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Crítica de filme: Maverick


Inspirado na série em preto e branco da década de 1950, o brilhante William Goldman (Butch Cassidy) adaptou o roteiro de Maverick para o cinema na década de 1990. Divertida e cheia de ação direta, a história envolve as tentativas de Bret Maverick (Mel Gibson), Annabelle Bransford (Jodie Foster) e Zane Cooper (James Garner) — o Maverick original do seriado — no velho oeste americano para chegar a um grande jogo de poker em Saint Louis, em que a taxa de inscrição é de US$ 25 mil e a premiação para o campeão é de US$ 500 mil.

Um dos pontos altos é ver atores consagrados como os citados acima, além de James Coburn, Danny Glover, Alfred Molina e Graham Greene sendo dirigidos com solidez pelo diretor Richard Donner (Máquina Mortífera). Donner trabalhou com Gibson (e Glover) em Máquina Mortífera, e para celebrar esta parceria foi dada a oportunidade de Glover fazer uma pequena participação no enredo.

Gibson está muito bem na pele de Maverick. Além das expressões faciais e boas tiradas, ele interpretou o sotaque genuíno da época com muita propriedade, e Donner soube tirar o seu melhor na comédia — há um divertido momento de reconhecimento (e ironia) entre Gibson e o ladrão de bancos, interpretado por Glover. Maverick apresenta algumas lutas, mas os embates chegam a não ser muito intensos. O filme é basicamente leve e Donner utiliza de várias sátiras ao longo dos 127 minutos do longa.

Foster também desempenha ótimo papel na pele da bela Bransford, que usa muito bem suas artimanhas femininas para conseguir o quer na trama — principalmente na mesa de poker. As cenas do esporte são muito bem conduzidas no longa — especialmente confinadas a abertura e fim do filme.

Na época, Foster dedicou a boa performance ao diretor Donner. “Com Donner, você tem a sensação de que é casual, e ele sabe que está fazendo melhor do que qualquer um com quem eu já trabalhei”, disse ela.

Dos coadjuvantes, um dos desempenhos mais fantásticos do filme é de Alfred Molina, que interpreta o personagem Angel. Ele consegue dar um ar assustador ao personagem sem ser demonstração de força. Entretanto, seu personagem não é muito bem explorado. Greene, que interpreta cômico índio americano, também é outro que merece importante menção aqui.

O que também chama a atenção no longa é o figurino e a fotografia. Em 1995, April Ferrey, figurinista de Maverick, concorreu ao Oscar do gênero. E é interessante notar como o figurino dos jogadores de poker era naquela época. Atualmente, além do terno, os profissionais possuem um código de vestimenta, e muitas delas fazem parte da estratégia, como a utilização do capuz e dos óculos escuros, por exemplo.

Já Vilmos Zsigmond (O Franco Atirador), diretor de fotografia, consegue mostrar um excelente ambiente western no sudoeste americano. Os principais locais de filmagem foram: Parque Nacional Glen (Canyon de Utah); El Mirage e Lone Pine (Califórnia); Columbia River Gorge (Oregon) e Lake Powell (Arizona).

Maverick exibe grandes sequências de ação, tem boas tomadas de poker, apresenta toque de humor inteligente, há performances sólidas de atores experientes e o roteiro não exige muito exercício mental, porém, há lacunas no mesmo para alguns personagens, e talvez pouco mais de duas horas para o filme seja exagerado. O próprio Donner reconhecia na época que o filme não poderia se alongar muito. “Este filme não deve durar mais de duas horas. É entretenimento. Não estamos tentando atualizar o nível intelectual de ninguém”, resumiu ele.

O fato é que uma das melhores coisas de Maverick é que você não precisa estar familiarizado com a série de televisão para aproveitar o filme. Além disso, a grande força de Maverick é a facilidade com que ele muda de comédia para ação e vice-versa. Vale a pena assistir.

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