublados quanto nos idiomas originais. Não somente pelo som em si, mas pelo encaixe do idioma à trama se metamorfoseando à culturas outras. Por estas responsabilidades e qualidades a dublagem brasileira deve ser respeitada. Aquém dos garotões que clamam cinefilia somente nos idiomas originais, onde, provavelmente esqueceram onde conheceram o cinema. Demagogia aqui não se cria.
Para quem se interessar em aprofundar seu conhecimento sobre o vasto número de grandes dubladores e dubladoras do Brasil, indico uma das minhas fontes para este texto. O site Dublagem Wiki. Nele existem diversas biografias e fichas dos mais variados artistas. Vamos reverenciar estes grandes artistas. Há também o fórum Dublanet que contém as mais variadas fichas completas de dublagem dos filmes. Confiram. Arrochem. Aloprem.
Artigo maravilhoso, parabéns pela pesquisa. Só senti falta de um parágrafo pro Márcio Simões, outro dos grandes.
Beleza mestre, valeu demais. Pois é bicho, fiz algumas escolhas. O Simões é foda, faltaram vários, Alexandre Moreno, Isaac Bardavid, Mauro Ramos Jorge Lucas... Nessa labuta temos o que há de melhor.