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Artigos

Festival do Rio - Comentários (Parte III)

Chevrolet Azul (Blue Caprice, 2013) de Alexandre Moors

Por Pedro Tavares

Alexandre Moors, artista plástico em primeira incursão no cinema faz de Chevrolet Azul um filme que não exige, mas que merece o caráter observacional. A natureza do mal através do abandono familiar e da injustiça - idolatrada por seus protagonistas, que respondem à altura e reforçam o pensamento que muitos filmes do Festival do Rio abordaram - o valor da base para uma sociedade segura. Aqui, há a noção de causa e efeito. Por outro lado, há a lobotomia. A violência como saída e eixo para o protesto, visto que é dela a total atenção de veículos midiáticos.

 

  Educação Sentimental (idem, 2013), de Júlio Bressane

Por Daniel Dalpizzolo

A mulher fala; o rapaz, jovem e introvertido, escuta calado. No novo filme de Júlio Bressane, em um longo monólogo encenado deliciosamente em tom over debochado, o veterano cineasta brasileiro desafia a educação sentimental do espectador do novo século e questiona a sensibilidade com a qual se dedica à leitura das obras de arte, seja no cinema, na literatura ou outros campos. Ela declama poesia, dança passos esquizofrênicos, esfrega rolos de película na lente da câmera em surtos à Norma Desmond, discursa sobre o anacrônico e o moderno, o cinema de ontem e hoje, sobre mitologia e literatura, sexo e prazer; e é de seu corpo e da sua voz que Bressane extrai um dos filmes mais prazerosos deste Festival, numa caracterização impecável de Josie Antello.

 

Feio, Eu? (idem, 2013), de Helena Ignez

Por Bernardo Brum

Se por um lado é louvável a atitude de Helena Ignez de persistir fazendo filmes, em sua condição de ícone do nosso cinema, Feio, Eu?, apresentado no Odeon em conjunto com o curta O Poder dos Afetos, também dirigido pela mesma, não faz muito para fugir do paradigma do cinema marginal. O que era inédito e revolucionário há quarenta anos arás hoje é de uma estranheza datada, uma anarquia controlada que oscila bons momentos com provocações já inofensivas que acabam tornando-se repetitivas. Se é que dá pra chamar assim, é um marginal de situação.

 

Our Sunhi (U ri Sunhi, 2013) de Hong Sang-Soo

Por Pedro Tavares

A criatividade de Hong Sang-Soo para fazer filmes sobre cinema, amor e cerveja parece não ter fim. E este parece ser o seu ápice, entrelaçando muito bem a falácia comum de seus filmes com o paralelo bem humorado sobre a crise envolvendo o cinema, desde os cursos até a compreensão de filmes através da figura de Sunhi, garota capaz de levar homens do céu ao inferno em poucos segundos. Assim como a matéria-prima de Soo.

 

Por que Você Não vai Brincar no Inferno? (Jigoku de Naze Warui, 2013) de Sion Sono

Por Pedro Tavares

Não há palavras para definir o que Por que Você Não Vai Brincar no Inferno? se propõe. Pois é necessária certa familiaridade com a filmografia de Sion Sono (Culpada por Romance, Suicide Club) para traçar paralelos com a forma desencontrada de sua obra com o centro - neste caso, o cinema. E qualquer parecer sobre "fios soltos" serve para a glória do diretor. Como o próprio diz, o realismo morreu. Sobrou o artifício. E é dele que surge a fonte para tantas saídas criativas, para o humor anárquico e, claro a homenagem-paródia às convenções do cinema japonês pela ótica do ocidente - máfia, tradições, honra, artes marciais e humor.

 

Rock The Casbah (Rock Ba-Casba, 2012)

Por Bernardo Brum

Infelizmente, esse filme israelense pouco tem a oferecer em alguma abordagem nova ao conflito Israel x Palestina, que após filmes e mais filmes, começa a tornar-se cada vez mais desgastado. A história de um grupo de soldados israelenses que vigiam uma casa específica na Faixa de Gaza, após um dos soldados ser morto pela população revoltosa, é filmada de maneira genérica, pretensamente moderna com as câmeras que sacodem e em uma exposição limitada do conflito e como ele afeta intimamente cada indivíduo, em uma visão estereotipada que pouco difere ou questiona. Apesar de alguns momentos tensos, ainda é muito pouco.

Comentários (4)

Alexandre Koball | sexta-feira, 18 de Outubro de 2013 - 18:06

Nunca chegarão ao circuito comercial.

Daniel Dalpizzolo | sexta-feira, 18 de Outubro de 2013 - 19:20

educação sentimental tá marcado pra novembro e depois da recepção no festival do rio tenho quase certeza que blue caprice e our sunhi ganham distribuidores no brasil se já não tiverem (o outro do hong song-soo que passou no festival, a filha de ninguém, já tem data de estreia pra dezembro também, então creio que devam estrear our sunhi ano que vem).

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